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sexta-feira, maio 10, 2013

Números que descrevem um país




 
Estes números, publicados hoje pelo DN, mostram que mais de 80% de todas as pensões acima de 2500 euros são auferidas por funcionários públicos, enquanto que os pensionistas originários do sector privado representam apenas cerca de 20% do total.
Ou seja, todos os milhares de empresas privadas, nacionais e multinacionais, dos bancos às cervejeiras, da loja da esquina ao potentado económico, não conseguem produzir senão um quinto dos pensionistas que auferem um rendimento confortável.
Se ainda é preciso demonstrar o peso sufocante do Estado na nossa sociedade estes números são eloquentes.

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domingo, fevereiro 17, 2013

A CRUZADA DO BEM






há muito que considero suspeita esta avalanche de pessoas e instituições que se precipitam sobre os "pobrezinhos" para lhes aplicar mais umas doses de caridade.
O meu conhecimento da humanidade, obtido durante os últimos 67 anos, torna tal facto improvável e incompreensível.
Mas há um velho ditado que diz "a caridade começa por nós". Segundo parece as instituições do ramo, vi numa estatística qualquer, têm quase tantos empregados como "carenciados" a cargo.
Esta epidemia de fazer caridade com o dinheiro dos outros é, porém, muito mais vasta.
Os governos da República andaram décadas a pagar um vistoso "estado social" com o dinheiro dos credores internacionais.


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sábado, janeiro 26, 2013

O PREÇO DOS MEDICAMENTOS

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exemplo de tratamento da tiróide, durante dois meses, para duas pessoas: 3,12 euros. 
É caro ?

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sábado, dezembro 08, 2012

É este o resultado

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Durante várias décadas houve uma enorme disparidade, e injustiça, no cálculo das pensões do sector público e do sector privado.
No público, através de vários esquemas como, por exemplo, a promoção fictícia e o respectivo aumento na véspera da reforma, havia muita gente que se reformava com pensões maiores do que o seu último ordenado.
No privado o máximo que se podia obter era 80% da média dos melhores vencimentos dos últimos anos. Em condições normais a pensão oscilava entre os 60 e 70% do último vencimento.
Qualquer moralização deste sector implicaria "ajustar" as pensões ao valor realmente descontado durante a carreira contributiva.
(os números vêm publicados no Expresso de hoje)

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segunda-feira, novembro 26, 2012

UM EXERCÍCIO INTERESSANTE

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UM EXERCÍCIO INTERESSANTE
consiste em comparar a posição relativa, de cada país, nestes dois quadros publicados hoje pelo Jornal de Negócios.
Por exemplo, os três mais bem classificados em crescimento estão entre os quatro que menos gastam em apoios sociais em relação ao PIB. 

Causa ou consequência ? O que explica a correlação ?

domingo, julho 15, 2012

O proletariado actual

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Afinal o funcionalismo público sempre é o proletariado da época actual. Agora percebo a atenção que o PCP lhes dedica.

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sexta-feira, dezembro 23, 2011

"Estados de direitos" e "Estados de deveres"



Grande parte dos mal-entendidos nas relações com a China resultam de não se assumir que o estado chinês é um estado de outro tipo.
Digamos que há os "estados de direitos", que se ocupam de garantir o exercício de direitos, e os "estados de deveres".


Os "estados de deveres" consideram que a sua missão essencial é a prossecução estratégica daquilo que definem como interesse da sua nação. 
Os interesses particulares, mesmo que económicamente poderosos, são calibrados pelo estado à luz do objectivo primordial. Esse objectivo é tão relevante que faz qualquer dissenção aparecer como indesejável, quando não criminosa. 
Por isso os "estados de deveres" assumem formas ditatoriais mais ou menos violentas.
O "estado de deveres" existe para proibir ou condicionar e não para garantir a sustentabilidade dos modos de vida ou a subsistência das famílias. 


