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segunda-feira, dezembro 10, 2007

Peões em jogo



O filme de Robert Redford é uma longa dissertação encenada, não pretende verdadeiramente uma progressão dramática mas sim conduzir-nos aos meandros do paradoxo americano actual.

A questão que se põe aos peões é: até que ponto estão os mecanismos democráticos tradicionais em condições de encontrar resposta para os desafios que se põem hoje ao "american way of life"?

É verdade que a jornalista, muito bem realizada por Meryl Streep, receia que as "novidades" na táctica militar sejam apenas estratagemas para ganhar a presidência mas o espectador, mais distanciado, pressente que podem antes ser uma fuga para a frente ditada pelo desespero do establishment.
As ameaças que o império americano enfrenta estão para além dos resultados eleitorais; mesmo uma maioria confortável nas urnas presidenciais não dá qualquer garantia de se encontrar uma resposta eficaz e duradoira.
Pelo filme deambula uma pergunta angustiante; será que essas ameaças têm alguma saída possível ?

Somos levados a pensar na fase final dos impérios, nomeadamente o de Roma.
Aquela fase em que há demasiados inimigos, intratáveis, e em que a decadência no plano económico começa a pôr em cheque a superioridade técnica e organizativa dos exércitos.

terça-feira, novembro 13, 2007

Sopranos "do berde e da vola"






O filme CORRUPÇÃO sofre de um problema grave: a realidade é maior do que a ficção.
Dito de outra maneira: aquilo que é possível imaginar, e já se imaginou, sobre a realidade retratada no filme ultrapassa as possibilidades ficcionais quando espartilhadas por referências a pessoas concretas.
Ao pretender explorar o sucesso, e os lucros, do livro de Catarina Salgado o filme impôs a si próprio muitos limites para evitar ser alvo de perseguição judicial.

Estes Sopranos "do berde e da vola" são sem dúvida um tema portentoso para uma superprodução entre a farsa e a tragédia. O "engenheiro" do Herman e o presidente de Vila Nova da Rabona de Ricardo Araújo Pereira já o demonstraram.

Salvam-se as excelentes interpretações dos protagonistas que são Margarida Vila-Nova, no papel de Sofia, e Nicolau Breyner que incarna (e carne não lhe falta) a personagem do Sr. Presidente.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Museu do neo-realismo, pateadas e cine-clubismo

No sábado passado, a minha filha, acompanhada de um grupo de amigos, desafiou-me a ir assistir a uma palestra ao Museu do Neo-realismo em Vila Franca de Xira, que tinha sido recentemente inaugurado pelo Presidente da República. Como tinha curiosidade em conhecer o museu e a conferência era proferida pelo Pacheco Pereira dispus-me a ir. Dei por bem empregue o meu tempo.

1 - A conferência
Integradas na exposição Batalha pelo Conteúdo do Movimento Neo-realista Português realizam-se mensalmente, naquele museu, palestras subordinadas ao tema Encontros e Desencontros com o Neo-realismo, cuja primeira foi abrilhantada pelo Pacheco Pereira.
O convidado começou primeiro por falar dos desencontros com o neo-realismo e daí arrancou para a sua experiência pessoal, principalmente da geração que passou pelos bancos da universidade em meados dos anos 60, afirmando que na maioria dos casos a juventude universitária da época não lia os livros dos autores neo-realistas porque tinha começado a despontar para outras leituras, rompendo com os conceitos quer estéticos quer ideológicos que enfermavam o movimento neo-realista e por tabela com a influência que o Partido Comunista Português (PCP) exercia no meio intelectual português.
Um dos vários exemplos apresentados foi a pateada que teve lugar numa sessão de cinema do Cine-Clube Universitário de Lisboa (CCUL), quando estava a ser projectado o filme Os Cavaleiros Teutónicos e da polémica que essa pateada provocou na altura, tendo havido mesmo um abaixo-assinado a defender o direito à pateada, apesar do cine-clube ser uma associação eleita democraticamente. Aquele abaixo-assinado foi subscrito por jovens universitários que viriam a integrar a actual intelectualidade portuguesa, dando como exemplos Eduardo Prado Coelho, Jorge de Silva Melo e Ivete Centeno. Pacheco Pereira afirmaria que a actividade dos cine-clubes, e do CCUL em particular, era dominada pelo PCP, que só exibiam filmes do Vittorio De Sica, de alguns realizadores americanos, como Elia Kazan, ou de origem soviética ou de Leste, fossem bons ou maus, o que, segundo ele, era o caso do filme referido. Esta pateada seria pois o pronuncio de um novo gosto cinematográfico e de uma maior abertura no campo do cinema.
Depois falou do advento dos maoistas, a que ele, Pacheco Pereira, pertenceu, e do estreitamento ideológico e estético que esse movimento político causou na formação cultural dos universitários no final dos anos 60 e início de 70 e, por último, abreviando muito, dos seus encontros com o neo-realismo, agora já homem feito e por dever de ofício leitor daquelas obras, e do valor que atribuía a algumas das opções estético-ideológicas dos seus autores. Conferência feita, passámos às perguntas e respostas.

