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segunda-feira, novembro 19, 2012

Rui Tavares falha arremesso de adjectivo




Cobardes foram as pessoas que, terminada a manifestação, ficaram a assistir ao espectáculo das pedradas durante uma hora e meia, proporcionando refúgio e "enquadramento popular" aos arruaceiros. Provavelmente desejando, mas não se atrevendo, ao arremesso mas delegando noutros de cara tapada. Se essa gente se tivesse retirado do local provavelmente os apedrejamentos teriam cessado num ápice. 
Mas esses "inocentes" não conseguiam prever que, dadas as circunstâncias, mais minuto menos minuto, haveria uma carga policial ? Julgavam que a carga policial, quando acontecesse, iria ser feita com punhos de renda (em que paraíso celestial há cargas policiais desse tipo?)
A geração do Rui Tavares vive provavelmente com a nostalgia romântica das grandes resistências, ouviram contar aos pais e aos avós com que riscos se enfrentou em tempos verdadeiras cargas policiais de um estado verdadeiramente repressivo.
Para satisfazer tal nostalgia o artigo pretende insinuar que vivemos num estado policial que suspendeu as liberdades públicas.
Num país onde os ministros são insultados na rua impunemente, onde o parlamento é cercado dia sim dia não com ameaças de incêndio, esta tese é pelo menos ridícula.
Mas acima de tudo é um branqueamento revoltante do fascismo que Rui Tavares, ao menos como historiador, devia saber o que é.


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quarta-feira, março 21, 2012

O Ocidente e a China



Se houve há cinco séculos uma passagem do testemunho científico de Ocidente para Oriente, hoje há uma passagem de testemunho em sentido inverso quando cada vez mais ciência e tecnologia e cada vez mais produtos de base científico-tecnológica vêm da China. Hoje, os chineses são dos povos que mais participam no esforço científico global de descoberta do conhecimento em todas as áreas.


Ver o resto do texto de Carlos Fiolhais sobre o actual desenvolvimento científico da China




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terça-feira, junho 07, 2011

Período de reflexão



Nada pode escamotear a dimensão desta derrota para a esquerda portuguesa. Após anos em que teve uma sólida maioria sociológica no país, e após uma crise do capitalismo que lhe deu, temporariamente, uma hegemonia no discurso, com uma esquerda radical que tinha a maior proporção de votos da Europa, deixamos (eu incluo-me neste “nós”) o país nas mãos do FMI, do PSD mais neoliberal de sempre, e do CDS de Paulo Portas com o dobro dos votos do BE e do PCP. Não há ninguém de esquerda que possa olhar para este panorama e ficar satisfeito.
O discurso de “estivemos onde tínhamos de estar” e “estaremos onde tivermos de estar” é absolutamente inadequado para uma ocasião destas. Onde está a reflexão que permite saber onde se situa esse “onde”?
Nós à esquerda temos uma análise impecável desta crise. Impecável até demais. Sabemos onde falhou o sistema financeiro. Sabemos onde falhou o neoliberalismo. Sabemos onde falhou o centro-direita, e o centro-esquerda, e a social-democracia. Sabemos tudo, é fantástico. Só não sabemos responder a esta pergunta: onde falhámos nós?
Sim, porque nós havemos de ter falhado em qualquer coisa. Se não tivéssemos falhado, não teríamos a troika a tomar conta da casa. Se não tivéssemos falhado, não teríamos, dois anos depois de os bancos terem estourado com o sistema financeiro, o discurso hegemónico a estourar com o estado social em favor da mítica austeridade.
A esquerda não será séria se achar que fez tudo bem e que, para o futuro, só há que continuar a fazer o mesmo.
Para a esquerda, o tempo está virado do avesso. O dia das eleições foi ontem. O dia da reflexão só agora começou.
Ver este importante texto de Rui Tavares, completo, AQUI