Os "estados de direitos" correspondem normalmente a nações que, por razões históricas, consideram estar ultrapassada a questão da sobrevivência ou independência da nação. Ou nunca foram colonizados ou as experiências de subordinação nacional já se perderam na memória colectiva.
Os "estados de direitos" converteram-se em meros gestores das poupanças nacionais, ou do endividamento nacional, e declaram como sua principal missão a promoção da "justiça social". 
Funcionam normalmente como democracias. A concessão de direitos e garantias constitui o mecanismo básico das mensagens eleitorais em que geralmente é omitida a questão da sustentabilidade das propostas. 
Restrições ou limitações impostas pelo estado são, em geral, mal vistas.
Concedem enorme liberdade aos agentes empresariais poderosos na modelação da estratégia económica, sejam quais forem as consequências sociais, mas depois montam um esquema complexo de redes de "solidariedade" para socorrer as vítimas.


Qualquer pessoa pode fácilmente imaginar as diferenças entre os comportamento dos cidadãos que vivem nos "estados de deveres" e os que vivem nos "estados de direitos"; tais diferenças são notórias no que toca ao trabalho, às poupanças, às reivindicações, às expectativas, à organização das suas vidas etc.


Temos razões para nos vangloriar da nossa qualidade de vida ocidental e do conforto de que disfrutamos (que só foi possível através da pilhagem de outros continentes) mas só um tolo pensa que tais vantagens estão garantidas independentemente da riqueza dos nossos "estados de direitos". 


Na conjuntura actual o "estado de deveres" chinês surge como protagonista de um enorme sucesso económico que, para além do mais, por comparação, serve para tomarmos consciência da precariedade do nosso modo de vida.


Num mundo instável e perigoso levanta-se a questão de saber se o método chinês é exportável, nomeadamente para outros países "emergentes".
Mas a verdade é que a China não é um país qualquer. Embora subalternizada no fim do século XIX e na primeira metade do século XX pelas "potências ocidentais", a China é um colosso populacional e detentora de uma cultura complexa e antiquíssima que sobreviveu a todos os acidentes da sua história milenar.


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segunda-feira, dezembro 12, 2011

Diga adeus à sua reforma

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A transferência para o Estado da responsabilidade pelo pagamento das pensões de reforma aos empregados bancários, bem como dos montantes de reserva acumulados pelos bancos para satisfazer essas obrigações, significa o quê?



1. Funciona como se fosse um empréstimo que disponibiliza hoje 6.000 milhões de euros em troca de pagamentos futuros. 
2. Como a obrigação de pagar as pensões cabe à Segurança Social esta operação consiste numa espécie de empréstimo desta ao Ministério das Finanças.
3. Estes 6.000 milhões, que em condições normais deveriam dar entrada nos cofres da Segurança Social, vão ser gastos como? Como é que uma operação destas pode ser aceite para efeito da redução do défice quando se trata claramente de um artifício?
4. Passos Coelho propõe-se gastar 2.000 milhões em pagamentos a credores, o que será menos mau admitindo que tais pagamentos teriam sempre que ser feitos e que talvez promovam alguma dinamização da economia. Já outro tanto não se pode dizer da aplicação proposta por Seguro que consistia em "aliviar os sacrifícios dos portugueses neste Natal". Ou seja, comprar prendas a crédito, mais uma vez.

Paulo Baldaia escreveu recentemente no DN considerações extremamente pertinentes sobre esta matéria (ver mais abaixo) mas os partidos, mesmo os da oposição, pouco se referiram ao assunto. 

Diga adeus à sua reforma (II) 
Paulo Baldaia 
DN, 11.12.2011 


O que me incomoda é que os seis mil milhões de euros que a banca entregou ao Estado, e que deveriam servir para pagar as reformas de milhares de bancários, desapareceram num abrir e fechar de olhos. A maioria para tapar buracos e pagar dívidas. Perante este assalto, estranho que nem o ministro da Segurança Social se incomode, nem o líder da oposição tenha uma palavra a dizer. E os senhores de Bruxelas, que tanto rigor exigem nas cimeiras, pactuam afinal com uma aldrabice em que aceitam uma receita extraordinária sem terem em conta os encargos futuros.
Retomo o que escrevi há dois meses: "Mais cedo que tarde, vão dizer- -nos que o nosso sistema de Segurança Social já não é sustentável e explicar-nos que, por mais descontos que tenhamos feito, o Estado não poderá dar-nos mais do que um rendimento mínimo." Nessa altura, vão tentar convencer-nos de que o sistema de Segurança Social que construímos era irrealista, que fazíamos vida de ricos, sendo pobres. Os governantes que nas últimas décadas desbarataram fundos de pensões, nacionalizados para pagar erros de governação, estarão a assobiar para o lado.
No meio desta desgraça que se abate sobre as futuras gerações de pensionistas, temos o primeiro-ministro a falar de um excedente de dois mil milhões de euros e o líder da oposição a encher-se de razão porque, afinal, havia uma almofada. Nem um nem outro se dão conta de que nos estão a empobrecer para todo o sempre. Ficar mais pobre agora para pagar erros do passado e preparar o futuro é aceitável, mas não podemos aceitar que estejam a utilizar o dinheiro que lhes confiámos, para nos devolverem na velhice, sem sequer nos darem uma explicação.