2 - A pateada
Mal pensava Pacheco Pereira que na sala estava um dos dirigentes à época do CCUL e que viveu com grande intensidade este problema, ou seja, eu próprio, que era vice-presidente do cine-clube.
Já se sabe que pedi a palavra e respondi a Pacheco Pereira. Mas no calor da intervenção e passados tantos anos sobre a pateada já não me recordava de todos os pormenores da mesma. Chegado a casa fui retirar do armário os programas das sessões e os boletins do CCUL e tentei organizá-los de modo a que pudesse, com alguma fidelidade descrever o sucedido. Lamentavelmente não encontrei o abaixo-assinado referido, nem qualquer comunicado do cine-clube ou dos defensores da pateada a relatar os acontecimentos.
No entanto, tal como o afirmei na minha intervenção, o filme pateado não foi Os Cavaleiros Teutónicos (1960), que era de facto de um realizador polaco, Aleksander Ford, e que fazia igualmente parte do ciclo de cinema então apresentado – que decorreu entre Outubro de 1966 a Janeiro de 1967 –, mas sim Ventos de Revolta (1959), Sonatas no título original, do espanhol Juan Antonio Bardem, com o actor Francisco Rabal e que foi exibido em 21/12/66.
Aceito, no entanto, que o espírito orientador do ciclo levado a efeito pelo cine-clube é, aos olhos de hoje e provavelmente aos da época, intragável. Chamava-se O Cinema e a Sociedade, cuja primeira parte, onde se integravam os dois filmes referidos, era O Cinema e a História. No segundo boletim dedicado ao ciclo, e publicado provavelmente a seguir à pateada, eu próprio escrevi que aquele tinha a intenção de “percorrer as principais etapas da história da humanidade”, em que “os filmes servir-nos-iam não só para ilustrar determinadas relações económica, sociais e políticas, como, ao mesmo tempo, nos permitiam estudar a cultura... dessas épocas”, garantindo, no entanto, “que todos os filmes levados, além de servirem para ilustrar determinados factos históricos, tinham também interesse cinematográfico. Contudo, este aspecto foi em parte obscurecido pelo realce que demos à sua função ilustrativa do tema do ciclo.” E o boletim termina com um artigo justificativo da inclusão do filme pateado, em que se pergunta “pode-se ainda (1964) – data do artigo escrito para a revista espanhola Nuestro Cine – falar da validade da obra de Bardem?” e termina respondendo que não se pode “destruir de uma assentada a obra de um dos nossos poucos realizadores que manifestaram ao longo de toda a sua carreira uma atitude de total honestidade”.


Integravam este ciclo dois filmes soviéticos então muito exibidos pelos cine-clubes D. Quichote e Othelo, os dois já referidos, mas igualmente O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman, um filme japonês muito visto à época, Harakiri, Tom Jones, de Tony Richardson, Vanina Vanini”, de Rossellini, e o Senimento de Visconti, o que demonstra alguma preocupação pela qualidade e uma pluralidade ideológica razoável.
É evidente que houve diferentes razões para realizar aquela pateada. Primeiro o filme de Bardem, por muito estimável que o seu autor fosse, era fraquinho, com rodriguinhos pouco aceitáveis para o gosto já da época e foi isso, seguramente, a principal razão para que a pateada tivesse tanto êxito. Segundo, uma certa juventude intelectual, oriunda na sua maioria da Faculdade de Letras, despontava nessa altura para outro tipo de cinema. Não aceitava o convencionalismo estético dos soviéticos, nem as boas intenções do Bardem e daí, provavelmente, os protestos de alguns dos nossos futuros intelectuais. Por último, e tenho a certeza que teve um peso bastante importante, as manifestações de esquerdismo-maoismo, que começavam por essa época a invadir a universidade. Deve provir daí a recordação do Pacheco Pereira de que a pateada teria sido ao filme polaco e não ao filme de Bardem.
Perante a pateada a direcção do cine-clube reagiu indignada. Penso que logo à saída, no átrio do cinema, houve uma troca de opiniões mais exaltada, tendo de seguida a Direcção do CCUL promovido uma discussão sobre o filme, na sede do cine-clube, em que o principal orador foi António Marques de Almeida, actualmente professor universitário e historiador, mas na altura, julgo, ainda a frequentar a universidade. Apareceram centenas de estudantes numa sede minúscula. Houve gente que se espalhou pelas escadas do prédio e, como era previsível, a análise histórica e cinematográfica do filme foi completamente substituída por meia dúzia de chavões e de ataques a quem tinha promovido a exibição daquele filme. Posteriormente, a Direcção do CCUL convoca uma Assembleia Geral onde este tema foi abordado, mais a discussão relativa ao direito à pateada. Penso que a PIDE esteve presente nessa Assembleia Geral, que, de acordo com a minha memória, foi um claro confronto entre facções próximas do PCP e dos esquerdistas-maoistas.
Reconheço, no entanto, e sem ter em meu poder os comunicados emitidos e o abaixo-assinado recolhido, que é muito difícil rememorar as diferentes opiniões em confronto. Seria interessante que o Pacheco Pereira, que me afirmou que os possuía, os pusesse à disposição do público num dos blogs onde escreve.

