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terça-feira, outubro 25, 2016

O insólito




O insólito
a Sul de Santiago cruzei-me na estrada com este grupo que trotava, compenetrado, não sei para onde.
Ainda parei, atónito, mas não podia protestar já que circulavam dentro da sua faixa de rodagem e nem sequer iam em excesso de velocidade.
Como a estrada estava deserta não cheguei a perceber se tinham forma de fazer pisca quando estivessem para ultrapassar.

segunda-feira, novembro 24, 2014

CURRICULO IMPRESSIONANTE

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(compilado pelo jornal Expresso 23.11.4014)
As sombras de Sócrates
O nome do ex-primeiro-ministro esteve envolto durante muitos anos em processos de corrupção, mas nunca foi oficialmente suspeito de nada. Até agora.
A primeira vez que José Sócrates foi denunciado por corrupção foi em 1997, há 17 anos. Longe ainda de se tornar líder do Partido Socialista e ganhar as eleições legislativas, o político estreara-se num governo socialista em 1995, assumindo o cargo de secretário de Estado do Ambiente no executivo de António Guterres. Só muito mais tarde surgiram os casos mais conhecidos e polémicos: o Freeport em 2005, que coincidiu com sua ascensão a primeiro-ministro, e, em 2007, o processo da conclusão da sua licenciatura em engenharia civil na Universidade Independente. Em nenhum deles, no entanto, foi constituído arguido.
Cova da Beira. É a história mais antiga a envolver o nome de José Sócrates num alegado esquema de corrupção e está relacionada com a Covilhã, a terra onde cresceu e começou a sua vida profissional. As quatro cartas enviadas à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Judiciária entre 1997 e 1998 eram bastante detalhadas. Diziam que Sócrates teria recebido 150 mil contos (750 mil euros) em "luvas" por causa do concurso público para a construção do aterro sanitário promovido pela associação de municípios da Cova da Beira (de que faz parte a Covilhã). Teria sido ele, segundo as denúncias, a nomear a equipa técnica que escolheu o vencedor.
A investigação demorou dois anos a arrancar e, uma década depois, em 2007, acabaram por ser acusadas três pessoas: Horácio Luís de Carvalho, dono da empresa, a HLC, que ganhou o concurso público, pelo crime de corrupção ativa; António José Morais, engenheiro e professor universitário, dono da empresa AS&M, responsável pela análise das propostas a concurso, pelo crime de corrupção passiva; Ana Simões, sócia de Morais e sua mulher à data dos factos, pelo mesmo crime. Os três foram absolvidos em Janeiro de 2013, apesar de o Ministério Público ter recolhido provas de transferências de 58 mil euros de uma conta offshore de Horácio Luís de Carvalho para uma offshore do casal, ambas na ilha de Jersey. A Polícia Judiciária ainda tentou fazer buscas, no início da investigação, à casa de Sócrates, mas o procurador titular do caso achou que eram descabidas.
O ex-primeiro foi, de qualquer forma, ouvido por escrito como testemunha durante a fase de julgamento, negando qualquer envolvimento no concurso. Embora não tivesse sido acusado, Carlos Santos Silva, amigo de longa data de Sócrates e detido esta semana por crimes em que estão os dois implicados, esteve também ligado ao caso Cova da Beira. O seu nome surgia nas denúncias como uma pessoa muito próxima do então secretário de Estado do Ambiente, sendo que era sócio de Horácio Luís de Carvalho numa empresa chamada Conegil, que por sua vez fazia parte do consórcio da HLC que ganhou a adjudicação do aterro.
Licenciatura. Um blogue esteve na origem da divulgação do caso, em março de 2007. Aparentemente, José Sócrates teria obtido o grau de engenheiro civil concluindo a licenciatura na Universidade Independente de forma irregular, em 1996. Quatro das cinco cadeiras feitas naquela instituição tinham sido ministradas por António José Morais, o engenheiro acusado de corrupção no caso Cova da Beira. E os monitores das cadeiras estavam todos eles igualmente envolvidos no concurso público da Cova da Beira, trabalhando como consultores para a empresa de Morais e ajudando-o a escolher tecnicamente qual a melhor proposta.
Nesse mesmo ano, Morais foi nomeado diretor do Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do Ministério da Administração Interna por Armando Vara, amigo e colega de governo de José Sócrates. E viria a atribuir uma série de trabalhos de fiscalização de obras ao arquitecto Fernando Pinto de Sousa, pai de Sócrates.
Quanto à quinta cadeira, de Inglês Técnico, foi dada pelo próprio reitor da universidade, Luís Arouca, com o exame a ser realizado a um domingo, à mesa de um restaurante. O Ministério Público abriu um inquérito-crime mas arquivou-o logo a seguir, passado dias, alegando que não se provava o eventual crime em causa: falsificação de documento (neste caso, do certificado de habilitações).
Ainda assim, um conjunto de 16 escutas que constavam de um processo-crime relacionado com a gestão da Universidade Independente acabaram por ser divulgadas mais tarde pelo Correio da Manhã. Eram conversas entre Arouca e José Sócrates, gravadas em março de 2007, em que o então primeiro-ministro pedia ao reitor para que não revelasse a um jornalista do Público os nomes dos seus professores.
Freeport. Foi o mais mediático dos processos que envolveram Sócrates. Tornou-se do conhecimento público mal o inquérito-crime foi aberto, em plena campanha eleitoral, quando José Sócrates concorreu pela primeira vez a primeiro-ministro, em 2005, contra Santana Lopes. O enredo envolvia a aprovação ambiental do projecto de outlet Freeport, em Alcochete, numa zona de proteção especial, em 2002, no final do segundo governo de Guterres, quando Sócrates ainda era ministro do Ambiente.
Numa primeira fase, até 2007, o que saiu na imprensa foi contraditório. Sócrates aparecia como suspeito, mas soube-se que a denúncia envolveu um assessor de Santana Lopes, Miguel Almeida, o que retirou credibilidade à tese de que o então ministro teria recebido 500 mil contos em ´luvas'. O caso seria relançado nos media em 2009, quando a TVI divulgou um vídeo clandestino que constava de um processo paralelo em Londres e em que uma das figuras-chave na aprovação ambiental do outlet, o consultor inglês Charles Smith, admitia terem sido pagas luvas ao político, explicando que isso teria sido feito através de um primo.
Apesar de não poder ser admitido como prova em Portugal, o vídeo catapultou a investigação ao caso. A Procuradoria-Geral da República resolveu transferir o processo do Ministério Público do Montijo para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e destacou dois procuradores para trabalharem a tempo inteiro com a Polícia Judiciária de Setúbal.
Mas no fim o que veio a dominar o processo foi a forma intempestiva como terminou o inquérito, no verão de 2010, com um despacho que incluía 27 perguntas que ficaram por fazer a Sócrates, por falta de tempo. O então ainda primeiro-ministro, já no seu segundo mandato, constara sempre como suspeito não oficial, mas nunca foi constituído arguido ou ouvido sequer como testemunha. Dois consultores, Charles Smith (o homem do vídeo) e Manuel Pedro, foram acusados do crime de extorsão. A tese oficial passou a considerar que, afinal, não tinha havido corrupção. A história teria sido inventada pelos intermediários para poderem receber mais dinheiro do grupo Freeport. Os dois foram a julgamento e o tribunal absolveu-os em 2012, dez anos depois dos acontecimentos.