quinta-feira, maio 05, 2011

Quem o feio ama bonito lhe parece

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Um erudito mal-intencionado varreria a genialidade de Eça de Queiroz reduzindo-o a um erro:
em Singularidades de Uma Rapariga Loura, o protagonista, Macário, parte para Cabo Verde, onde atravessa "rios tranquilos". Ora, em Cabo Verde não há rios... Nos tempos que correm, de informação abundante, esses caça picuinhas são risco de confusão, fujo deles. Tento perceber a linha geral. Entendi, por exemplo, pelas notícias do acordo com a troika, que isto está diferente do que se dizia, perdão, gritava. Amanhã talvez estude as incidências da subida do IMI e da descida do IMT, isto é, irei catar descuidos de Eça. Mas, por enquanto, fico-me nas linhas gerais: a troika, estrangeiros imunes à propaganda do Governo, acordou com ele condições melhores do que estávamos à espera. A causa só pode ser uma de duas, ou ambas. Ou não estávamos tão mal como Cavaco Silva disse em discurso catastrófico na tomada de posse. Ou a troika ajuda Portugal por razões que nos ultrapassam: preocupada com a falência iminente da Grécia, quer dar um sinal de apaziguamento aos mercados. A primeira hipótese é de conclusão menor: só confirma a irresponsabilidade política de Cavaco. A segunda prova mais. Para lá de termos de resolver um problema que só nós podemos resolver, a falta de crescimento, sobre a dívida há que reconhecer um inimigo externo. Nos próximos três anos, os partidos deveriam expressar uma vontade nacional.
Ferreira Fernandes no DN de hoje


Caro Ferreira Fernandes,

conto-me entre aqueles que apreciam as suas crónicas. É por isso que me custa constatar que uma pessoa como você se pode deixar enfeitiçar por certos discursos de sereia. Também eu posso invocar os clássicos, na circunstância o grande Shakespeare, para lembrar a poção de Oberon que levou Titania a fazer a triste figura de se apaixonar por umas orelhas de burro.

No seu caso a paixão oblitera a mais simples arquitectura do pensamento lógico.
Quando diz que "a troika, estrangeiros imunes à propaganda do Governo, acordou com ele condições melhores do que estávamos à espera" não seria prudente interrogar-se acerca da razão porque estava à espera do pior e quem lhe semeou na cabeça tais expectativas?
Será que "Cavaco Silva disse em discurso catastrófico na tomada de posse" que Portugal está tão falido quanto a Grécia?
Serão as duas hipóteses que apresenta as únicas possíveis? Ou há outras como, por exemplo, a Grécia não ter tido PEC1, nem PEC2, nem PEC3 antes da "ajuda internacional"? 
Como diz o ditado "quem o feio ama bonito lhe parece", e todos os que não o acharem bonito entram para o imenso rol dos "inimigos externos" atrás dos quais escondemos a nossa inépcia e os nossos vícios.
A sua lamentável crónica de hoje pode resumir-se a uma frase: congratulemo-nos porque afinal a nossa situação não é tão grave como a da Grécia.
Será isso suficiente para salvar a nossa democracia e o nosso país?

