segunda-feira, agosto 28, 2006

Antonioni 75 - já não se fazem filmes assim


Não percam "Profissão: Reporter" de Michelangelo Antonioni, uma obra prima de 1975. Enquanto nós vivíamos o "verão quente" Antonioni filmava esta história de desistência e fuga.
Tenho a sensação (passe o saudosismo) de que já não há filmes assim. A textura dos lugares e das coisas, a densidade das "histórias" e o enigma do desenlace impressionaram-me profundamente.

A ver enquanto é tempo.
Se não for possível pode sempre visitar o site do filme



terça-feira, agosto 22, 2006

«Sonhar com Xangai»


Mais uma sugestão para quem optou por um Agosto lisboeta.
Não sei se será um grande filme, mas é, com certeza, mais uma achega para continuar a tentar perceber o percurso dos chineses.

Ainda "O Nariz"


Em Julho 2006 o Teatro Nacional de S. Carlos levou à cena, com assinalável sucesso, a ópera "O Nariz" de Chostakovitch.

Aqui ficam dez fotografias dessa produção.

terça-feira, agosto 15, 2006

Colecção Rau

Retrato de uma jovem, B. Luini, 1525


Nestes dias em que Lisboa está deliciosamente deserta aproveite para ir ao Museu Nacional de Arte Antiga ver, antes que termine, a belíssima Colecção Rau.
Gustav Rau, médico que dedicou a sua vida a acções humanitárias, legou esta valiosíssima colecção à UNICEF e nós, ao visitá-la, estamos também a contribuir para os meritórios fins dessa organização.


S. Domingos em oração, El Greco, 1600-1610

sexta-feira, agosto 11, 2006

Silly Season



Em plena "silly season" aqui vai um link para encontrar boas sugestões de...


domingo, agosto 06, 2006

Costa Rica: um país pintado de verde


Ao sétimo dia, antes de descansar, Deus pegou numa paleta, só com tons de verde, e divertiu-se a pintar um pedaço de terra entalado entre o Atlântico e o Pacífico. Isto podia ser uma lenda sobre a origem de um país que foi baptizado por Cristóvão Colombo e onde passei agora alguns dias.

O olhar do turista sofre sempre de um certo estigmatismo, mas não deixa por isso de ser legítimo. E foi com ele que gostei de ver a Costa Rica. Passei por cinco das suas sete províncias e parece que fiz cerca de 1.300 km por terra e por rio, o que já dá para ter algumas opiniões.

O país tem quatro milhões de habitantes, é pouco maior do que metade de Portugal e cerca de um terço da sua área é protegida ecologicamente. Está na moda como destino turístico (mas ainda se circula sem multidões) e diz-se que é a Suiça da América Latina – talvez porque tem montes e não tem exército, mas não há neve nem relógios de cuco e, sobretudo e felizmente, não há suíços.

Voltando ao verde. Com um clima tropical e subtropical, tem uma selva luxuriante, com uma flora variadíssima. Atinge-se facilmente quase 100% de humidade – aliada garantida de mosquitos devoradores e inimiga de máquinas fotográficas digitais (que deixam rapidamente de funcionar, provisória ou definitivamente).
Gostei especialmente de um dos parques naturais em que estive: Tortuguero, na costa atlântica. Por razões ecológicas, não é acessível por estrada. Tem um aeroporto minúsculo, mas o meio habitual de se chegar é por rio, numa viagem de quase duas horas. É então que se mergulha no verde. Por vezes, caminha-se por trilhos com vegetação tão cerrada que se ouve chover sem que a chuva chegue ao chão. É-se acordado a meio da noite por trovões e chuvadas monumentais e, às cinco da manhã, por simpáticos macacos roncadores. Foi lá que vi a cabeçada de Zidane na final do Mundial – estranha e única imagem de um outro mundo. Bem mais saudável foi ver as tartarugas – também verdes — que vieram desovar na praia em noite de lua cheia. Tudo verde? Nem por isso: vi rãs encarnadas. Confesso que fiquei rendida, eu que nem sequer sou muito dada a expedições ecológicas.

Há muitos outros parques, vulcões, termas paradisíacas em cascatas a várias temperaturas, borboletas azuis, etc., etc. Levaria horas a contar histórias.


Além disso, há um país para tentar perceber minimamente.
A Costa Rica é considerada um caso de sucesso e percebe-se porquê: além do Atlântico e do Pacífico, «entalam-na» o Panamá e a Nicarágua, vizinhos não muito desejáveis. Entre guerrilhas sandinistas de um lado e Noriegas do outro, a Costa Rica mantém uma sólida democracia desde 1949. Entrou nesse ano em vigor uma constituição que atribuiu direito de voto universal aos dezoito anos (inclusive às mulheres e aos negros) e que aboliu as forças armadas. Iniciou-se assim um historial de pacifismo, especialmente significativo no contexto geoestratégico em que o país se insere.
O sistema político é presidencialista, com a presidência da república e a chefia do governo asseguradas pela mesma pessoa. Foi este ano reeleito para o cargo Oscar Arias Sánchez que já o ocupara entre 1986 e 1990. Datam de então a sua firme oposição a que os Estados Unidos utilizassem a Costa Rica como base para atacarem a guerrilha nicaraguense e um Prémio Nobel da Paz que lhe foi concedido, em 1987, por ter conseguido que alguns países da América Central (Nicarágua, Guatemala, El Salvador e Honduras) chegassem a acordo sobre um plano de paz que ele próprio elaborou. O presidente é assessorado por dois vice-presidentes, cargos que, no actual governo, são ocupados por mulheres.

Vários indicadores revelam o sucesso de que se fala. Apenas um e dos mais significativos: o grau de literacia é muito superior ao dos vizinhos mais próximos e ultrapassa também o de Portugal: 96% versus 93,3%, com os mesmos critérios, devido a uma diferença de 5%, no caso das mulheres, a favor da Costa Rica!... Aliás, a aposta na educação desde 1949 é apontada como uma das causas do referido sucesso e faz com que, a par do turismo e da agricultura, a indústria de «microchips» e o desenvolvimento de «software» estejam já entre as principais fontes de receita. As telecomunicações são excelentes (tive cobertura de rede de telemóvel e «roaming» mesmo no meio da selva) e, num dos hotéis em que estive, paguei $12 por uma sopa mas a utilização da Internet era gratuita e ilimitada. A estabilidade política, os elevados níveis de qualificação das pessoas e o turismo atraem cada vez mais investimentos estrangeiros. O índice de pobreza terá diminuído significativamente nos últimos quinze anos e a taxa de desemprego é inferior à portuguesa.

Dito isto, a Costa Rica é um país modesto. As estradas são más (péssimas, por vezes), a arquitectura de luxo não passou por ali, as povoações são aglomerados feiosos, as pessoas têm um ar muito simples. Visto a distância, Portugal parece um país de milionários, Lisboa é Paris quando recordada em S. José. Qualquer coisa está errada: ou uns vivem abaixo do que podem, ou os outros acima. De que lado estará o erro? Daqui a alguns anos, alguém verá. Eu tenho a minha opinião – oxalá me engane.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Provença via Barcelona



Memórias visuais de uma viagem à Provença, feita em Junho, via Barcelona. Pode ver aqui

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terça-feira, agosto 01, 2006

Para um inventário dos males do mundo



Basta abrir a caixa do correio...