Face Oculta. Foi o seu último escândalo e rebentou depois de ter sido reeleito em 2009. Alegadamente, José Sócrates terá tentado controlar a TVI, uma estação de televisão que lhe era bastante crítica, e esse controlo passava por a Portugal Telecom comprar a posição dominante no capital social detida pelo grupo espanhol Prisa (dono do jornal El País). Isso não chegou a concretizar-se, mas aconteceram alguns movimentos de bastidores e o Ministério Público chegou a propor um inquérito-crime para apurar se tinha ocorrido um crime de atentado contra o direito de Estado.
O caso surgiu de forma fortuita. A investigação a uma rede de corrupção e tráfico de influência com epicentro em Aveiro, tendo como protagonista um industrial de sucata, Manuel Godinho, envolveu escutas a Armando Vara (amigo de Sócrates e então vice-presidente do Millennium BCP) e a Paulo Penedos, consultor jurídico da Portugal Telecom. Essas escutas, que incluíam conversas entre Vara e Sócrates, levaram o coordenador da PJ Teófilo Santiago e os procuradores João Marques Vidal e Carlos Filipe, em Aveiro, a extrair uma certidão em Junho de 2009 para abrir um processo-crime autónomo. O que se seguiu foi uma sucessão controversa de decisões. O procurador-geral da República, na altura Fernando Pinto Monteiro, enviou as escutas entre Vara e Sócrates para o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, mas Noronha do Nascimento não as validou, mandando-as destruir. O PGR optou por não abrir um inquérito-crime e, para evitar a consulta dos factos por terceiros, fez um arquivamento administrativo, uma figura até então desconhecida e cuja legalidade foi posta em causa por muitos juristas.
No fim, e depois de fazer correr muita tinta nos jornais, o assunto já tinha deixado de ser sobre se Sócrates tinha ou não cometido um crime, mas sobre a forma como a Justiça se comporta perante alguém como um primeiro-ministro.

sábado, outubro 18, 2014

quinta-feira, outubro 03, 2013

O bas-fond do regime.

