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Todos os dias cresce o número daqueles que descobrem a vulnerabilidade do sistema capitalista, ou mesmo a iminência da sua derrocada.
É bom que assim seja, mesmo que tarde e a más horas.
Não sei se é igualmente claro para todos que não podemos proceder ao funeral antes de termos algo que funcione para ocupar o vazio.
Aí é que as declarações bombásticas hesitam e se conclui que não foram feitos os trabalhos de casa.
No Público de hoje o Professor João Caraça diz, entre outras coisas, o seguinte que é paradigmático:
"Uma imensa tristeza apoderou-se dos países do Ocidente, especialmente da nação norte-americana. A crise do sector financeiro ameaça estender-se a toda a economia e ninguém parece saber como debelá-la. "
..."Não admira que andemos tristes. Como foi possível a tantos de nós confiar numa mão-cheia de mentiras? Penso que houve duas razões principais. A primeira, por esquecermos os ensinamentos da História. A segunda, por não anteciparmos suficientemente as mudanças que se avizinham."
..."Não percebemos que com as novas tecnologias da informação, que permitem um controlo muito mais eficaz das operações a maior distância, se foram dissociando igualmente os diferentes níveis da grande empresa industrial do século passado. E que, com essa separação, foi desaparecendo igualmente a solidariedade inscrita no seio das nações industrializadas: a unidade entre a questão económica e a questão social. "
..." A crise de agora é de passagem, preparação e selecção dos vencedores da próxima grande mudança estrutural na economia mundial que virá dentro de dez a 20 anos. "
..."Por este motivo a palavra "confiança" voltou com tanta força à ribalta. As instituições americanas de gestão do risco financeiro foram abaladas. Aguentarão? Ou haverá noutras regiões do mundo instituições e redes que saibam tirar partido desta crise e se perfilem para convencer o mundo de que irão conduzir melhor os riscos e as oportunidades que surgirão na próxima grande transformação estrutural? Infelizmente não é o futuro que o dirá; é a visão estratégica e capacidade de o anteciparmos, hoje. De que estamos à espera? Não há tempo a perder. "
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"Cancelamentos culturais" na América (2)
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