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sábado, janeiro 29, 2011

Yao Che, o outro planeta

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A atriz e "rainha" de microblog da China, Yao Chen, tornou-se a primeira pessoa a ter 5 milhões de fãs online, o que reflete o rápido desenvolvimento dos microblogs no país mais populoso no mundo.
Yao tinha 5.000.0001 fãs no t.sina.com.cn, site de microblog semelhante ao Twitter, que registra mais usuários no país em comparação aos outros sites de microblog, até às 14h34 da sexta-feira, e logo o número de fãs de Yao cresceu 3.744 em apenas uma hora e meia.
Yao foi considerada como "rainha de microblogs" pelo sina.com.cn, que informou que ela atrai internautas por dizer o que pensa como se estivesse conversando com amigos.
A atriz de 32 anos tornou-se famosa em 2006 pelo seu papel no seriado cômico "My Own Swordsman". Ela também teve sucesso na série televisiva "Lurk", em 2008.
Entre os dez microblogs mais populares do mundo, o de Yao é o primeiro que não pertence ao Twitter, de acordo com a empresa de marketing de mídia social asiadigitalmpa.com.
O número de fãs do microblog de Yao ultrapassou o de Oprah Winfrey, apresentadora de TV dos Estados Unidos.
O serviço de microblog Sina contava com 50 milhões de usuários até outubro de 2010.
Um total de 157.542 mensagens foram postadas nos primeiros dez minutos de 2011, ou 2.625 por segundo.
Os usuários de microblog na China totalizaram 53,11 milhões, ou aproximadamente 13,8% dos internautas chineses, até o final do ano passado.

Xinhua

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segunda-feira, setembro 27, 2010

Profecia

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Miguel Sousa Tavares, Expresso 25.09.2010

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quinta-feira, setembro 02, 2010

Doutores ou engenheiros

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Nos anos 30 do século XIX, Almeida Garrett cunhou o famoso chiste “Foge, cão, que te fazem barão. Para onde? Se me fazem visconde.”
Numa tentativa de o adaptar ao Portugal actual sugiro  "Foge, rafeiro, que te fazem engenheiro. Vá para onde for chamam-me doutor.”



Vem isto a propósito do texto "Doutores ou engenheiros" que publiquei no "Delito de Opinião" respondendo a um simpático convite do Pedro Correia.  Trata deste tema.

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quinta-feira, junho 10, 2010

E vão 6

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Pois é, é estranho mas o DoteCome Blog nasceu mesmo no dia de Portugal.
Faz hoje seis anos.
Nesta idade que mais podia fazer senão colorir um desenho ?
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terça-feira, abril 06, 2010

VIDAGENS - 50 anos 200 fotos



Vidagens é um vocábulo que inventei para designar a exposição destas 200 fotografias. Foram feitas em dezenas de países, ao longo dos últimos 50 anos. São quase sempre fotografias de pessoas- muitas pessoas- e dos seus lugares. Esta é apenas uma das várias selecções possíveis a partir do extenso material com que tenho tentado ilustrar a maravilhosa diversidade do mundo. (ver aqui)

Quem é quem na internet chinesa


O conflito entre a Google e o governo chinês, por causa da censura nas buscas, fez aumentar a curiosidade acerca do "quem é quem" online na China.
Já quase toda a gente sabe que o principal motor de busca na China é o Baidu - 百度 Com mais de 60% do mercado da China é também o terceiro maior motor de busca do mundo . Mas a internet chinesa tem outras estrelas. Aqui ficam alguns números.

A China reúne 384 milhões utilizadores de Internet. Destes, 221 milhões têm blogs.
108 milhões de chineses fazem compras online e 321 milhões de pessoas realizam downloads de música.
Tencent, o principal portal chinês, agrega mil milhões de contas e 485 milhões de utilizadores activos.
A rede social Qzone reúne 310 milhões de utilizadores e o Renren, uma espécie de Facebook, tem 200 milhões de utilizadores (55 milhões via telemóvel).

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sexta-feira, agosto 28, 2009

Aprovada lei das "uniões sexuais fortuitas"

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A maioria do Partido Socialista aprovou ontem, com os votos do PCP e do Bloco de Esquerda, a lei que regula a situação jurídica das pessoas em "união sexual fortuita, independentemente do sexo". Foi um debate agitado na Assembleia; esquerda e direita acabaram divididas; PSD e CDS votaram contra. Os social-democratas acusaram os socialistas de querer "regulamentar a liberdade de convivência sexual, inscrita na Constituição". Já os socialistas censuram o "conservadorismo desta direita atávica", cega a "realidades sociais em emergência como a união sexual fortuita".O facto mais surpreendente foi todavia a abstenção de cinco deputados do PS, liderados por Vitalino José Seguro, que apresentaram uma declaração de voto contra "a descaracterização e bloquização do código genético do PS". Nas galerias na Assembleia, alguns casais em "união sexual fortuita" pelo menos desde a véspera também assistiram ao debate. Saíram satisfeitos. "Já não somos párias sociais. Temos mais regras e deveres, mas mais liberdade."
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domingo, junho 28, 2009