sábado, julho 23, 2011

Um festival




Entre os institutos ou entidades com as maiores taxas de ausência está a Direcção- Geral da Administração Interna (DGAI), onde o total de absentismo corresponde em média a 54 faltas por cada funcionário, mais de uma centena de vezes acima dos valores registados na Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), em que esta média não atinge sequer meio dia (0,39). Na DGAI, o i analisou 61 funcionários que constam do quadro de remunerações e onde não estão incluídos quatro elementos das forças de segurança, que recebem pelos serviços de origem.
O recorde contudo só não é ultrapassado pelo Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Cultura (GPEARI) ou pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária por apenas dois dias. Estas duas entidades estão no ranking dos serviços da administração central com os maiores índices de ausências. Logo abaixo vêm a secretaria geral do Ministério da Justiça (47 dias) e a Biblioteca Nacional, com 231 funcionários e uma média de 36 faltas por ano.

Ler o resto do artigo do "i" aqui:

sexta-feira, junho 03, 2011

A Troika à margem da campanha

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O documento da troika prevê o corte das pensões e o congelamento dos salários até 2013. O texto é este:

"No seguimento da redução média em 5% dos salários do sector público neste ano, os salários e as pensões serão congelados até 2013, excepto no caso das pensões mais baixas. Além disso, será introduzida em 2012 uma contribuição especial com incidência sobre as pensões acima de €1.500, ficando isentas as pensões mais baixas.

Sobre isto, como sobre o resto, a campanha eleitoral foi omissa embora importasse saber:

1. Se a "contribuição especial", que segundo alguns pode chegar aos 10%, tem carácter provisório ou definitivo
2. Se vão ser igualmente (mal)tratados os que descontaram fortemente toda a vida e os que têm pensões obtidas, por estratagemas legais, sem ter feito os descontos normais


Como se isto não bastasse ficamos hoje a saber pelo Jornal I que o fundo da Segurança Social perdeu 8% do valor. 
Dados consultados pelo i mostram ainda que no final de Maio deste ano a dívida soberana nacional pesava 58% na carteira do FEFSS, contra 53% no final do ano. 

Afinal o tão badalado "estado social" é não só pretexto eleitoral como bóia de salvação financeira (à custa da segurança futura dos reformados)


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quinta-feira, março 17, 2011

