sexta-feira, outubro 31, 2008

E hoje ? há condições para uma Revolução ?

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Domingos Lopes, no Público de hoje, mostra-se chocado com o retrocesso na abordagem da derrocada da URSS patente nas Teses do próximo Congresso do PCP.

Eu já tinha falado desta questão aqui . Continuo a achar que a crítica deste retrocesso não deve implicar a "absolvição" das Teses de 1990. Também elas, embora menos anacrónicas, falhavam o essencial: explicar o "porquê" e não o "como".

Por exemplo dizer que "o marxismo-leninismo foi frequentemente dogmatizado para justificar práticas ultrapassadas e aberrantes" é apenas descrever "como" a URSS descambou e não esclarecer "porque" é que isso foi possível e realmente aconteceu.

Em minha opinião é tudo muito mais simples: A grande Revolução de 1917 veio antes de tempo, foi prematura. Nas condições concretas em que aconteceu, no plano tecnológico e de maturação do capitalismo, o sucesso da URSS comunista era práticamente impossível.

A grande pergunta que resulta é: e hoje ? as condições já estão criadas ? É isso que muita gente anda, ou devia andar, a tentar compreender.

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2 comentários:

antónio m p disse...

Se hoje choveu foi porque as condições para chover já estavam criadas, caro F. Penim. O que se pode pôr em dúvida é se a Revolução Soviética deveria e poderia ser feita de outro modo. Mas não será demasiado ociosa essa questão?

Outra coisa é saber que percursos viciosos ela tomou. E que apreciações ambíguas ou mesmo fraudulentas outros têm feito acerca do seu percurso. Sobretudo o que têm omitido e porquê e com que prejuízo para a História.

E mais: o que há na arquitectura do próprio sistema que cria as condições para o descaminho.

F. Penim Redondo disse...

Caro António,

Longe de mim querer travar quem se revolta. Acho é que quem se revolta era bom que tivesse uma ideia do caminho que vai trilhar e daquilo que pode obter.

No caso da Rússia eles tinham mais do que razões para se revoltar: a guerra, a miséria e os restos da servidão feudal. Isso resolveram.

Nós que podemos olhar retrospectivamente temos a obrigação de aprender com os erros cometidos.

Eu continuo convencido de que não se decretam novos modos de produção. A URSS estava num caminho sem saída e talvez isso explique porque é que a partir de certo ponto surgiram as situações aberrantes e o sistema se tornou autofágico.
A China, perante o mesmo probema, escolheu uma via original; uma espécie de hiato capitalista para esperar uma nova vaga revolucionária ? Veremos o que acontece.