3 – Algumas conclusões muito a posteriori
O ciclo exibido correspondia a uma preocupação geral, no tempo do fascismo, dos cine-clubes e de outras associações culturais e até recreativas de procederem, com as limitações próprias da censura e da repressão, à formação ideológica dos seus associados. Como de um modo geral isso era feito por grupos influenciados pelo PCP, os grupos esquerdistas-maoistas reagiam negativamente. Daí muitas vezes as provocações, as pateadas e os insultos. No entanto, quando estes grupos detinham o poder, a sua política cultural e a formação ideológica ministrada era muito mais estreita e vesga. O próprio CCUL quando foi tomado, no início dos anos 70, por esses grupos foi muito mais sectário do que em anos anteriores.
O grupo dirigente do CCUL dos anos 1966/67, na altura da pateada, soube posteriormente escolher uma equipa para a Direcção seguinte, dirigida pelo Joaquim Brás, em que alguns dos subscritores do abaixo-assinado foram chamados à Direcção, estou-me a lembrar do Garcia de Abreu. Por outro lado, iniciou o seu mandato com a apresentação de um ciclo do cinema americano em que se exibiram filmes como a As duas feras, de Howard Hawks, A Corda, de Alfred Hitchcock, Serenata à Chuva, de Stanley Donen e Gene Kelly, Pistoleiros da Noite, de Sam Peckinpah e Jerry 8 ¾, do próprio Jerry Lewis. O que denota portanto uma clara percepção de que, ao contrário do que afirmou o Pacheco Pereira, era sensível à crítica e desejava dirigir-se a novos públicos e criar novos gostos, facto que foi posteriormente desvirtuado pelos maoistas que tomaram conta do cine-clube.

P.S. – Na pesquisa que fiz nos boletins do cine-clube verifiquei que o dono deste blog, o Fernando Penim Redondo, integrou como tesoureiro quer a Direcção da pateada (1966/67), quer a seguinte (1967/68), do Joaquim Brás. O Fernando poderá confirmar ou desmentir algumas das minhas afirmações.
Por outro lado, fui descobrir que um boletim do CCUL, editado em Junho de 67, tem uma reportagem do Fernando chamada Furadouro: mudar de vida, sim... mas como?, que era complementar a uma crítica ao filme do Paulo Rocha, Mudar de Vida, que se passava naquela localidade.Por último, recomendo vivamente uma visita ao Museu, já que me parece ser uma peça arquitectónica interessante, e com três andares dedicados à exposição referida inicialmente.

segunda-feira, outubro 29, 2007

A Outra Margem


"A Outra Margem" de Luís Filipe Rocha apresenta-se assim:
Um "travesti" que perdeu o gosto pela vida é confrontado com a alegria de viver de um adolescente com síndrome de Down. Filme que pretende iluminar e exibir a humana normalidade dos "anormais", A Outra Margem propõe uma ponte de compreensão entre as duas margens.
O trabalho dos actores é excelente e os ambientes criados são muito conseguidos e verosímeis.
O diálogos são bons e "falam" só quando necessário.
O problema é que a história, que começa muito forte, vai perdendo força e agoniza na previsibilidade e nos bons sentimentos. Uma incursão sem chispa pelo mundo das diferenças.
O filme não surpreende nem desafia o espectador. Não se leva um murro no estômago e sai-se da sala demasiado em paz com a vida.
"A Outra Margem", que não é alcançada, podia ter sido um grande filme.

domingo, outubro 21, 2007

A informação como ficção e a ficção como informação


Tenho que agradecer ao Expresso pois, através de um dos seus brindes, permitiu-me descobrir este filme de Barry Levinson, "Manobras na Casa Branca" ("Wag the Dog"), de 1997.
Um "consultor" da Casa Branca (Robert de Niro) e um produtor de Hollywood (Dustin Hoffman) declaram guerra à Albânia, possuidora da perigosa "bomba atómica numa mala", e depois fazem a paz e trazem de volta um herói americano pouco recomendável.
Tudo isto, que só acontece na televisão, tem como objectivo distrair o povo dos pecadilhos sexuais de um presidente que pretende ser reeleito alguns dias depois. Uma óbvia alusão ao saudoso presidente Clinton.
Um DVD que me provocou algumas gargalhadas e que constitui um exercíco inteligente sobre a televisão como atestado de veracidade. Devia ser mostrado nas escolas para ensinar a ver os noticiários televisivos.