Remédio Santo




O senhor Anacleto tem 95 anos. Foi professor e exerceu a sua profissão durante mais de 50 anos. Enviuvou há dois e desde então, de mês a mês, pontualmente como o relógio grande que antes marcava as horas na sala da sua casa, muda de uma casa para outra entre os seus cinco filhos. Recusa-se a viver num lar, não quer empregados em casa e a solução encontrada de comum acordo passa pela estada temporária em casa de cada um dos filhos. Do Algarve até ao Minho, porque nenhum vive nas ilhas, o senhor Anacleto lá vai cumprindo as suas periódicas visitas, levando consigo a mala e nesta os remédios de que necessita.
Estava há dias com uma das filhas na urgência. Uma queda na rua e algumas dores nas costas. O médico que o atende pergunta-lhe pela medicação e ouve-o sem surpresa enumerar a cor de quatro ou cinco comprimidos diferentes. Como muitos idosos (e outros nem tanto), e apesar da excelente memória, recusa-se a fixar o nome da medicação. A filha apercebe-se de que na lista parecem faltar alguns e recorda-lhe um outro branco pequenino e umas cápsulas castanhas, ao que o idoso aclara tratar-se dos medicamentos do cardiologista e esse é do consultório privado e estão num serviço público, e acrescenta haver ainda uns outros de que nem sabe cor nem formato porque lhe foram receitados há cerca de quinze dias na urgência do hospital da localidade onde estava — e a que recorrera por dor abdominal.
Bem vistas as coisas, e sem nenhum espanto para os médicos que habitualmente lidam com estes doentes, o senhor Anacleto estaria a tomar, no mínimo, entre sete a dez medicamentos, prescritos por diferentes clínicos em diferentes contextos (clínica privada, centro de saúde, urgência hospitalar), sem que nenhum soubesse dos restantes, porque a listagem total da medicação não é visível ao abrir um processo clínico informatizado, a menos que tenha sido prescrita naquela instituição ou com aquele programa. Não é também improvável que do conjunto dos vários medicamentos alguns fossem exatamente iguais aos outros, diferindo apenas na cor, no nome ou no laboratório que os produziu, com o consequente risco para a saúde do doente e aumento dos custos (imediatos — no momento da compra — e diferidos — pelas complicações que daí podem resultar) para o Serviço Nacional de Saúde.
Provável é também que alguns entre si fossem incompatíveis ou que a sua associação devesse ser criteriosamente pensada ou até excluída, pois poderiam anular ou potenciar os efeitos uns dos outros, tornando-se assim ineficazes ou, pelo contrário, com um maior efeito do que seria de esperar. Isto caso se soubesse o que o doente estava a tomar, o que na atualidade e face às presentes circunstâncias é quase totalmente impossível. Quando a necessidade de contenção de custos é notória, o envelhecimento populacional é uma realidade, a informatização do serviço público de saúde está a avançar, a informática parece encontrar uma solução para (quase) todos os problemas, não será possível encontrar um ponto comum entre os vários programas instalados e cruzar em tempo real informação vital como é a da medicação, ao menos no serviço público, melhorando a prestação de cuidados a uma população cada vez mais idosa, com mais problemas de saúde, com menos recursos económicos e, por acréscimo, à população em geral?
Acredito que ao consegui-lo, ainda que com custos imediatos muito grandes, se poupariam muitos milhões de euros inutilmente gastos na atualidade e se melhoraria em muito a saúde das populações. Era, provavelmente, ‘remédio santo’. 
Artigo da Dra. Cristina Galvão, Publicado no Expresso 12.03.2011

Aqui está uma excelente análise de uma realidade que eu observei directamente durante muitos anos enquanto os meus pais foram vivos. 
O que é dito para os medicamentos acontece também com os exames complementares de diagnóstico. Médicos sucessivos prescrevem exames similares por desconhecerem que já foram feitos.
Ao contrário do que os defensores ideológicos do SNS defendem, prova-se que os custos podiam baixar significativamente sem se reduzir a quantidade e qualidade dos serviços prestados aos doentes/utentes.
Defender o SNS é, no essencial, garantir que os seus custos permanecem controlados e ao alcance de Orçamentos do Estado cada vez mais exíguos.

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segunda-feira, janeiro 24, 2011

O tamanho conta?

