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quinta-feira, janeiro 05, 2017

As cores do mundo só existem nos nossos olhos.


As cores do mundo só existem nos nossos olhos.
Por um acidente qualquer, que desconhecemos, 
os nossos olhos convertem em vermelho 
as frequências da luz entre 480 e 405 tera-hertz. 
Podia ser outra cor qualquer, ou mesmo cor nenhuma.
Quando fotografamos a preto e branco 
percebemos que provavelmente 
nunca chegaremos a perceber 
como o "mundo exterior" realmente é.
As nossas bandeira vermelhas, ou verdes, 
ou amarelas podíamos, com outros olhos, vê-las todas iguais.

quarta-feira, janeiro 04, 2017

O Universo




O Universo

é um espaço infinito, sem tempo e sem memória.
Um gigantesco Alzheimer 
em que todo o passado se resume à forma do agora. 
Nós somos apenas partículas sensíveis. 
Processamos luz e som.

segunda-feira, novembro 02, 2015

Juvenil, 2 de Novembro 1965



Passaram exactamente 50 anos

segunda-feira, setembro 21, 2015

segunda-feira, agosto 17, 2015

Faz hoje 50 anos



quinta-feira, julho 02, 2015




Por causa desta notícia

lembrei-me disto que publiquei na Vértice em Abril de 1971, depois de vir da Guiné

segunda-feira, junho 22, 2015








Faz hoje exactamente 50 anos
eu então publicava poemas no DL "Juvenil", do saudoso Mário Castrim

segunda-feira, maio 11, 2015

Está a fazer 50 anos




Está a fazer 50 anos
e eu tinha, na altura, 19 (quase 20).

segunda-feira, janeiro 05, 2015

A matéria é um cérebro imenso



A matéria é um cérebro imenso                 
que o tempo vai sulcando                          

o universo é a memória do tempo              
os planetas são memórias do universo      

as montanhas são memórias dos planetas
as pedras são memórias das montanhas   

os vales são a memória dos rios              
              
as pedras resvalam para os rios                
e são arrastadas para o mar                      
onde rebolam por milhões de anos            
até serem areia                                          

a areia é a memória do mar                       

quinta-feira, dezembro 12, 2013

Soneto


Dedicado ao Mário de Carvalho

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Uma folha que sobreviveu 50 anos

  


   Para mim a vida é sempre Outono
                    Há sempre um sol que não chega a despontar
  A minha alma dorme e o seu sono
Reflecte a solidão e o abandono
Das folhas que o vento traz no ar



Era assim que, a 2 de Dezembro de 1961, há precisamente meio século, um jovem de dezasseis anos como eu expressava a sua melancolia. 


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sexta-feira, junho 10, 2011

Qué da minha Raquel?

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Sete anos é o tempo que levo de serviço nesta blogosfera e ainda não sei muito bem quem é a minha Raquel. Começo, portanto, a servir outros sete anos.
É nisto que dá comemorar o aniversário do blog no dia de Portugal e de Camões.

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quinta-feira, julho 15, 2010

Toda a sabedoria popular num único post



A ambição cerra o coração

A pressa é inimiga da perfeição

Águas passadas não movem moinhos

Amigo não empata amigo

Amigos amigos negócios à parte

Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura

A união faz a força

A ocasião faz o ladrão

A ignorância é a mãe de todas as doenças

Amigos dos meus amigos, meus amigos são

A cavalo dado não se olha a dente

Azeite de cima, mel do meio e vinho do fundo, não enganam o mundo

Antes só do que mal acompanhado

A pobre não prometas e a rico não devas.