terça-feira, outubro 09, 2007

Sweeney Todd - Tim Burton e o Teatro Aberto



As primeiras imagens do novo filme de Tim Burton, com estreia mundial marcada para 21 de Dezembro, já foram reveladas. Eis Johnny Depp como o barbeiro britânico que monta loja em Londres e que, com a ajuda macabra da sua vizinha, Mrs. Lovett, corta muito mais do que cabelo. "Sweeney Todd" é a adaptação de Burton do musical "Sweeney Todd - O Terrível Barbeiro de Fleet Street", de Stephen Sondheim, que recupera a história do homem que desde meados do século XIX povoou a literatura britânica.

Mito ou lenda, chegou a especular-se que Todd teria existido e que a sua história inspirara as várias personagens que habitam peças e romances sobre o barbeiro que acumula as suas funções com as de um assassino em série, que escolhe lâminas para cortar as gargantas das suas vítimas e depois as entregava à sua comparsa para que ela fizesse tartes com recheio ao gosto dos mais refinados canibais.

O musical de Sondheim, que também sobe ao palco do Teatro D. Maria II a 10 de Outubro, envolve Sweeney Todd numa trama mais complexa: ele é um barbeiro injustamente condenado ao degredo na Austrália, Benjamin Barker, e que regressa a Londres 15 anos depois, com nome falso, onde descobre que o juiz que o considerou culpado de um crime que não cometeu violou e assassinou a sua jovem mulher e filha. Vingança e sangue são os ingredientes que alimentam a sua vida a partir da terrível descoberta e vão temperar as tartes de Mrs. Lovett, recheadas com os restos dos clientes de Todd, com música à mistura.

É a sexta vez que Depp colabora com Tim Burton e a quarta que Helena Bonham Carter (Mrs. Lovett e, na vida real, também Mrs. Burton), participa em filmes com a marca Burton. Além dos protagonistas-fétiche de Burton, há também Alan Rickman e Sacha Baron Cohen (também conhecido como Borat ou Ali G) no rol de actores. A produção (uma colaboração DreamWorks-Warner) arrancou em Fevereiro e foi interrompida pouco depois devido à doença da filha de Depp, Lily Rose. As alterações de horários provocadas pelo imprevisto obrigaram a mais cortes do que os sofridos pelas vítimas do barbeiro vitoriano: Christopher Lee e outros actores tinham papéis garantidos na diáfana pele de narradores-fantasma, mas os papéis foram eliminados do guião.

Se a versão Burton de "Sweeney Todd" obriga a esperar pelo Natal, a experiência teatral do musical de Sondheim está mais perto em geografia e tempo. O Teatro Aberto e o D. Maria II apresentam, na Sala Azul do Teatro Aberto, em Lisboa, a sua versão, com encenação de João Lourenço e direcção musical do maestro João Paulo Santos. O "thriller" musical vai estar em cena de quarta a sábado às 21h30 e aos domingos às 16h, com Mário Redondo, Marco Alves dos Santos, Sílvia Filipe e Ana Ester Neves, José Corvelo, Carlos Guilherme, Carla Simões, Henrique Feist e Tiago Sepúlveda. Além dos actores, estarão em palco 12 bailarinos, um coro de 16 elementos e uma orquestra de dez elementos.

Público, Ípsilon, 5 de Outubro 2007


sexta-feira, outubro 05, 2007

Os fados de um espanhol


"Fados", de Carlos Saura, é um objecto polémico que vale a pena. Ganhou a aposta ao apostar na dimensão multiétnica dos ecos do fado em vez de respeitar ortodoxias. As reverberações que se espalham pelo planeta incluem uma mexicana que resulta exótica. Falta uma japonesa pois, segundo consta, também as há afadistadas. O filme bem podia chamar-se "Ecos do Fado".

Como não podia deixar de ser tem altos e baixos. Eu por exemplo não me "comovo" com Camané. Carlos do Carmo e Caetano Veloso estão mal filmados.
Também não percebo porque é que certas coisas são feitas em estúdio, como é o caso do desfile cabo-verdiano inicial pelo Grupo Kola San Jan.

Depois há coisas muito fortes; o Chico Buarque, velho, prometendo que o Brasil será "um imenso Portugal" sobre imagens do 25 de Abril, uma quentíssima morna de Lura e uma espantosa Argentina Santos, quase sem voz mas cantando com a alma. As imagens de arquivo de Amália e de Marceneiro estão bem integradas.

Finalmente uma inesquecível "convergência" entre um cantor de flamenco e Mariza. Mariza que este filme vem confirmar no seu enorme carisma e no seu talento.

sábado, setembro 15, 2007

Os fantasmas de Goya

No último filme de Milos Forman, já tratado neste blog, há uma linha que me parece muito interessante.