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Paulo Portas com a sua habitual ratice, apressou-se na noite eleitoral a declarar a derrota do «embrião de aliança entre PS e BE que se manifestou nestas eleições».
À natural satisfação de Portas deve portanto corresponder uma reflexão de esquerda, para acabar com esta deriva irresponsável da esquerda que avança de derrota em derrota.
A candidatura de Alegre surgiu para concretizar a “esquerda grande” de que falava Louçã na Convenção do BE em Fevereiro de 2009.
A “esquerda grande” não é uma ideia muito original, sucede à “maioria de  esquerda” que foi, sem qualquer sucesso, consigna do PCP durante muitos anos.
Pode perguntar-se, como faz certa publicidade, se no ponto a que a esquerda chegou o tamanho realmente conta. Mas o que mais confrange nesta estratégia é a constatação do primarismo com que os dirigentes do BE pensaram que seria possível somar os dez por cento próprios com os trinta e cinco do PS.
Sem qualquer novo projecto para o país com que embalar o produto, acharam que Alegre bastaria como isco. Os resultados estão à vista.
O PS podia ter tido a clarividência de apoiar Cavaco na reeleição, como fez o PSD no segundo mandato de Mário Soares. Mas atemorizado pela chantagem do BE, enfraquecido depois da crise internacional ter mostrado o monstro que se oculta por trás do laborioso cenário, o PS deixou-se arrastar pelos cabelos para esta aventura.
Quando o desastre se tornou evidente optou por uma política de terra queimada, ineficaz e repugnante.
Nesta batalha, que a esquerda irresponsável travou nas piores condições estratégicas, foram usados os estafados estandartes do “estado social”, do “serviço nacional de saúde” e da “defesa da escola pública”. Por isso, ao sofrer uma pesada derrota, de uma penada, descredibilizaram a ideia da unidade de esquerda e gastaram as principais munições com que têm tentado defender-se do avanço do liberalismo económico.  
Estes estandartes, que Alegre enunciou significativamente no seu discurso de derrotado, constituem o principal equívoco em que a esquerda mergulhou nos últimos anos.
Chega a ser confrangedora a inconsciência com que esta gente abandonou qualquer veleidade de transformar o mundo.
É que o SNS não é um projecto de futuro, é antes o sinal de uma sociedade de escassez e de pobreza da qual nos devíamos estar a libertar.
A saúde é essencial? Claro que é. Mas a alimentação não o é menos e o Estado não a fornece de forma universal. Cada cidadão tem que encontrar os meios para satisfazer essa necessidade. Não passa pela cabeça a ninguém acabar com os restaurantes e propor que passemos todos a frequentar a cantina da Misercórdia.
A esquerda refugiou-se nas trincheiras do “estado social” que é um monstro de duas faces. De um lado sorri as benesses para os desvalidos e do outro mostra a carranca da burocracia e do endividamento.
Incapaz de entender o mundo actual e de enunciar respostas de novo tipo para fazer corresponder as relações sociais de produção ao avanço tecnológico, com estes dirigentes e com esta inépcia a esquerda caminhará, de aventura radical em aventura radical, até escancarar as portas a um fascismo do século XXI.
Por isso precisávamos não de uma “esquerda grande” mas de uma esquerda clarividente que, mesmo quando não ganhasse no presente, estivesse a construir um futuro. Com uma nova utopia.
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sexta-feira, dezembro 10, 2010

Então pagamos nós

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O Governo vai propor aos parceiros sociais a criação de um fundo para financiar os custos dos despedimentos, à semelhança do que já foi aprovado em Espanha. A matéria foi colocada em cima da mesa na reunião de anteontem com a UGT, mas há ainda muitas questões em aberto.
O objectivo é criar condições para que as empresas deixem de usar os elevados custos dos despedimentos como justificação para não criarem novos postos de trabalho e, ao mesmo tempo, tentar influenciar os indicadores internacionais que colocam Portugal no topo dos países onde os despedimentos são considerados mais dispendiosos.
Caso a ideia vá por diante, e segundo o PÚBLICO apurou, a intenção do Governo é manter o valor das indemnizações por despedimento actualmente previstas no Código do Trabalho e transferir para esse fundo a responsabilidade pelo pagamento da indemnização ao trabalhador. A forma como o fundo será alimentado é outra questão que está por definir, mas deverá contar com as contribuições das empresas e, possivelmente, com dinheiros públicos.
Público 10.12.2010

Em suma, o governo quer por-nos a nós a pagar as indemnizações que as empresas deviam pagar.

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segunda-feira, novembro 29, 2010

Encaixa Mais

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Palhinhas para inalar droga distribuídas gratuitamente
Título do DN de Hoje 

Esta medida faz parte da campanha "Encaixa Mais"

Aos cábulas dá-se diplomas...
Aos corruptos dá-se prescrições...
Aos drogados dá-se palhinhas e seringas...
Às "minorias étnicas" da candonga dá-se casas à borla...
Aos gestores amigos das empresas públicas dá-se mordomias...
Aos velhos pensionistas pobres dá-se o congelamento das pensões...
E àqueles que se esfalfam a trabalhar e a equilibrar o magro orçamento dá-se mais impostos.