Futilidades

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António Barreto (Retrato da Semana no Público, 28.06.2009)

Um conjunto de argumentos põe em relevo as vantagens partidárias. Se os votos forem separados, ganham uns partidos, se forem no mesmo dia, ganham outros. A mesma coisa, ou parecida, se as legislativas se realizarem antes ou depois das autárquicas. Quer isto dizer que ninguém tem legitimidade para preferir uma data ou uma ordem: imediatamente lhe saltam em cima com acusações de interesses ilegítimos e de oportunismo. Quem assim faz esquece-se de que os argumentos são totalmente reversíveis.

Outro argumento é o dos custos. Nem sempre se percebe se estamos a falar de custos directos para os votantes, despesas para os partidos ou encargos públicos. De qualquer modo, quem alude aos custos está em geral a pensar nos interesses dos partidos. Com efeito, quem quer as eleições separadas garante que a democracia bem merece um punhado de euros, enquanto os que desejam actos conjuntos referem a poupança assim obtida. É, no entanto, certo que a despesa ou a poupança não parecem um argumento muito forte.

O aparentemente mais sério argumento é o da abstenção ou da participação. Também neste domínio, a consistência não é visível. Juntar eleições, para uns, significa mais participação; separá-las, para outros, teria o mesmo efeito.

Não consta que haja solidez nas razões apontadas. Nem sequer estudos concludentes. A única dúvida razoável é a que alude ao cansaço: maçados com duas deslocações seguidas à distância de uma ou duas semanas, os eleitores poderiam optar por apenas uma. Mas são meras suposições. Além de que não se sabe muito bem se seria a primeira ou a segunda a sofrer dessa terrível fadiga. Como não se sabe se o cansaço é argumento mais importante do que a natureza das eleições e o que está em causa. Apesar de anónimas e limitadas aos emblemas dos partidos, as legislativas chamam mais eleitores. Mas as "grandes figuras" municipais também têm algum efeito. Reflexão tortuosa é a que se apoia na previsão das intenções dos eleitores. Nas autárquicas, diz-se, os cidadãos querem escolher um presidente de câmara e bater no Governo. É estranho, mas é o que consta. Nas parlamentares, os mesmos eleitores esquecem tão vis desejos e designam racionalmente o Governo que preferem. As estatísticas eleitorais sugerem alguma coisa, nomeadamente o facto de poder haver diferenças na orientação de voto entre as duas eleições, assim como uma maior presença do PSD nas autarquias (o que não é uma regra absoluta). Mas não são constantes que permitam certezas.

O último dos argumentos é o mais brutal. Juntar eleições teria como efeito criar a confusão nos eleitores. Já desorientados com a existência de três boletins de voto (freguesia, assembleia municipal e vereação camarária ou presidente da câmara), ficariam completamente perdidos com a eventualidade de terem de lidar com quatro. Muitos votos ficariam assim perdidos. Brancos e nulos, possivelmente. No partido errado, com certeza.

É comovedor este desvelo dos partidos e de alguns comentadores encartados. O esforço que fazem para cuidar dos pobres cidadãos, tão vítimas de manobras, tão deficientes mentais e tão incapazes de decidir por si! A minuciosa atenção que prestam aos eleitores, tão frágeis e vulneráveis, que perdem literalmente a cabeça perante quatro boletins de voto! Se repararmos bem, quase todos os argumentos conduzem ao mesmo: a incapacidade dos eleitores, a sua falta de discernimento, o seu cansaço fácil e a rapidez com que se confundem. Na verdade, esta discussão ridícula tem um só objectivo, o de começar a arranjar explicações para os fenómenos que os incomodam: derrotas eleitorais e elevadas taxas de abstenção. Na noite (ou nas noites) das eleições de Outubro, já sabemos qual a justificação que mais vezes se vai ouvir: a data das eleições é a culpada.