A mulher e a sardinha, querem-se da mais pequenina

A galinha que canta como galo corta-lhe o gargalo

A boda e a baptizado, não vás sem ser convidado

A galinha do vizinho é sempre melhor que a minha

A laranja de manhã é ouro, à tarde é prata e à noite mata

A necessidade aguça o engenho

A noite é boa conselheira

A preguiça é mãe de todos os vícios

A palavra é de prata e o silêncio é de ouro

A palavras ocas orelhas moucas

A pensar morreu um burro

A roupa suja lava-se em casa

Antes só que mal acompanhado

Antes tarde do que nunca

Ao rico mil amigos se deparam, ao pobre seus irmãos o desamparam

Ao rico não faltes, ao pobre não prometas

As palavras voam, a escrita fica

As conversas são como as cerejas, vêm umas atrás das outras

Até ao lavar dos cestos é vindima

Água e vento são meio sustento

Águas passadas não movem moinhos

Boi velho gosta de erva tenra

Boca que apetece, coração que padece

Baleias no canal, terás temporal

Boa fama granjeia quem não diz mal da vida alheia

Boa romaria faz, quem em casa fica em paz

Boda molhada, boda abençoada

Burro velho não aprende línguas

Burro velho não tem andadura e se tem pouco dura

Cada cabeça sua sentença

Chuva de São João, tira vinho e não dá pão

Casa roubada, trancas à porta

Casarás e amansarás

Criou a fama, deite-se na cama

Cada qual com seu igual

Cada ovelha com sua parelha

Cada macaco no seu galho

Casa de ferreiro, espeto de pau

Casamento, apartamento

Cada qual é para o que nasce

Cão que ladra não morde

Cada qual sabe onde lhe aperta o sapato

Com vinagre não se apanham moscas

Coma para viver, não viva para comer

Com o direito do teu lado nunca receies dar brado

Candeia que vai à frente alumia duas vezes

Casa de esquina, ou morte ou ruína

Cada panela tem a sua tampa

Cada um sabe as linhas com se cose

Cada um sabe de si e Deus sabe de todos

Casa onde entra o sol não entra o médico

Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém

Cesteiro que faz um cesto faz um cento,se lhe derem verga e tempo

Com a verdade me enganas

Com papas e bolos se enganam os tolos

Comer e o coçar o mal é começar

Devagar se vai ao longe

Depois de fartos, não faltam pratos

De noite todos os gatos são pardos

Desconfia do homem que não fala e do cão que não ladra

De Espanha nem bom vento nem bom casamento

De pequenino se torce o pepino

De grão a grão enche a galinha o paparrão

Devagar se vai ao longe

De médico e de louco, todos temos um pouco

Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és

Diz o roto ao nu 'Porque não te vestes tu?'