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sexta-feira, novembro 05, 2010

Matar ou não matar o "Estado Social"

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"A redução da transferência para o SNS de 6,4 por cento, proposta no Orçamento do Estado para 2011, em relação à dotação inicialmente prevista no Orçamento de Estado para 2010 (...), não coloca em causa nem a quantidade nem a qualidade dos cuidados a prestar", afirmou Ana Jorge na audição conjunta das Comissões Parlamentares do Orçamento e Finanças e da Saúde de discussão na especialidade do OE para 2011.
DN 05.11.2010 

A inefável ministra vem agora, na sua candura, confirmar o que muitos têm dito ao longo dos últimos anos: uma parte substancial da despesa do Estado, mesmo na área da saúde, pode ser cortada pois nada tem a ver com os serviços prestados à população.
Sócrates, que perante qualquer sugestão alheia de poupança desata a gritar que querem matar o Estado Social, não deve ter gostado mesmo nada.

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sábado, outubro 02, 2010

Razão "legalmente atendível" para cortar salários



O Governo vai contornar a ilegalidade de cortar salários a trabalhadores de entidades públicas com contrato individual de trabalho através de uma alteração ao Código do Trabalho, a introduzir na Lei do Orçamento do Estado. O objectivo é garantir que o anunciado corte em 5% da massa salarial da função pública se aplique não só à ao pessoal da administração central como às autarquias, empresas públicas e municipais, entidades públicas empresariais, como hospitais EPE, institutos, e instituições como a Caixa Geral de Depósitos, o Banco de Portugal ou a CMVM, só para citar alguns exemplos.
Resta saber se a mesma derrogação terá também efeitos no sector privado.
Ler o artigo completo AQUI

Afinal o governo, que tanto se persignou contra a "razão legalmente atendível" nos despedimentos, não teve dificuldade nenhuma em adoptar uma "razão legalmente atendível" para cortar os salários.
Lembra-me um velho ditado políticamente incorrecto: mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo.

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terça-feira, setembro 28, 2010

Palavras para quê?

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Segundo a edição de ontem do Correio da Manhã, actualmente há 5.581 pessoas com pensões acima dos 4 mil euros. Com os novos aposentados entre os meses de Janeiro a Outubro deste ano, contam-se 4.763 na Caixa Geral de Aposentações (Função Pública) e 818 na Segurança Social.
O recorde de crescimento nas reformas milionárias deu-se entre os funcionários públicos. No período analisado, aposentaram-se 230 pessoas com reformas acima dos 4 mil euros. Já os dados da Segurança Social, apontam para 67 novos aposentados neste período, com reformas superiores a 5.030 euros.
Este cenário contrasta com a realidade vivida pela maioria dos portugueses em situação de reforma, uma vez que recebem, em média apenas 397 euros.
Diário Digital, 27.09.2010

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domingo, setembro 26, 2010

Sócrates, eSCUTa, o povo está em luta...

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Ontem tive que ir a Braga e, por razões que não interessam ao caso, a partir de Estarreja circulei pela A29 em vez de continuar pela A1 até ao Porto.
Tive assim oportunidade de experimentar, de borla, esta auto-estrada que foi construída ao lado da que já existia aparentemente para dispensar quem a use de pagar portagens. Não faz qualquer sentido.
A este propósito não me dispenso de citar João Duque que, no Expresso, ralativamente ao complicado esquema de isenções que o governo concebeu baseado no grau de desenvolvimento dos "concelhos limitrofes", escreveu mais ou menos o seguinte: "os utentes pobres dos concelhos ricos vão subsidiar os utentes ricos dos concelhos pobres".
É caso para gritar:

Sócrates, eSCUTa, o povo está em luta...

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sexta-feira, setembro 24, 2010

ADSE sim, mas para todos os portugueses

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A ADSE é um sistema acessível a todos os funcionários do Estado, mas não obrigatório. Desde 2009 é facultativo, só se inscrevendo quem quiser. Mas o número de novos inscritos não tem parado de aumentar. Com perto de um milhão e meio de beneficiários, só no ano passado inscreveram-se cerca de 80 mil.
Os novos funcionários públicos já estão integrados na Segurança Social e não na Caixa Geral de Aposentações, mas tal não impede que se inscrevam na ADSE, para a assistência à saúde. E mesmo os que se desvincularam do Estado podem beneficiar das convenções deste sistema.
DN 23.09.2010