Começa a esboçar-se logo no principio, quando os padres da inquisição se interrogam perante as gravuras de Goya: “É então assim que somos vistos em todo o mundo?” , e quando Lorenzo Casamares, para proteger o pintor ou melhor, o seu retrato que ele estava a produzir, desencadeia o processo que está na origem da trama emocional do filme.

Goya não é ali simplesmente Francisco de Goya y Lucientes, pintor.
É aquele que detém o temível poder de revelar a natureza profunda do mundo e da alma dos homens. Melhor dizendo, de propôr uma "interpretação" dessa natureza.
Veja-se o temor quase reverencial com que o inquisidor e a rainha se aproximam pela primeira vez dos seus retratos; eles vão descobrir como é que são na realidade, ou seja, para os outros. E agradados ou não, não se atrevem a contestar a sua imagem.

Talvez por isto, Milos Forman não chamou a este seu filme “Goya”, como chamou “Amadeus” ao outro, que alguns críticos insistem em colocar em comparação para se declararem desiludidos com a falta de peso e consistência do personagem...

Para mim este filme não é obviamente sobre Goya. O pintor é um instrumento, um símbolo do poder da imagem, que consiste em nos apresentar a realidade em conjunto com uma proposta de interpretação. Ou seja, a realidade como objecto questionável.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Os Fantasmas da Humanidade

O filme de Milos Forman "Os fantasmas de Goya" faz todo o sentido nos tempos de transição em que vivemos. Tenho a certeza de que vai ser incompreendido por todos aqueles que fizerem uma leitura superficial. Para mais o filme põe em causa tanto o fanatismo religioso como o fundamentalismo libertário.

A principal "lição" do filme é que devemos distinguir sempre os diferentes níveis dos fenómenos sociais: as grandes teorias/ideologias, por um lado, as formas de alcançar o poder e de o exercer, por outro, o tecido económico e as suas lógicas, outro, e a moral vigente no cidadão comum, ainda por outro.

Os vários níveis influenciam-se mutuamente mas podem ter, no tempo e no espaço, evoluções assíncronas; por exemplo uma ideologia libertária, sem deixar de o ser, pode ser o alibi para um sistema político opressor e uma crença religiosa arcaica pode ser a base de uma justa luta de libertação nacional. Os exemplos não faltam na história.

O filme consegue ser original na forma como mostra as violências de sinal contrário e tem mesmo algumas cenas de antologia. A sequência da saída da prisioneira do santo ofício que é libertada para cair em plena violência jacobina é uma delas.

O filme tem momentos em que tenta lançar pontes para o presente. É chocante ver um general Napoleónico dizer aos seus soldados que os espanhóis os vão receber de braços abertos quando, pela invasão, os libertarem do odiado rei. Exactamente o que foi dito aos soldados americanos que invadiram o Iraque.
E com os mesmos resultados.

sexta-feira, agosto 24, 2007

O cinema e as pipocas


Voltei a experimentar o suplício de estar na bicha das bilheteiras da Lusomundo.
Com a ideia peregrina de vender, em paralelo com os bilhetes, uma série de patetices sob a forma de pipocas, faz-se o espectador esperar eternidades. Eu, por exemplo, cheguei um quarto de hora antes e acabei por entrar com dez minutos de atraso.

Não me venham com o marketing e a rentabilidade que não me convencem. Assiti à debandada de vários potenciais clientes. Eu próprio já desisti várias vezes de comprar bilhete.

Seria muito complicado ter umas bilheteiras para quem não quer "comes & bebes" ?

Não só se fomenta os maus hábitos alimentares como se induz a ideia de que o cinema é local de piquenique, quando não de falatório que incomoda toda a gente.

O nosso Estado, sempre tão pronto para regulamentar isto e aquilo, porque não vira a sua furia disciplinadora para este lado ?

O cinema é uma arte (embora a programação da Losomundo faça os possíveis por o contrariar) e devia merecer um bocadinho de protecção...

sábado, agosto 11, 2007

A propósito de utopia


terça-feira, agosto 07, 2007

Golpe quase perfeito


Em "Golpe quase perfeito" de Lasse Hallstrom, Clifford Irving (Richard Gere) vê-se confrontado com as "regras do mercado" enquanto escritor que pretende projectar a sua obra.

Revoltado resolve reagir num plano em que, presume, está em vantagem; a pura ficção.
Já que não publicam os seus livros então ele inventa uma entrevista com o mais famoso, pelo secretismo e exoterismo, dos empresários americanos Howard Hughes.

O desenlace kafkiano mostra que Howard Hughes, actuando qual "mão invisível", é exímio a manobrar quer a realidade quer a ficção.No sistema comunicacional com que Clifford Irving se confronta a ficção e a realidade podem perfeitamente misturar-se a bem da rentabilidade.