Depressa e bem não há quem

Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer

Depois da tempestade vem a bonança

Da mão à boca vai-se a sopa

Deus ajuda, quem cedo madruga

Dos fracos não reza a história

Em casa de ferreiro, espeto de pau

Enquanto há vida, há esperança

Entre marido e mulher, não se mete a colher

Em terra de cego quem tem olho é rei

Erva daninha a geada não mata

Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão

Em tempo de guerra não se limpam armas

Falar é prata, calar é ouro

Filho de peixe, sabe nadar

Gaivotas em terra, tempestade no mar

Guardado está o bocado para quem o há de comer

Galinha de campo não quer capoeira

Gato escaldado de água fria tem medo

Guarda o que comer, não guardes o que fazer

Homem prevenido vale por dois

Há males que vêm por bem

Homem pequenino ou velhaco ou dançarino

Ignorante é aquele que sabe e se faz de tonto

Junta-te aos bons, serás como eles, junta-te aos maus, serás pior do que eles

Lua deitada, marinheiro de pé

Lua nova trovejada, 30 dias é molhada

Ladrão que rouba a ladrão, tem cem anos de perdão

Longe da vista, longe do coração

Mais vale um pássaro na mão, do que dois a voar

Mal por mal, antes na cadeia do que no hospital

Manda quem pode, obedece quem deve

Mãos frias, coração quente

Mais vale ser rabo de pescada que cabeça de sardinha

Mais vale cair em graça do que ser engraçado

Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo

Mais vale perder um minuto na vida do que a vida num minuto

Madruga e verás trabalha e terás

Mais vale um pé no travão que dois no caixão

Mais vale uma palavra antes que duas depois

Mais vale prevenir que remediar

Morreu o bicho, acabou-se a peçonha

Muita parra pouca uva

Muito alcança quem não se cansa

Muito come o tolo mas mais tolo é quem lhe dá

Muito riso pouco siso

Muitos cozinheiros estragam a sopa

Não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe

Nuvem baixa sol que racha

Não peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu

Nem tudo o que reluz é ouro

Não há bela sem senão

Nem tanto ao mar nem tanto à terra

Não há fome que não dê em fartura

Não vendas a pele do urso antes de o matar

Não há duas sem três

No meio é que está a virtude

No melhor pano cai a nódoa

Nem contas com parentes nem dívidas com ausentes

Nem oito nem oitenta

Nem tudo o que vem à rede é peixe

No aperto e no perigo se conhece o amigo

No poupar é que está o ganho

Não dá quem tem, dá quem quer bem

Não há sábado sem sol, domingo sem missa nem segunda sem preguiça

O saber não ocupa lugar

Os cães ladram e caravana passa

O seguro morreu de velho

O prometido é devido

O que arde cura o que coça sara e o que aperta segura

O segredo é a alma do negócio

O bom filho à casa retorna

O casamento e a mortalha no céu se talha

O futuro a Deus pertence

O homem põe e Deus dispõe

O que não tem remédio remediado está

O saber não ocupa lugar

O seguro morreu de velho

O seu a seu dono

O sol quando nasce é para todos

O óptimo é inimigo do bom

Os amigos são para as ocasiões

Os opostos atraem-se

Os homens não se medem aos palmos

Para frente é que se anda

Pau que nasce torto jamais se endireita

Pedra que rola não cria limo

Para bom entendedor meia palavra basta

Por fora bela viola, por dentro pão bolorento

Para baixo todos os santos ajudam

Por morrer uma andorinha não acaba a primavera

Patrão fora, dia santo na loja

Para grandes males, grandes remédios

Preso por ter cão, preso por não ter

Paga o justo pelo pecador

Para morrer basta estar vivo

Para quem é, bacalhau basta

Passarinhos e pardais,não são todos iguais

Peixe não puxa carroça

Pela boca morre o peixe

Perde-se o velho por não poder e o novo por não saber

Pimenta no cu dos outros para mim é refresco

Presunção e água benta, cada qual toma a que quer

Quando a esmola é grande o santo desconfia

Quem espera sempre alcança

Quando um não quer, dois não discutem

Quem tem telhados de vidro não atira pedras

Quem vai à guerra dá e leva

Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte

Quem sai aos seus não degenera

Quem vai ao ar perde o lugar e quem vai ao vento perde o assento

Quem semeia ventos colhe tempestades

Quem vê caras não vê corações

Quem não aparece, esquece; mas quem muito aparece, tanto lembra que aborrece

Quem casa quer casa

Quem come e guarda, duas vezes põe a mesa

Quem com ferros mata, com ferros morre

Quem corre por gosto não cansa

Quem muito fala pouco acerta

Quem quer festa, sua-lhe a testa

Quem dá e torna a tirar ao inferno vai parar

Quem dá aos pobres empresta a Deus

Quem cala consente

Quem mais jura é quem mais mente

Quem não tem cão, caça com gato

Quem diz as verdades, perde as amizades

Quem se mete em atalhos não se livra de trabalhos

Quem não deve não teme

Quem avisa amigo é

Quem ri por último ri melhor

Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha

Quanto mais te agachas, mais te põem o pé em cima

Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto

Quem diz o que quer, ouve o que não quer

Quem não chora não mama

Quem desdenha quer comprar

Quem canta seus males espanta

Quem feio ama, bonito lhe parece

Quem não arrisca não petisca

Quem tem boca vai a Roma

Quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão

Quando um cai todos o pisam

Quanto mais depressa mais devagar

Quem entra na chuva é pra se molhar

Quem boa cama fizer nela se deitará

Quem brinca com o fogo queima-se

Quem cala consente

Quem canta seus males espanta

Quem comeu a carne que roa os ossos

Quem está no convento é que sabe o que lhe vai dentro