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O bas-fond do regime.
Deram cabo da primeira República 
e preparam-se para fazer o mesmo a esta.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Tudo bons rapazes

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António Neto da Silva, um dos fundadores da loja maçónica Mozart, afirma, em entrevista exclusiva ao PÚBLICO, que a loja e Jorge Silva Carvalho são alvos colaterais de uma ofensiva contra a Ongoing.
O antigo secretário de Estado de Cavaco Silva entende que o “ataque contra a Mozart” e as “suspeitas” lançadas sobre um dos seus membros, Jorge Silva Carvalho, ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), servem um único propósito: “Destruir um determinado grupo económico.” 

O empresário e militante do PSD nota ainda que as recentes notícias sobre as ligações entre a Maçonaria, o poder político e os serviços de informação, traduzem uma “tentativa de dizer que a Maçonaria é toda boa, mas a Mozart é um conjunto de bandidos”.

Sublinhando que Jorge Silva Carvalho “não está acusado de nada”, Neto da Silva garante que não existem “irregularidades” na loja Mozart e que os seus elementos são “homens de bem”. Admite, contudo, que “na Maçonaria, como em qualquer organização humana, há sempre desvios”. 

“Há sempre pessoas que vão para lá com intenções que não eram as que nos convenceram a convidá-las”, afirma, assumindo que isso já aconteceu na Mozart. Mas esses membros, acrescentou, acabaram por participar em apenas uma ou duas reuniões e depois “adormeceram”. 



Público online, 13.01.2012 

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Maçonaria e "barrigas de aluguer"







Maçonaria e "barrigas de aluguer" são dois temas que têm estado na actualidade dos últimos dias e que acabam por ter a ver um com o outro.
De certa forma a Maçonaria é um partido, que não se revela nem sujeita aos votos, mas que realiza os seus fins através de outros partidos que funcionam como "barrigas de aluguer".
A questão não é portanto de saber se os maçons, enquanto cidadãos, têm o direito de intervir políticamente mas sim se respeitam o princípio da não filiação simultânea em mais do que um partido.
Uma organização como a Maçonaria, detentora de uma ideologia, de uma concepção do mundo (que se propõe transformar por meios políticos), de uma militância e de uma liturgia, em que é que se distingue de um partido?
Por que é que esse "partido" não enuncia públicamente os seus fins e objectivos e não pede ao povo que vote neles em vez de parasitar outras organizações para o efeito?

domingo, novembro 13, 2011

O que é que nós não estamos a perceber?



Alguma coisa está a falhar na grelha de análise que habitualmente aplicamos aos acontecimentos internacionais quando Berlusconi se transforma num símbolo da democracia em perigo. 
Não era ele que tinha sido eleito através da escandalosa manipulação dos media e escapado à justiça por via de sucessivas golpadas? 
Se é o "capitalismo internacional" o promotor do referido entorse à democracia na Itália, como na Grécia, é caso para perguntar se Berlusconi, e mesmo Papandreou, não são lídimos expoentes desse mesmo capitalismo.
Como se tudo isto não bastasse temos também os bancos portugueses a acusar o governo mais "neo-liberal" de todos os tempos de querer nacionalizá-los.
O que é que nós não estamos a perceber?

sexta-feira, novembro 04, 2011

A culpa é dos mercados

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Hoje em dia tornou-se comum invectivar os mercados; "estou careca e a culpa é dos mercados que, com a sua ganância de curto prazo, inviabilizararam a investigação contra a calvicie", "o meu cão mordeu no vizinho e a culpa é dos mercados que tornaram as rações demasiado caras e impossibilitaram a correcta alimentação do animal", etc, etc. Mas reduzir as causas dos nossos males aos mercados não leva a parte nenhuma, é uma explicação preguiçosa e que não explica nada. Até porque "os mercados" são um inimigo demasiado indefinido e deslocalizado.