Ficção e realidade precisam cada vez mais de se confundir para nós continuarmos a comprar.
É caso para dizer: quem é que precisa da second life ?
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sexta-feira, julho 20, 2007

Por culpa de Fidel

Não é “um grande filme”, mas vê-se bem e faz-nos pensar. Principalmente àqueles que viveram naquele mesmo período acontecimentos daquele tipo e facilmente se recordam como protagonistas de histórias semelhantes.

Se tomarmos como ponto de focagem as duas crianças, nomeadamente a quase adolescente Anna, poderemos começar por pensar que se está perante um processo normal de crescimento, em que elas são confrontadas com modelos diferentes de comportamentos na família e nos grupos sociais onde estão inseridas, sendo apenas incidental o facto de neste caso essas diferenças terem raiz politica.

E penso que assim é, mas com uma ressalva: esse carácter politico não é indiferente, porque permite não só pôr em perspectiva as acções dos adultos através da evolução das crianças, mas também questionar um dos mais importantes “nós górdios” das ideologias ou, mais simplesmente, das tomadas de posição: a certeza.
Permite-nos também reflectir sobre os motivos que levaram cada um de nós a seguir por um caminho e não por outro (reflexão muito oportuna, agora que florescem os livros de memórias!), e sobre o real contributo que muitas acções, executadas sem duvida com entusiasmo e espírito generoso, acabaram por ter para os objectivos que se pretendia atingir.

No final do filme, em contraponto à sensação de inutilidade que aquele grupo de activistas sente perante a queda de Allende, perfila-se Anna que aprendeu, entre outras coisas, que “espírito de grupo” não é o mesmo que “carneirada”, que não há certezas absolutas e definitivas e que o mais importante é sempre decidir pelo nosso próprio juízo critico.
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sexta-feira, maio 11, 2007

Um Cenário Excessivo


Still Life - Natureza Morta

A velha cidade de Fengjie já está debaixo de água, mas o seu novo bairro ainda não foi terminado. Há coisas a salvar e há coisas a deixar para trás…
Han Saming, um mineiro, viaja para Fengjie para procurar a ex-mulher que não vê há 16 anos. Quando se encontram nas margens do rio Yangtze, decidem voltar a casar-se.
Shen Hong, uma enfermeira, viaja para Fengjie à procura do seu marido que não vem a casa há dois anos.Abraçam-se em frente à barragem das três gargantas.Mas apesar da dança, decidem tristemente acabar e pedir o divórcio.

Os homens e as mulheres procuram o seu lugar, desesperadamente, num cenário demasiado grande. É preciso lutar pela identidade num mundo onde se acotovelam demasiados "figurantes".

Uma sociedade vai-se afundando enquanto outra emerge, tudo oscila, não é fácil estar de pé...
Tudo isto está no perturbante novo filme de Jia Zhang-Ke.
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segunda-feira, abril 09, 2007

O Caimão


O novo filme de Nanni Moretti é uma obra interessantíssima.

Não se limita a mostrar como Berlusconi é uma figura inconcebível, inimaginável. Isso seria o "lugar comum".

Moretti pemite-nos "sentir" como ao sucesso de Berlusconi corresponde uma sociedade corroída pelo descrédito em que até os dramas pessoais se tornam mais pungentes.

O protagonista está perante um casamento que se desfaz, filhos para os quais não tem tempo, novas realidades sociais a que precisa adaptar-se, amigos que como ele vão ficando cada vez mais velhos, uma realização profissional cada vez mais problemática, dificuldades económicas crescentes, uma televisão cada vez mais rasteira, o medo que transparece nas relações profissionais e descamba em verdadeiras velhacarias, e por aí fora.

Se é verdade que nem todos estes problemas podem ser atribuídos a Berlusconi, pelo que a sua presença no filme poderia ser considerada demagógica, também é verdade que uma envolvente social degradada em vez de constituir um "amparo" para as agruras da vida se transforma, isso sim, num propício caldo de cultura para todas as crises.

Uma outra questão levantada no filme, e da máxima importância, é a relação entre a emergência de uma figura caricata como Berlusconi e a inépcia continuada da esquerda italiana que, como se diz no filme, fez do ódio a Berlusconi o seu único e verdadeiro programa.


sábado, abril 07, 2007

Um óbvio plágio

O nome "dot.com" do filme do Luís Galvão Teles, que conta a história de um plágio, é ele próprio um óbvio plágio.