Quem muito escolhe pouco acerta

Quem nada não se afoga

Quem nasceu para a forca não morre afogado

Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele

Quem não sabe é como quem não vê

Quem não tem dinheiro não tem vícios

Quem não tem panos não arma tendas

Quem não trabuca não manduca

Quem o alheio veste, na praça o despe

Quem o seu cão quer matar chama-lhe raivoso

Quem paga adiantado é mal servido

Quem parte velho paga novo

Quem sabe faz, quem não sabe ensina

Quem tarde vier comerá do que trouxer

Quem te cobre que te descubra

Quem tem burro e anda a pé mais burro é

Quem tem capa sempre escapa

Quem tem cem mas deve cem pouco tem

Quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita

Quem tudo quer tudo perde

Quem vai ao mar avia-se em terra

Quem é vivo sempre aparece

Querer é poder

Recordar é viver

Roma e Pavia não se fez em um dia

Rei morto, rei posto

Se em terra entra a gaivota é porque o mar a enxota

Se sabes o que eu sei, cala-te que eu me calarei

Santos da casa não fazem milagres

São mais as vozes que as nozes

Toda brincadeira tem sempre um pouco de verdade

Todo o homem tem o seu preço

Todos os caminhos vão dar a Roma

Tristezas não pagam dívidas

Uma mão lava a outra

Uma desgraça nunca vem só

Vão-se os anéis e ficam-se os dedos

Vozes de burro não chegam aos céus

Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades

quarta-feira, julho 01, 2009

Uma imagem ou mil palavras ?

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Uma imagem vale mais do que mil palavras. É velha esta forma de comparar a força cognitiva e comunicativa das imagens e dos textos mas, para além de velha, ela é também inadequada.
Um texto, e antes dele a linguagem em que se expressa, é uma pura convenção. Mesmo quando os idiomas são ideográficos os símbolos que os integram resultam de regras ou de tácitos sociais.
As imagens, pelo contrário, estão tão longe de ser convencionadas que nem sequer percebemos bem quais as regras que usamos para as interpretar. São menos sociais mesmo quando incluem objectos que socialmente têm algum significado.
Raramente nos damos conta de que interpretar imagens, e tomar decisões com base nelas, é um dos actos que praticamos mais frequentemente nas nossas vidas, pelo menos no período em que estamos acordados.
O mundo entra-nos naturalmente pelos olhos e muito antes de saber ler qualquer texto, ou até entender qualquer palavra dita, já essas imagens nos permitem conhecer e actuar sobre o espaço e a comunidade à nossa volta.
Se caíssemos num planeta desconhecido mas iluminado, onde não entendessemos mesmo nada dos símbolos, ainda assim seriam os olhos e as imagens que eles captam a nossa única hipótese de sobreviver.
Quer o pensamento quer a interpretação do mundo podem existir mesmo sem palavras mas isso não significa que, por exemplo, as ideias deste texto fossem facilmente transmitidas recorrendo apenas a imagens.
Também não costumamos pensar que um texto escrito, quando se apresenta a um potencial leitor começa por ser, para esse leitor, “apenas” uma imagem.
Antes de chegar ao sentido de um texto temos que passar por várias fases; (1) reconhecer que estamos perante a imagem de um livro, (2) abrir uma página e nessa imagem localizar os caracteres, (3) verificar se os caracteres são conhecidos (podem ser chineses ou árabes e, portanto, meras imagens para a maior parte de nós), (4) determinar a língua/convenção que devemos usar para a descodificação do texto e depois, só depois, (5) estaremos perante um texto e começaremos a ler.
Muitos pensam que o aforismo “uma imagem vale mais do que mil palavras” significa que não conseguiríamos descrever com mil palavras o conteúdo de uma imagem o que, em muitos casos, até pode ser verdade. Mas esse não é o sentido mais profundo do ditado.
Mesmo que nos seja possível descrever uma imagem com mil palavras demoramos muito mais tempo a ler as mil palavras, e a captar o seu significado, do que a interpretar a imagem que lhes deu origem.
Imaginemos por instantes que conduzimos um automóvel com os olhos vendados e baseados em explicações verbais sobre a estrada e o comportamento de cada veículo ou peão que nos rodeia e teremos um vislumbre da enorme diferença de velocidade entre imagens e textos.
O cinema tira partido dessa velocidade na interpretação das imagens e constrói a sua narrativa com base num vertiginoso “descubra as diferenças” que nós jogamos nas calmas enquanto somos bombardeados com imagens sucessivas. Como dizia Godard “O cinema é a verdade a 24 imagens por segundo”.
Dir-se-á que o texto é sempre de autoria humana e que, portanto, só deve ser comparado com as imagens feitas por homens, quer eles sejam pintores, arquitectos ou fotógrafos. Ao contrário dos textos, que são combinações particulares dos componentes da língua, aceites como um resultado intelectual, íntimo, das experiências vividas, as pinturas e fotografias são vistos como pedaços arrancados, mesmo quando sofrem tranformação, do rosto visível da realidade envolvente. Por outro lado tais pedaços, fotografias ou quadros, são sempre inevitavelmente lidos por quem os observa como mais um objecto presente no vasto palco imagético do mundo.
O que acabamos de dizer não significa que não seja dado um tratamento especializado a tais objectos. Nomeadamente à fotografia que ainda é, para muitos, a representação mais fidedigna do “mundo real”.
Mas as razões do fascínio que a fotografia desperta e a particular leitura de que os objectos fotográficos disfrutam ficará para outra ocasião.
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sexta-feira, maio 22, 2009