sexta-feira, julho 29, 2011

Para dançar el tango son precisos dos



Ontem à noite tive uma experiência perturbante.
Resolvi ir ver uma exposição de fotografia em Lisboa.
Dirigi-me ao local, por sinal muito pouco frequentado, e procurei a sala que me interessava.
Dei com a porta fechada mas ouviam-se cá fora, distintamente, os acordes de um tango.
Depois de hesitar durante algum tempo, dado que àquela hora a exposição deveria estar aberta ao público, acabei por rodar a maçaneta e espreitar para o interior.
Acorreu uma mulher, que depois concluí ser a professora, e  informou-me do encerramento por estar uma aula em curso.
Realmente encontrava-se na espaçosa sala, onde o tango continuava a ecoar, uma outra pessoa que só poderia ser o aluno de uma aula individual.
Apesar de me parecer bizarra esta situação de encerrar uma exposição para usar a sala como pista de dança, tal estranheza passou de imediato para segundo plano. É que o aluno, com ar esfalfado e em mangas de camisa, era nem mais nem menos do que um dos principais banqueiros portugueses.
Voltei para casa a magicar acerca das motivações que podem levar uma pessoa daquelas, com todos os problemas que neste momento afectam os bancos portugueses, a receber aulas de tango.
É verdade que a Argentina é um case study por ter entrado em incumprimento das suas dívidas e, em consequência, ter passado por terríveis apertos. Mas aprender a dançar o tango parece-me uma via demasiado retorcida para exorcizar o mesmo destino.
Também é verdade que ainda há pouco tempo tínhamos um primeiro ministro que explicou a uma plateia madrilena, em castelhano técnico, que "para dançar el tango son precisos dos".
Só não consigo atinar com quem é que um banqueiro de meia idade, com problemas de liquidez, precisa de saber dançar.

quarta-feira, julho 20, 2011

Enigmas financeiros

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Portugal emitiu esta manhã 750 milhões de euros em dívida de curto prazo, através de bilhetes do tesouro. Tratou-se do valor mais baixo do montante indicativo que tinha sido apontado, entre 750 milhões e 1000 milhões de euros.
A colocação de dívida foi feita através de duas operações com bilhetes do tesouro, uma de 450 milhões a três meses, com uma taxa de juro de 4,982%, e outra a seis meses, no valor de 300 milhões e com uma taxa de juro de 4,96%.
 Expresso 20.06.2011




Isto faz uma certa confusão. 
Por que é que depois do acordo com a Troika, e do financiamento que ele garante, o Estado português continua a ir buscar dinheiro ao mercado ?
Por que é que as taxas de juro "no mercado" são inferiores às do empréstimo da Troika ?
Por que é que as taxas de juro destas emissões de dívida são muito mais baixas do que as taxas do mercado secundário, que ainda há pouco nos diziam ser superiores a 20% ?


Por outro lado:
Ainda há dias ouvi um comentário que garantia ser um bom negócio para o Estado português "recomprar" dívida emitida, que no mercado secundário é vendida com 20% de desconto, pois isso significaria a eliminação de uma dívida de 100 pagando apenas 80.
Parece evidente que valeria a pena pedir dinheiro a 5%, ou mesmo a 8%, para pagar dívida com desconto de 20%.
Por que é que tal não é feito?


Uma alma caridosa que me explique...

terça-feira, novembro 09, 2010

Notícia enigmática



Os funcionários públicos vão poder desvincular-se da ADSE. Esta possibilidade consta de um documento que foi enviado aos sindicatos da Função Pública e que estará em discussão na reunião marcada para a próxima sexta-feira no Ministério das Finanças.
A renúncia à qualidade de beneficiário da Direcção-Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE) pode, segundo o documento, ser feita em qualquer momento, e terá natureza definitiva, ainda que haja situações em que a reinscrição é admitida.
Jornal de Notícias, 09.11.2010

Esta é mais uma daquelas notícias incompreensíveis. Temos a sensação de que a verdadeira notícia é outra, que se esconde por trás desta fachada.
Por que carga de água havia um beneficiário da ADSE, o melhor e mais barato seguro de saúde existente em Portugal, abdicar de o ser?
Só se fôr porque o conjuge também é beneficiário e portanto o próprio é abrangido mesmo não efectuando qualquer desconto.
Qualquer funcionário do Estado, ou seu familiar, beneficia, na ADSE, de uma extensão do SNS que não está ao alcance da generalidade dos portugueses. Só um milhão e trezentos mil portugueses que usufruem desta situação excepcional.
Por isso a noticia que o povo aguarda ansiosamente é: "Governo dá a todos os portugueses a oportunidade de, voluntariamente, aderir à ADSE".