O site dotecome nasceu no ano 2000 e este blog dotecome veio à luz em 2004. Vou pedir uma indemnização de mil milhões...(não se assustem, isto é suposto ser uma piada mesmo que não pareça).

terça-feira, abril 03, 2007

As Vidas dos Outros

Ao ver o filme As Vidas dos Outros (2006), do alemão Florian Henckel von Donnersmarck, senti necessidade de escrever sobre ele. O filme questionava-nos a muitos de nós que tínhamos chegado a visitar a RDA (República Democrática Alemã) e a pensar que aquele regímen era, na Europa Oriental, um dos que tinha melhor vencido as dificuldades do "socialismo real" e onde era possível a "construção de uma nova sociedade". Posteriormente, com a queda do muro, começou-se verdadeiramente a perceber o atraso e a penúria daquele regímen, tão bem retratados no filme, controlado por uma partido único (neste caso uma coligação à força de partidos diferentes) e por uma polícia política tão omnipresente como era a Stasi.




Tenho encontrado nas várias críticas publicadas na blogosfera algumas referências ao carácter simbólico da situação descrita no filme – a tomada de consciência de um oficial da Stasi sobre os malefícios do regímen socialista – e houve quem o comparasse, numa crítica bem elaborada, com o célebre filme de François Truffaut, Fahrenheit 451, em que um bombeiro, que queima livros em vez de apagar fogos, vai progressivamente tomando consciência do horror que era viver numa sociedade que tinha eliminado para todo o sempre a leitura, a fonte de toda a infelicidade. Quanto a mim, apesar do filme poder corresponder à descrição de qualquer regímen que utilize a violência policial para controlar os cidadãos, refere-se à situação concreta do sistema opressivo existente na ex-RDA, que, dada a conhecida eficácia alemã, tinha das polícias mais bem organizadas da Europa de Leste. No caso vertente, isso consistia na vigilância dos intelectuais, estivessem eles ou não em sintonia com o regímen, pois mesmo que fossem seus defensores, como é o exemplo da personagem do dramaturgo Georg Dreyman, interpretada por Sebastian Koch, poderiam ser sempre potenciais dissidentes. O intelectual, em todos os sistemas ditatoriais, é sempre um ser pensante, fonte de desconfiança e de infidelidades várias.
Neste filme há duas tomadas de consciência em relação à situação opressiva que se vivia naquela sociedade, a do dramaturgo, provocada pelo suicídio de um seu companheiro de escrita e amigo, que estava impedido de publicar, e a do oficial da Stasi encarregue de exercer vigilância sobre o apartamento onde aquele dramaturgo vivia com a sua companheira, a actriz Christa-Maria Sieland, interpretada por Martina Gedeck, que era simultaneamente desejada pelo Ministro da Cultura. Posteriormente, a progressiva consciencialização das personagens leva-as a formas concretas de resistência, a do dramaturgo ao publicar no ocidente, com a ajuda de outros intelectuais, um artigo sobre a supressão na RDA de notícias relativas a suicídios, a do oficial, ao não denunciar a actividade do seu vigiado e ao evitar, pela eliminação providencial de uma máquina de escrever onde fora batido o artigo, a sua prisão.
Pode-se considerar que na vida real será pouco verosímil que um oficial torturador, era essa uma das actividades do capitão da Stasi, se transforme em vítima por sua própria iniciativa, já no filme a personagem do capitão Gerd Wiesler, interpretada por Ulrich Mühe, que passa de oficial respeitável a simples funcionário destacado para a abertura do correio, parece-me mais convincente. Contudo, ao contrário do que vi bastantes vezes referido, acho que a causa da sua traição foi mais o resultado da sua atracção pela actriz e o conhecimento que teve de que ela, para conservar a sua carreira, era obrigada a ter relações sexuais com o Ministro, do que por ter concluído que o objecto da sua vigilância não era desmascarar um dissidente encapotado, mas sim a eliminação de um rival dos desejos sexuais do Ministro.
Esta dupla tomada de consciência, sob o pano de fundo de uma RDA pobre e triste, decorre simultaneamente com a explanação do que é um Estado policial e persecutório, em que a vida e as carreiras são feitas de delações e pequenas cedências que, em último caso, pode levar ao suicídio, como sucedeu com a actriz, quando percebeu que a sua colaboração com a Stasi permitiria a prisão do seu companheiro. O filme termina, caído o muro e unificada a Alemanha, com a descoberta pelo dramaturgo de quem tinha evitado a sua prisão e escrevendo uma peça em homenagem àquele oficial da Stasi, que se tinha comportado como um homem bom. Estavam pacificadas as consciências.
Este filme, que recebeu o Óscar para o melhor filme estrangeiro, insere-se na recente produção alemã de média qualidade e de grande êxito comercial, que recuperou alguns dos temas do seu passado recente, quer do nazismo quer da reunificação. Como exemplo, temos A Queda – Hitler E O Fim Do Terceiro Reich (2004), de Olivier Hirschbiegel, Sophie Scholl – Os últimos dias (2005), de Marc Rothemund ou Adeus, Lenin! (2003), de Wolfgang Becker.
Ao contrário de Adeus, Lenin!, que tinha também uma visão bastante amarga da RDA, mas mostrava as dificuldades de integração dos habitantes de leste na nova ordem capitalista, As Vidas dos Outros estabelece uma continuidade entre a tomada de consciência e a opção de resistir dos dois alemães do leste e a nova ordem que resulta da reunificação da Alemanha. O dramaturgo depois de ter publicado no ocidente o seu texto de denúncia da ausência de suicídios na RDA continuará, a seguir à reunificação, a ser representado e a publicar peças de teatro. Sem desvalorizar este retrato impiedoso do socialismo real dado pelos dois filmes referidos, considero que estamos longe do cinema inquietante dos anos 70 de Rainer Werner Fassbinder (ver O Direito do Mais Forte à Liberdade, 1974), de Volker Schlöndorff (A Honra Perdida de Katharina Blum, 1975), de Margarethe von Trotta (Os Anos de Chumbo, 1981) ou do filme colectivo Alemanha no Outono (1977). Estes três últimos exemplos referem-se expressamente à forma repressiva e histérica como a Alemanha Federal reagiu aos atentados do grupo Baader-Meinhof e à sua prisão, os chamados anos de chumbo, parafraseando o filme de Trotta. É evidente que os tempos são outros, aos anos 60 e 70, de contestação política, estudantil e intelectual, seguem-se os da derrota e de denúncia daquilo que foi o embuste do socialismo real.
Adeus, Lenin! e As Vidas dos Outros são feitos hoje, depois da queda do muro, por realizadores que não faziam cinema naquela altura e a quem são concedidos meios para produzirem a sua obra. Por isso, a estes gostaria de acrescentar alguns filmes que fui vendo ao longo dos anos e que foram realizados por cineastas do sistema, em condições provavelmente mais adversas e reflectindo o circunstancialismo da época. Lembraria do cineasta polaco Andrzej Wajda, O Homem de Mármore (1977), do húngaro Pal Gabor, A Educação de Vera (1978), ou, mais recentemente, do russo Nikita Mikhalkov, O Sol Enganador (1994) ou do jugoslavo Emir Kusturica, Underground (1995). São filmes diversos, realizados por cineastas que tiveram percursos e opções posteriores diferentes, algumas contraditórias com o seu passado, mas cuja obra deveria ser revisitada, tendo em conta que muito do que hoje é dito já se encontrava aí expresso, numa perspectiva crítica, mas provavelmente com propostas de saída diferentes do que aquelas que, por exemplo, nos são apresentadas em As Vidas dos Outros.