Requerimento a Fernanda

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Uma espécie de regresso a Alexandre O'Neill este fabuloso post publicado em "O DOMÍNIO DOS DEUSES".
Vale uma chapelada.
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domingo, setembro 21, 2008

Poesia, para desenjoar da política.

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Vão ter lugar em Lisboa, nos próximos dias 24 e 25 de Setembro, duas sessões de apresentação dos mais recentes 3 livros de poesia de Amadeu Baptista editados pela Cosmorama: “O Bosque Cintilante” (Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, 2007), “Sobre as Imagens” (Prémio Nacional de Poesia Palavra Ibérica, 2008) e “Poemas de Caravaggio” (Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire, 2007).
As apresentações estarão a cargo de Armandina Maia (O Bosque Cintilante), Joana Ruas (Poemas de Caravaggio) e Inês Ramos (Sobre as Imagens).
24 de Setembro na Fábrica Braço de Prata, 20 horas
25 de Setembro na Fnac Chiado, 18h30.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Quadra triste (a uma bandeira invertida)



Um sinal. Ao que a política chegou em Portugal.

Pelo menos no PREC havia utopia, todo o dia.

Agora são só fait divers, ninguém sabe o que quer.

É como o melhoral, não faz bem nem faz mal.



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quarta-feira, setembro 03, 2008

Massiel canta Bertolt Brecht

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A era digital tem destas alegrias. Um disco de 1970, há muito perdido com o colapso do analógico, volta a encantar-me reencarnado em CD, por um milagre de Santa Amazon.

Sei de cor e salteado todas as canções, cantadas em castelhano, deste disco de Massiel (a espanhola vencedora do Festival da Eurovisão de 1968 com a canção La, La, La). Esta improvável cantora de Brecht / Weill / Eisler, não sei bem explicar porquê, faz uma interpretação fabulosa dos mesmos standards que já ouvi tantas vezes por tantas excelentes cantoras.

As canções incluídas no disco provêm do espectáculo, “A los hombres futuros, yo Bertolt Brecht”, em que Massiel fazia parceria com Fernando Fernán Gómez .

A editora, que também vende, é a RAMA LAMA. Aqui fica um cheirinho:



quarta-feira, maio 14, 2008

A cor do horto gráfico

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Esta coisa do Acordo Ortográfico parece-me ser mais um não-problema.
Como quase tudo no nosso país está a ser tratado como uma disputa entre claques.

Depois de ouvir e ler muito sobre o tema cheguei à conclusão de que não virá ao mundo nem grande bem, nem grande mal, por causa deste acordo.
Ele é fundamentalmente um sinal diplomático, um gesto simbólico com o qual eu estou totalmente de acordo. É preciso pensar largo, universalmente, tendo sempre em mente a comunidade mundial dos falantes.