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segunda-feira, outubro 25, 2010

Prólogos do Apocalipse

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Onze pessoas aterrorizadas atiraram-se da janela de um segundo andar para fugir ao que pensavam ser o diabo. Na sequência da queda, sete ficaram feridas, três das quais crianças. Entre estas, um bebé de quatro meses acabou por morrer.

Tudo aconteceu sábado à noite em La Verrière, nos arredores de Paris, em França.

E o diabo era, afinal, o pai de uma das crianças.
Os resultados das primeiras investigações dão conta de que "13 pessoas estavam a ver televisão quando, por volta das 03.00 da manhã, um dos ocupantes do apartamento ouviu o filho a chorar", conta Odile Faivre.
A procuradora adjunta do Ministério Público de Versailles avança que o pai do bebé, totalmente nu e ainda algo ensonado, "se levantou para preparar o biberão" quando a mulher , ao vê-lo, terá gritado: "É o diabo, é o diabo!"

A cunhada do homem em causa feriu-o gravemente na mão com uma faca e expulsou-o do apartamento. Quando ele tentou entrar novamente em casa, "os outros ocupantes puseram-se em fuga, em pânico, e, com medo do diabo, saltaram pela janela".

A responsável do Ministério Público avançou, porém, existirem ainda muitos pontos obscuros na história. Mas, adianta, com base nas investigações feitas pela polícia, que "nenhuma sessão espírita foi realizada no apartamento e também não foi ali encontrada qualquer substância alucinogénica."

Diário de Notícias 24.10.2010

Sucedem-se os sinais de um apocalipse eminente.
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domingo, outubro 10, 2010

Diques de areia

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Desde o 25 de Abril que tem havido um aumento de interesse pela maçonaria?
Sim, duplicámos o número de maçons nos últimos dez anos. É natural que estejamos a crescer, mas não queremos muitos mais. Atenção que a maçonaria não é uma instituição de massas, como um partido político. Nós próprios não queremos ultrapassar um determinado número. Somos muito selectivos.
Como é feita essa selecção? Que tipo de pessoas procuram?
As elites académicas, culturais, políticas... As elites em geral. As pessoas não vêm directamente ter connosco. Em geral isso faz-se indirectamente, através de pessoas do GOL que já se conhecem. Determinado obreiro, "irmão" (termo maçónico), propõe uma pessoa das suas relações.
A maçonaria é reconhecida ainda hoje como ordem secreta. Apesar de vivermos num regime democrático, a maioria dos maçons não admite que o é. Porquê?
É a própria pessoa que pode, se assim quiser, comunicar que é maçon. Ninguém é obrigado a assumir-se, isso seria uma violação da liberdade de consciência. Ninguém tem de se declarar benfiquista ou sportinguista e portanto também não tem de se declarar maçon.
Manter a identidade maçónica em segredo é muito comum entre os magistrados. Nenhum se assume como maçon, mas há muitos magistrados que o são.
Existe um certo preconceito no poder judicial. Alguns magistrados não aceitam muito bem a maçonaria. E, com medo que a opinião publica os condene - baseada naquela ideia de que a maçonaria é como uma instituição tentacular, uma espécie de polvo, que controla as instituições de todos os poderes, o que é inteiramente falso - não o assumem. Isso pode criar desconfianças, suspeitas dentro do poder judicial relativamente à condição de maçon de determinado juiz ou procurador. Por isso a maioria prefere não revelar.
Como já disse, os maçons têm cargos preeminentes na sociedade, as suas decisões podem influenciar o futuro do país. É normal discutirem os problemas actuais e a melhor forma para os resolver?
Sim, tentamos dar o nosso contributo, tentamos formar os nossos membros para que consigam, dentro das actividades que exercem, resolver os problemas do país. Mas eu sou grão-mestre e não reúno aqui nem em lado nenhum com ministros, deputados e juízes que são maçons para lhes dar instruções sobre o que devem fazer no governo ou na magistratura. Algumas pessoas vivem obcecadas com essa ideia.
Há casos em que de recusa quando tentam recrutar para o GOL?
Sim, porque não têm interesse ou têm medo. Mas normalmente quando um maçon convida uma pessoa já sabe que existe uma certa probabilidade de ela aceitar. Primeiro há uma observação, conhecimento do carácter da pessoa, e logo depois é que se vê se essa pessoa tem apetência para este tipo de trabalho. Ser maçon exige uma apetência da própria pessoa para praticar aquilo a que chamamos uma espiritualidade laica, para uma reflexão sobre temas que têm a ver com o sentido da existência, o sentido da vida, sem terem de passar pelo crivo religioso. A maçonaria está acima das divisões religiosas e político-partidárias.