terça-feira, março 27, 2007

NIGHT WALTZ

Ciclo Paul Bowles - NIGHT WALTZ

28 de Março de 2007
21h00 Pequeno Auditório

Concerto inserido no ciclo dedicado a Paul Bowles.
Inclui "Six Preludes" para piano solo e canções com letra de Tennessee Williams e Federico Garcia Lorca e música de Paul Bowles.

Parte do premiado filme "Night Walz", de Owsley Brown III, que incide justamente sobre a vida do compositor (e tem a sua música).

A interpretação é da pianista Irene Herrmann, acompanhada da voz de Mário Redondo.

sexta-feira, março 09, 2007

"As vidas dos outros" e as nossas


"As vidas dos outros" é um filme interessantíssimo.
A história muito bem construída prega uma partida ao espectador, o que resulta quase sempre, fugindo dos lugares comuns sobre o tema tratado, a sociedade da RDA (vulgo Alemanha de Leste).

Um fanático do regime compreende os seus erros e salva aqueles que devia perseguir pagando por isso com a destruição da sua carreira mas os seus chefes, boçais e nada idealistas, continuarão a prosperar mesmo depois da "reunificação".

Suspense, reviravoltas e emoções conduzem o espectador para a "conclusão" de que os sistemas de limitação das liberdades acabam sempre por se tornar pasto de todos os oportunismos e carreirismos em vez de serem, como muitas vezes se pensa, dominados pelos idealitas.

Uma outra questão interessante neste filme é haver em Portugal muita gente que viveu interrogatórios "pidescos" como aqueles que se vêem no ecran.

É duro constatar a semelhança entre a repressão que se praticava durante o "Estado Novo" e aquela que ocorria num país que, pelo menos até certa altura, era considerado como modelo por muitos dos que se batiam pela liberdade em Portugal.





quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Não me entendi com Babel



As leituras tinham aguçado o meu desejo de ver este filme de Alejandro González Iñárritu mas cofesso que constituiu uma enorme desilusão.

Os cordelinhos da trama estão demasiado à vista e é tudo bastante previsível.

Ao contrário do que o nome indica o filme não é tanto sobre a dificuldade da comunicação (como fazia o portentoso "Colisão") mas sim sobre a probalilidade de as coisas na vida correrem mal, ou muito mal.

O "folclore" das histórias que se desenrolam em continentes distintos e uma banda sonora que destrói o ritmo narrativo contribuem para o desastre.