Depois há um outro nível de irrelevância da ortografia. Trata-se de uma “lei” sem sanções. Passada a fase dos ditados escolares cada um escreve como calha e não sofre qualquer sanção por isso. Até nos meios de comunicação e nos documentos oficiais podem encontrar-se "variações" ortográficas que não invalidam as notícias nem os contratos.

No plano da comunicação pode argumentar-se que algumas regras têm que ser respeitadas sob risco da incomunicabilidade. Mas também é verdade que certas manipulações da ortografia enriquecem a comunicação, em vez de empobrecer, pela sugestão de novas semânticas.

O mesmo se passa aliás com a sintaxe que, a ser sempre respeitada, limitaria gravemente a linguagem poética.

Num mundo ideal cada pessoa deveria, em cada momento, ter liberdade para gerir a sua comunicação através do equilíbrio entre a inteligibilidade, a ortografia criativa e a linguagem poética. A “ortografia oficial” seria usada nos documentos formais ou de carácter científico.

Estas dissertações foram desencadeadas pelo texto de Rui Tavares no Público de 14 de Maio (ver aqui), que recomendo, intitulado "Uma boa decisão". Diz ele a abrir:

“Vasco Graça Moura escreveu um poema celebrando o sexto aniversário do blogue de Pacheco Pereira, cujo título é Abrupto, e aproveitou a ocasião para lhe lamentar a queda do "p" pelo novo acordo ortográfico, jurando que havia de pôr luto se o abrupto ficasse abruto. É bonito, sim senhor. Mas não é verdade: o "p" em abrupto não é uma consoante muda e, pronunciando-se, continuará na palavra escrita.
Aproxima-se um dia decisivo para a questão ortográfica e a confusão, voluntária ou involuntária, é geral. A confusão, acima de tudo, dá jeito. No meio disto, até há quem pense que o que está em discussão é Portugal ratificar ou não o Acordo Ortográfico. Mas não é.
Portugal já ratificou o Acordo Ortográfico. Há mais de 15 anos. Aquilo que na sexta-feira se votará no Parlamento português é uma modificação que se introduziu, entretanto, para permitir a entrada de Timor-Leste e aceitar que o acordo entre em vigor depois de ratificado por três países.”

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segunda-feira, maio 05, 2008

Os meus anos 60

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Nos últimos tempos temos sido bombardeados com o Maio de 68. Não há cão nem gato que não se queira pronunciar sobre o glamoroso evento.
Eu, que vivi esse Maio e os tempos que se lhe seguiram na guerra da Guiné, penso que é necessário pôr “água na fervura” e mostrar que em 1968 já a revolução dos costumes e atitudes estava muito adiantada e que não foi no Maio de Paris, como muitos pretendem fazer crer, que todas as rebeldias se inventaram.
Para o efeito vou dedicar um post à cronologia de cada um dos anos que antecederam 68.

Eu comecei a década com 15 anos, em 1960, publicando um ingénuo poema nacionalista de influência pessoana no jornal escolar “Caminhando”.
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....................Quando fez o mundo, Deus semeou ilhas
....................Uma aqui, outra acolá, de quando em quando.
....................Contas de rosário, distando muitas milhas
....................Nas suas águas não passaram quilhas
....................Até os portugueses as irem desfiando.

....................Ilhas portuguesas onde bate o mar
....................Elemento de incógnita beleza.
....................Sabeis quem nele vos vem beijar ?
....................As lágrimas que ele próprio fez chorar,
....................Por o cruzar, à gente Portuguesa.



Em 1969, no último ano da década escrevi, ainda na Guiné, um poema posteriormente publicado na Vértice (1971) e que vale a pena comparar com o anterior para perceber o caminho percorrido.
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Pelo meio tinha ficado muita coisa; a entrada para a Universidade (Económicas), a publicação de poemas no saudoso Juvenil do Diário de Lisboa, o casamento, o início da actividade laboral como professor do secundário, a adesão ao PCP, a eleição para a direcção do Cineclube Universitário de Lisboa, as primeiras viagens a Paris e, a partir de 1968, a definitiva transformação provocada pela participação na guerra colonial.