António Reis, grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) ao jornal I, 09.10.2010
 

Qualquer grupo de pessoas, unidas por uma crença de verificação impossível, ligadas por códigos de fidelidade apertados, pode obter resultados surpreendentes e muito acima da sua representatividade ou peso relativo.
Esta tese tem sido demonstrada, pela vida, vezes sem conta.
Assim se explica, por exemplo, como uma célula partidária composta por uma dúzia de militantes consegue controlar e determinar a comissão de trabalhadores numa empresa com centenas de empregados ideológicamente distanciados.
As células dos partidos comunistas usaram esse método por todo o lado, através das suas disciplinadas reuniões de planeamento e distribuição de tarefas, com  enorme eficácia.

A maçonaria aplica o mesmo método, mas num plano mais elitista, apostando na colocação de “pedras” em lugares chave da comunicação, da administração e dos orgãos de poder.
Nada de novo, portanto.

Quando, em certas raras circunstâncias, esta questão invade o espaço público é comum ouvir vozes que verberam as distorções da democracia que tais métodos podem acarretar, já que os cidadãos “organizados” dispõem de uma capacidade de intervenção social que não está ao alcance do cidadão comum, por norma isolado.
Mas essa é apenas uma faceta do problema.
Há porventura consequências mais graves resultantes do funcionamento de grupos institucionalizados que, no seu interior, proporcionam aos seus membros uma sensação de impunidade, ou superioridade, que os limita na capacidade de compreender os “gentios” e de olhar para a sociedade como um organismo vivo com a sua genética e o seu determinismo natural.
Ideais que seriam salutares e desejáveis quando exercidos por cada um dos cidadãos, na sua intervenção cívica, podem converter-se em pesadelos quando vigoram no seio de grupos institucionalizados que se auto-delimitam do exterior. Todos os defeitos do clubismo e do fanatismo, tão óbvios e tão ridicularizados no futebol, encontram terreno fértil mesmo que adoptem práticas mais sofisticadas.
As crenças comuns desses grupos tendem a ser sobrevalorizadas ao ponto de a realidade passar a constituir um empecilho das engenharias sociais.

Há sem dúvida uma contradição insanável entre o vanguardismo necessário ao progresso social e a democraticidade das opções e decisões. Mas existe também uma contradição entre o vanguardismo e os ritmos e modos passíveis de ser realizados num dado contexto histórico e numa dada situação sócio-cultural.
É muito fácil cair-se na luta pela conquista de posições de poder, a todo o custo, sem fazer o esforço necessário para compreender certas dinâmicas inelutáveis no âmbito económico e cultural. Como se a bondade das intenções, e a superioridade moral das soluções, bastassem para garantir o sucesso.

A história da primeira República, tão invocada nos últimos dias, é um bom exemplo desse erro. O mesmo poderá ser dito da revolução de Outubro e da URSS.
A República actual, em Portugal, parece estar a seguir o mesmo padrão. Não há ideais, por mais justos que sejam, que resistam à decadência económica e ao desmoronamento das instituições minadas pelo clientelismo e o proteccionismo dos confrades.
A história tem mostrado que tais experiências terminam sempre em longos períodos de retrocesso social e político.

Está por inventar um modo de actuação que garanta o desenvolvimento de novas ideias e de novas formações sociais com base na compreensão profunda dos limites naturais impostos pelo acumulado histórico presente na realidade social. Substituindo os grupos enquanto instituições por grupos dinâmicos de cidadãos que nascem para realizar projectos e que morrem quando já não são necessários.
Corrigindo e redireccionando as forças que espontâneamente se movem na sociedade, em vez de tentar estancá-las com diques de areia.
 
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quarta-feira, julho 28, 2010

Relatividade Geral




FACTO

O Governo vai limitar o acesso ao abono de família aos agregados familiares cujos rendimentos ou património mobiliário exceda os 100 mil euros anuais. A medida insere-se nas novas regras de atribuição das prestações por encargos familiares, que passam a depender da avaliação da totalidade do património mobiliário do agregado familiar. A medida, inserida na nova Lei de Condição de Recursos, entra em vigor para a semana.