A propósito das datas e seguramente em consequência da abstenção nas europeias, já começou a ladainha piedosa dos que querem o bem dos cidadãos e a nobreza da democracia. Já se ouvem propostas para "melhorar o sistema" e dar novo "tónus" à democracia. Em vez de se inquietarem com a fictícia democracia europeia e a inutilidade do Parlamento Europeu, propõem que o voto seja obrigatório! Em vez de pensarem na reformulação de alguns processos, designadamente no voto pessoal, sugerem punições para quem escolhe abster-se! Preparemo-nos, pois, para a próxima revisão da Constituição. Lá veremos dispositivos para reforçar a democracia. Sempre com um denominador comum: a cegueira perante as deficiências do nosso sistema e a vontade de resolver os problemas com normas legais e punitivas. Já agora, uma modesta contribuição: as eleições deveriam ser obrigatoriamente em dia de chuviscos. Mas não de mais, que levam as pessoas a ficar em casa, nem de menos, que deixam os eleitores ir à praia.

quinta-feira, abril 23, 2009

Um (J)AWARD que até arrepia

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O José Simões, no seu DER TERRORIST, fez a fineza de me laurear com o (J)AWARD que ilustra este post. Agradeço a distinção por vir de quem vem, e mais não digo.

Só lamento não estar em condições, por falta de jeito, para continuar a corrente de nomeações. Só de pensar nisso fico todo arrepiado.

quarta-feira, abril 01, 2009

O mundo antes da vitimização

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"Tudo isto me veio à cabeça quando fui ver esse filme bem escrito e inteligente que é “Gran Torino”, de Clint Eastwood (e a América de Eastwood dava um livro). O filme não é sobre violência urbana nem tolerância nem racismo nem nenhum dos temas modernaços. O filme é sobre os anos 50 e o que deles sobra. Sobre um modelo de sociedade em que a pessoas eram responsáveis por si e não dependiam dos outros nem do Estado. Em que não precisavam de ser salvas e conviviam com os seus erros e fracassos sem desculpas. A vitimologia ainda não tinha sido inventada. Muito menos o reality show e a venda da dignidade. Nem os antidepressivos para curar a mania das compras ou do sexo. Do the right thing. Faz a coisa certa. Andámos um longo caminho. E agora, que perdemos tantas coisas, talvez fosse bom recuperar algumas. Respeitar mais as concretas mãos e menos o dinheiro abstracto. Deitar menos coisas fora. Consertar outras. Respeitar o planeta e a rua, deixando de os usar como lixeira à espera que o Estado venha atrás com o aspirador (já olharam para uma fotografia de rua de Lisboa nos anos 50?). Poupar os carros. Comprar menos tecnologias que nos despersonalizam e nos tornam twittering pardais afogados em pios irrelevantes. Escrever com a mão. Ler um livro com páginas de papel. Mexer na terra. Cozinhar com tachos e com colheres de pau. E contratar a melancolia do amola-tesouras para nos afiar as navalhas. Vamos precisar delas. "
Clara Ferreira Alves, Expresso 28.03.2009
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domingo, março 01, 2009