Para quem possa ainda não saber a ADSE é um fabuloso seguro de saúde custeado pelos impostos de todos os portugueses (que pagam ao fisco). E até faz uma coisa que tanto preocupa o nosso governo: compra cuidados de saúde ao sector privado em larga escala, fugindo dessa forma às delícias do SNS.
O esquema é tão contrário à igualdade dos cidadãos no acesso aos cuidados de saúde que até o insuspeito Vital Moreira explica no Causa Nossa por que defende a extinção da ADSE. Vital Moreira junta-se portanto aos malandros que querem destruir o "Estado Social".
Faça-se já uma manifestação para salvar a ADSE mas estendendo as suas mordomias a toda a população.
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domingo, setembro 19, 2010

O "Estado Social" sueco também está na berlinda

"modelo sueco"

Não há forma de os resultados hoje na Suécia não serem históricos, sobretudo se o primeiro-ministro conservador for reconduzido no cargo. Mas há sinais de alerta da extrema-direita.
A Suécia é conhecida por ser um país moderado. E quando os suecos forem hoje às urnas, é possível que o cenário político pouco se altere. Para já, a economia parece estar a falar mais alto do que o Estado-providência, dizem alguns analistas.
O primeiro-ministro conservador, Fredrik Reinfeldt, tem para apresentar aos eleitores um crescimento económico de 4,5 por cento, o menor défice da União Europeia (um por cento) e uma taxa de desemprego em queda (embora ainda ronde os oito por cento, atingindo sobretudo jovens). Não é pouco, numa altura em que os seus parceiros da UE estão ainda a tentar encontrar as saídas para a crise.
Esta será a principal explicação para as previsões feitas pelos institutos de sondagens: os Moderados, do novamente candidato Reinfeldt, e os seus três parceiros de coligação, ficarão com 50 por cento dos votos, contra 40 por cento do seu principal rival, o bloco de centro-esquerda liderado pelos sociais-democratas de Mona Sahlin.

Se isso acontecer, será a primeira vez que os conservadores são reeleitos depois de terem cumprido um mandato completo.
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Os sociais-democratas, que passaram 63 dos últimos 80 anos no poder, estão a procurar a todo o custo contrariar as expectativas e continuar a ser o "partido natural" de Governo. São considerados os criadores e guardiães do famoso "modelo sueco" - que alia uma pesada carga de impostos para financiar o Estado social a uma economia fortemente liberal. Uma derrota "obrigará a repensá-lo", salienta à AFP o politólogo Peter Santesson-Wilson, do instituto de investigação sueco Ratio.
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A sua campanha tem sido feita com a garantia de não cortar os impostos e até aumentar alguns no futuro, para que se possa gastar mais na segurança social. Já Reinfeldt quer ver a economia crescer mais e a dívida pública a descer para que os gastos públicos possam aumentar e os impostos sobre os rendimentos ser reduzidos.
Com a vitória do centro-direita, em 2006, muitos previram o princípio do fim do "modelo sueco". Mas "não houve alterações espectaculares ou sistemáticas, nem golpes radicais no Estado-providência. Simplesmente deu-se uma reorientação marginal", realça à AFP Stefan Svallfors, professor da Universidade de Umeaa.
Ainda assim, a Economist fala numa "insatisfação crescente com o "modelo sueco". Os suecos não estão prestes a tornar-se thatcheristas ou anti-impostos do Tea Party", e mesmo à direita defendem-se os serviços públicos, lê-se. "Mas o centro-direita tornou as regalias sociais menos generosas, baixou impostos para os salários mais baixos e diminuiu o número de subsídios por doença".
Seja ou não por isso, o primeiro-ministro Reinfeldt deu sinais de estabilidade quando todos os países à volta estavam em queda. A que se devem os bons resultados?
Ver completo no DN 19.09.2010

Apesar das importantes diferenças entre Portugal e a Suécia o debate político de fundo parece ser o mesmo.
Com imaginação, e uma grande dose de optimismo, podemos imaginar-nos numa situação semelhante após um primeiro mandato de Pedro Passos Coelho como primeiro ministro.
O mais grave é que o nosso cepticismo colectivo já nem esse tipo de ilusões permite.