INTERPRETAÇÕES

Como foi proposta do Governo é uma medida justa que permite ao Estado poupar 90 milhões em 2010 e 199 milhões em 2011.

Se tivesse sido proposta por Passos Coelho era apenas mais uma machadada para acabar com o Estado Social

Se tivesse sido proposta por Paulo Portas era uma das habituais medidas populistas para brilhar nas feiras

Se tivesse sido proposta por Francisco Louçã era uma irresponsabilidade radical e fracturante de quem recusa assumir responsabilidades governativas

Se tivesse sido proposta por Jerónimo de Sousa era um caso de revanchismo de classe na linha das tradições soviéticas.


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segunda-feira, julho 05, 2010

Na Alemanha nem a austeridade é recessiva

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A senhora Merkel presenciou, com entusiasmo, a cabazada que os seus futebolistas deram a uma Argentina onde abundam os fenómenos da bola. O resultado de quatro a zero roça o inverosímil.

Mais inverosímeis serão talvez as notícias que referem um crescimento superior ao esperado no preciso momento em que a Alemanha está a executar um programa de austeridade bastante violento.
Desmentindo os teóricos de ocasião na Alemanha nem a austeridade é recessiva. Parece portanto ser possível fazer crescer a economia sem ser pela injecção de dinheiro obtido através do endividamento.
Precisávamos era de perceber como se executa tal milagre.


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domingo, março 21, 2010

Para estragar o seu Domingo

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A evidência histórica confirma que há uma correlação muito forte entre crises bancárias e bancarrotas de países afectados, quer no caso de países ricos como emergentes. As crises bancárias em geral precedem as crises de dívida soberana — aliás, ajudam a predizê-las, afirma o professor de Economia Kenneth Rogoff, da Universidade de Harvard, que tem trabalhado com Carmen Reinhart, da Universidade de Maryland, na história económica e financeira dos últimos 200 anos.
...
O problema estrutural reside no peso da dívida externa total (pública e privada) que atingiu rácios superiores a 100% em relação à riqueza criada anualmente (produto interno bruto, PIB) em diversos países ricos, com destaque para os europeus. Há os casos extremos da Irlanda e da Islândia, nos 1000% do PIB, seguidos do Reino Unido (413%), Holanda (310%), Bélgica (293%) e Suíça (273%). Portugal (230%) encontra-se em 8º lugar, neste clube de risco dos 20 países desenvolvidos com maior dívida externa total em relação ao PIB.
A “bomba ao retardador”, de que a revista “Time” falava há 25 anos, “deslocou-se” geograficamente dos países em desenvolvimento para os ricos. Nos anos 1980, quatro países da América Latina — Argentina, Brasil, México e Venezuela — concentravam metade da dívida externa mundial. Hoje esse lugar é ocupado por três países ricos: Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Os EUA passaram, desde 1985, a ser o principal tomador de empréstimos internacionais e apenas sete países da União Europeia — Reino Unido, Alemanha, França, Holanda, Espanha, Irlanda e Bélgica — detêm hoje mais de 50% da dívida total mundial. Os quatro países latino-americanos referidos representam, agora, apenas, 1% da dívida mundial.
O caso grego (apesar de ter uma dívida total em percentagem do PIB inferior aos 13 primeiros) despoletou-se, subitamente, em virtude da perda de confiança nas estatísticas oficiais que haviam ‘maquilhado’ a dívida externa (que ‘baixou’ 72% entre 2007 e 2008!) bem como o défice público durante o governo anterior. Perda de confiança que foi aproveitada pelos especuladores para um ataque à zona euro. Mas qualquer fagulha, inesperada, sublinha Rogoff, poderá incendiar este panorama estrutural no seio dos ricos. Com uma agravante: em caso de recaída na recessão mundial, a margem de manobra para políticas anticrise nestes países desenvolvidos será muito “mais curta” do que em 2007-2009, diz o economista francês Philippe Trainar.
Extracto do artigo "O risco de bancarrota nos países ricos",  Expresso Economia 20.03.2010 
 
Caminhamos, de surpresa em surpresa, com a leve sensação de pisar a tampa de um vulcão. Medina Carreira afinal é um optimista.
Lamento ter-lhe estragado o Domingo mas também eu, imprudentemente, li isto logo ao pequeno almoço.
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sábado, janeiro 02, 2010

A salvação está no "Família, Família"