Queremos Wen Jiabao no Twitter

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Pequim, 28 Fev (Lusa) - O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, declarou hoje que os chineses "têm direito a criticar o Governo", no seu primeiro encontro com internautas do país.
Wen Jiabao, que apenas pôde responder a algumas das dezenas de milhar de perguntas que lhe foram dirigidas desde que o "histórico" chat foi anunciado hoje de manhã, afirmou que a população "tem o direito de saber o que o governo está a fazer e a pensar e a expressar as suas críticas acerca da política governamental".
O primeiro-ministro respondeu a dúvida dos internautas sobre a actual crise e as medidas de Pequim para combatê-la, as relações com o Governo dos Estados Unidos e inclusive questões sobre o sapato que lhe foi atirado por um estudante alemão durante a sua visita à universidade britânica de Cambridge.
"O que primeiro me veio à cabeça foi que devia manter a dignidade nacional e como ser humano. Também manter a amizade entre a China e o Reino Unido", respondeu sobre esta matéria, assegurando que se o incidente fosse repetido permaneceria imóvel, "inclusive se lhe atirassem algo perigoso".
O primeiro-ministro, que goza de grande popularidade entre os chineses, seleccionou duas dezenas de perguntas entre as mais de 14:000 que os internautas emitiram e manteve a conversação através dos portais Web da agência noticiosa oficial - "Xinhua" - Nova China (www.xinhuanet.com) - e do Governo (http://www.gov.cn/).
Ler o resto AQUI

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quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Chicos e Marcelos


Uma coisa é certa: um Chico-esperto não é um Marcelo-esperto. O José Simões explica aqui muito bem porque é que o povo até tem votado neles (por enquanto).
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terça-feira, fevereiro 24, 2009

Viva a biodiversidade

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Torna-se cada vez mais penoso deambular pela blogosfera à medida que se generaliza a repetição dos temas tratados, mera caixa de ressonância da comunicação social.

Quer seja uma sentença "nevoenta", ou uma travessura de Courbet atingida por surpreendente desratização em Braga, não há cão nem gato que não se sinta na obrigação de referir o assunto e expor os bigodes (não, não são os do polícia).
Na maior parte dos casos sem adiantar uma ideia ou informação nova.

Assim não dá gozo nenhum. Viva a biodiversidade.

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quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Fórum, blogue, twitter...

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No meu post anterior dei conta da existência do "arquivo morto" do DOTeCOMe Forum.
Por causa disso fui levado a pensar sobre a evolução, e a força das modas, nos últimos anos.
Em 2002, apenas há meia dúzia de anos, o formato do fórum era claramente preferido para a troca de ideias. Hoje está moribundo.
Digo isto sem qualquer saudosismo, é apenas a constatação de um facto.

O formato do fórum é muito mais adequado à discussão de qualquer assunto pois a estruturação e a resposta às intervenções é inquestionávelmente mais clara e confortável do que nos blogues.
Porque foram estão preferidos estes últimos ?

Eu arriscaria dizer que o fórum corresponde à conversa de café, para a qual já poucos têm tempo ou pachorra, enquanto que o blogue é semelhante às bocas que se mandam quando se encontra um amigo no corredor do shopping.

Agora os próprios blogues estão a ser atacados pela lógica SMS do TWITTER; em vez da opinião, ou das bocas, entramos assim no terreno do sound bite. Há claramente uma aceleração; subalterniza-se o conteúdo em favor da actualidade.
Não sei se é uma boa escolha. Continuo a pensar que devemos dar prioridade ao que é importante e não ao que é urgente.
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quinta-feira, janeiro 29, 2009

UM POVO FELIZ: AQUI!

