quinta-feira, outubro 23, 2008

De Ressurreição em Ressurreição...

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O país está suspenso de uma decisão: Santana concorre ou não à Câmara de Lisboa ?

Ele pode ter muito mais defeitos do que aqueles que todos nós conhecemos no "político médio" português mas está em vias de se tornar um "imortal", acima das derrotas e das campanhas assassinas da media.

À direita há reacções várias.
Inez Dentinho no "Geração de 60" enumera as obras do edil Santana em Lisboa para mostrar que ele não tem que temer o combate com o "desmotivado" António Costa.
Ana Sá Lopes, no Público, em artigo que merece ser lido, diz coisas como:
"O dr. Santana Lopes pode ter dez ou 12 vidas, pouco importa. Em Portugal, onde a memória é curta, qualquer político tem as vidas que quiser: é uma questão de interesse ou de oportunidade. Sem sobressaltos de maior, o "fugitivo" de ontem transforma-se, de um dia para o outro, num portentoso candidato presidencial, capaz de redimir a pátria da sua apagada e vil tristeza. Basta registar o entusiasmo com que a maioria dos comentadores se refere ao promissor futuro do eng. Guterres ou do dr. Durão Barroso. "
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"Como o país a que pertence, a classe política é pobre, fraca e limitada. Daí a rotatividade das mesmas figuras, a ressurreição de uns tantos "mortos", a desresponsabilização geral e o permanente ajuste de contas em que cai invariavelmente qualquer debate."
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"Mas convém ter presente que a inesperada ressurreição de Santana Lopes revela mais sobre o partido que a critica do que sobre os eventuais métodos do candidato. Se a classe política é, como já disse, fraca, pobre e limitada, na oposição revela-se quase inexistente."

À esquerda está a acontecer "o do costume" quando Santana entra em cena. A gritaria oscila entre a incredulidade e a fúria como se faltassem argumentos e projectos e a "defesa do convento" tivesse que ser feita "homem a homem". Nunca gostei deste estilo que já obrigou algumas vezes a canonizar à pressa quem fora excomungado tempos atrás.

No conto da nossa infância havia um Pedro que tanto gritou "vem aí o lobo" que as pessoas deixaram de vir em seu auxílio. Agora parece que há um lobo que se farta de gritar "vem aí o Pedro" e, com excepção dos comentadores de esquerda, há cada vez menos quem se rale com isso.

Assalta-me a dúvida sobre se Santana não se teria já retirado da vida política no caso de as suas investidas terem deixado de provocar estas reacções.
Afinal a sua popularidade é alimentada pelos seus inimigos que parecem não perceber que estão a fazer dele um "estadista" cujo estatuto é imune aos resultados e que continuará a sua carreira de ressurreição em ressurreição.

Para quem é considerado uma nulidade este desfecho pode ser considerado notável.

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