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A RTP transmitiu uma versão para famosos do "Família, Família" pouco depois da mensagem televisiva de Cavaco. Convenci-me definitivamente de que Portugal é um país esquizofrénico.
Cavaco diz “A dívida do Estado tem vindo a crescer a ritmo acentuado e aproxima-se de um nível perigoso”; “o endividamento do País ao estrangeiro tem vindo a aumentar de forma muito rápida, atingindo já níveis preocupantes”; “o tempo das taxas de juro baixas não demorará muito a chegar ao fim”; “se o desequilíbrio das nossas contas externas continuar ao ritmo dos últimos anos, o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos, ficará seriamente hipotecado”; “quando gastamos mais do que produzimos, há sempre um momento em que alguém tem de pagar a factura”; “com este aumento da dívida externa e do desemprego (…) podemos caminhar para uma situação explosiva”.
Logo depois sucedem-se no televisor as lantejoulas da "gente bonita", todos muito talentosos e amigos, fogosos e esfusiantes de alegria de viver. O público presente no estúdio, e certamente também em casa, segue embevecido o playback pechisbeque dos mais recentes êxitos do pop top.

Devo ser eu que estou equivocado. Talvez o programa seja apenas uma resposta às preocupações do PR que dissera no seu discurso ser necessário “recuperar o valor da família”. “O esbatimento dos laços familiares tem sido um dos factores que mais contribuem para agravar as dificuldades que muitos atravessam.”
Realmente nesta "Família, Família" ninguém parece atravessar qualquer dificuldade.
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domingo, julho 19, 2009

Como poderei sobreviver ao fim do mundo ?

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Este convite, que o caos reinante vai tornando cada vez mais apelativo, entrou-me por debaixo da porta durante este fim de semana.
Fiquei a pensar no enigma: se eu sobreviver ao fim do mundo então o fim do mundo não o era.
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terça-feira, fevereiro 03, 2009

A enxurrada

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As crises
Toda a gente entende que os americanos deixaram de pagar as hipotecas, que os bancos ficaram com as casas sobrevalorizadas e sem liquidez e que bancos sem liquidez é uma catástrofe. Depois, as bolsas caíram.

Tudo o que era "fortuna" baseada em acções, daquelas boas que subiam tipo balão de ar quente, derreteu como neve ao sol; tudo o que era financiamento com garantia sobre acções ficou com o chão em falso.
Agora, o que se está a viver hoje não se explica apenas por estes escassos meses de retracção de consumo, falências individuais, restrições de crédito e dificuldade de colocação de capital em bolsa. Foi muito pouco tempo para tamanho efeito. Já estávamos era assim a cair para a crise e os sub-prime foram o empurrão para o abismo.
Hoje, finalmente, já ninguém sonha que os países e as sociedades em geral possam sobreviver comprando tudo feito, certo? Quando se vê o que está a acontecer, e, por exemplo, as nuvens negras sobre a Qimonda aqui ao lado, podemos reflectir sobre há quanto tempo está em curso esta deslocalização das actividades económicas para zonas de "mão-de-obra barata", dando espectaculares taxas de crescimento nesses países e preços de produtos fantásticos por cá... e que esperávamos? Baixarmos até ao nível social dos chineses, para sermos competitivos, ou esperarmos, considerando que sobreviveríamos até lá, que eles chegassem ao nosso nível? Na prática, seria uma espécie de meio caminho por ambos os lados, mas descer, mesmo apenas metade, é já uma grandessíssima senhora crise.

A economia é demasiado importante para ficar nas mãos dos economistas. Política, com "P" maiúsculo, precisa-se.
Carlos J. F. Sampaio, Esposende
Cartas ao Director, Público 02.02.2009


Partilho totalmente esta abordagem do Carlos Sampaio, que não conheço.
Se a origem da crise foram as hipotecas porque é que o governo dos Estados Unidos não se limitou a garantir o pagamento desses empréstimos aos bancos antes que se gerasse a previsível bola de neve ? Teria sido concerteza mais fácil e mais barato.
Agora, perante a enxurrada dos aproveitamentos, estamos a tentar estancar o rio na foz quando podíamos tê-lo feito na nascente.


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domingo, janeiro 25, 2009

Literatura infantil

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ALEGRE VAI LANÇAR LIVRO INFANTIL
Manuel Alegre vai publicar este ano um livro infantil intitulado “O Príncipe do Rio” pela editora Dom Quixote.
Expresso, 24.01.2009

Será a compilação dos discursos políticos de 2008 ?