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Ontem, em Davos, Vladimir Putin disse sobre a crise financeira: "É uma perfeita tempestade." E avisou: "Estamos no mesmo barco." Estamos, entenda-se, os 191 países da ONU. O mundo inteiro à deriva! Alguém me sopra ao ouvido: "Os países da ONU são 192..." Pois eu explico: falo mesmo de 191. É que há uma espécie de aldeia gaulesa, no canto ocidental do continente europeu, imune à tempestade. A OIT avisou, também ontem, que este ano poderá haver mais 51 milhões de desempregados, mas isso passa ao lado de Portugal, orgulhosamente só. E, desta vez, sem orgulho tolo: parece-me que a coisa nos corre mesmo bem. Fiquei a sabê-lo, ontem, no debate parlamentar entre o Governo e os deputados. O tema principal era sobre "as políticas económicas e sociais." Com todas as notícias desastrosas que vinham lá de fora, o tema preocupou-me: queres ver que a crise já cá chegou? Mas, no fim, suspirei de alívio. O Governo e a Oposição mergulharam (não se assustem, por cá as águas são mansas) na discussão sobre propaganda, ou não, de um pretenso relatório da OCDE. Não tenho mais nada para dizer. Os povos felizes não têm história.
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"ENCONTREI UM POVO FELIZ: AQUI!"
Ferreira Fernandes, DN 29.01.2009

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sexta-feira, janeiro 23, 2009

Fartos da birra

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"O primeiro-ministro anunciou, enquanto secretário-geral do PS, que na sua moção para o próximo congresso do partido propõe a legalização do casamento civil das pessoas do mesmo sexo. O anúncio teve lugar domingo passado. O assunto foi objecto de destaque nas notícias, nomeadamente quanto à hipótese de essa legalização incluir ou não a possibilidade de adopção. Esse destaque não resultou, no entanto, naquilo que normalmente se segue ao anúncio de uma medida considerada polémica: não houve declarações inflamadas da oposição (nem à esquerda nem à direita), nem debates na TV com gente contra e a favor. Os representantes das associações LGBT, que deviam ser disputados em noticiários televisivos, não deram sinal de vida na pantalha - à excepção da TVI, ninguém os chamou. Nem a sempre instantaneamente excitada blogosfera deu sinal de indignação. Será que afinal a medida é pacífica?"
Fernanda Câncio no DN 23.01.2009 e no JUGULAR.

A reacçao da Fernanda é como a das crianças que têm a mania de fazer birras rojando-se pelo chão e que, um dia, os adultos resolvem ignorar e deixar fazer o que lhes passar pela cabeça.

Acabou-se a graça da birra ou, no caso vertente, a romântica luta na defesa dos perseguidos (neste caso os perseguidos têm força suficiente para torcer Sócrates, o que nem os professores ainda conseguiram).

Do alto da sua autoridade democrática, numa fase da vida em que pode bem com as chantagens, Mário Soares veio, no Público, reduzir a questão à sua modesta dimensão:
"Os casamentos entre homosexuais são (questões) de consciência complicadas, não são esses os problemas fundamentais... mas há certos radicais que querem ir adiante para mostrarem que são de esquerda".

Aqui ficam algumas pistas para a Fernanda perceber porque razão o anúncio de Sócrates não causou alarido:

1. o pessoal acha que este é um "não problema"
2. o pessoal está farto de aturar birras
3. o pessoal já sabe que Sócrates, como em geral os políticos em vésperas de eleições, quer jogar pelo seguro e portanto não há mais nada a fazer.

A Fernanda devia tentar perceber que a generalidade das pessoas que se opõem ao tal casamento (parece que são a maioria) não querem perseguir ninguém. Quem é contra o casamento hetero, não está numa de perseguir os heteros, nem quer acabar com as relações heterossexuais. Acha apenas que o casamento é uma instituição desnecessário ou mesmo prejudicial.

Num momento em que devíamos estar todos a gritar "acabem com todos os casamentos" aparecem uns maduros, cujo charme podia precisamente ser irem contra as convenções. a dizer que querem ser como os mais convencionais dos burgueses.

Mais uma vez lhe digo: sou contra o casamento, e em especial o casamento gay, por razões estéticas. Mas se os gays querem fazer figuras ridículas e casar-se, eu por mim tudo bem, não haverá nenhum cataclismo.
Realmente tenho mais em que pensar. Que sejam muito felizes e tenham muitos meninos (adoptados, bem entendido)
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