terça-feira, agosto 30, 2011

Sair de casa dos pais



A esquerda actual mantém com o capitalismo uma relação de adolescente. Faz lembrar aqueles trintões que vivem em casa dos pais, sempre a bramar contra as ingerências e limitações, mas que não estão dispostos a fazer os sacrifícios e correr os riscos de uma vida independente.

.

domingo, agosto 28, 2011

The suffering of light

.



Foi publicado já este ano, pela Aperture Foundation, um livro dedicado ao trabalho fotográfico de Alex Webb durante os últimos trinta anos.
É emocionante folhear este livro que parece um repositório de grande parte das fotografias que eu gostava de ter feito (de saber fazer). Alex Webb, que eu ainda não conhecia, entra assim, directamente, para a lista curta dos fotógrafos que eu admiro de forma ilimitada.






.

domingo, agosto 21, 2011

O capital não tem pátria



A maioria das empresas do principal índice da bolsa criou sociedades gestoras de participações sociais em Amesterdão, Luxemburgo e Dublin, que, de acordo com especialistas, trazem vantagens fiscais. 
O tema é manchete do jornal Público , que escreve que 20 maiores grupos económicos em Portugal têm 74 sedes no estrangeiro e que preferem abrir sedes em países europeus com menor carga fiscal e em paraísos fiscais.


Eu também posso escolher em que país pago os meus impostos?


O capital não tem pátria e, por causa disso, a pátria não tem capital.


.

sexta-feira, agosto 19, 2011

FROM A DISTANCE

.



Parece-me adequado publicar mais um livro on-line no Dia Mundial da Fotografia




.

Dia Mundial da Fotografia

.



Hoje, 19 de Agosto, é Dia Mundial da Fotografia.
Aqui fica um link para que possam associar-se às comemorações:

.

quarta-feira, agosto 17, 2011

Os "mais desfavorecidos"

.

Há em Portugal um estrato social essencialmente mitológico mas de uma enorme utilidade. Todos os dias é referido, e palavrosamente defendido, por todas as forças políticas, sindicais, religiosas e governamentais: os "mais desfavorecidos".

Mas os "mais desfavorecidos" nunca dão a cara, estão sempre na ribalta por interposta pessoa. Não se sabe quem são nem quantos são.

É verdade que todos podemos pensar que há outros ainda "mais desfavorecidos" e portanto ninguém se sentir em condições de ser o seu porta-voz. Mas isso não explica nada pois o mesmo raciocínio se aplica aos "mais favorecidos" e, no entanto, imediatamente nos vêm à memória o Belmiro, o Amorim e, talvez injustamente, o comendador Berardo.

Está na hora, pois, de criar a Associação ou a Federação dos "mais desfavorecidos", e eleger os seus corpos gerentes, para ficarmos todos a saber televisionadamente o que eles verdadeiramente pensam e querem. Até hoje sabemos apenas a interpretação que da sua vontade fazem Paulo Portas, Francisco Louçã e todos os outros dirigentes, deputados e comentadores que pululam nos meios de comunicação.

O que eu não recomendo é a criação do Partido dos Mais Desfavorecidos (PMD), nem veleidades de disputar os lugares do parlamento com os partidos tradicionais. Se tal fizessem os "mais desfavorecidos" rapidamente perderiam a simpatia e o carinho com que são tratados por todo o espectro partidário da extrema esquerda à extrema direita.
Igualdade sim, mas nada de abusos.

.

terça-feira, agosto 16, 2011

A Balada de Narayama


A Balada de Narayama, que vi há muitos anos apenas uma vez, é daqueles filmes que nunca mais esquecemos.
Quando soube, recentemente, que tinha saído em DVD corri para a loja de forma a garantir que posso vê-lo sempre que quiser.

Realizado por Shohei Imamura em 1983, foi premiado no festival de Cannes.
Passa-se numa região montanhosa e remota do Japão, num tempo muito antigo e indeterminado. As condições de sobrevivência são extremamente duras e põem-nos perante comportamentos extremos e chocantes.

Todos os jovens adultos deviam ver este filme para perceberem donde vimos como sociedade e também como a penuria extrema foi o ponto de partida para a maior parte das convenções sociais.
Talvez assim percebessem como a retórica sobre as relações sociais e familiares é quase sempre mistificadora.

.

sábado, agosto 13, 2011

Pós-capitalismo, precisa-se.

.











Uma realização técnica brilhante, inovadora, mas que serve uma mensagem em grande parte construída com lugares-comuns datados, que históricamente têm provado a sua ineficácia. 
Omite totalmente o papel da inovação tecnológica e as consequências na transformação dos processos de acumulação do capital e nas relações de produção. Por isso este diagnóstico seria eficaz, quando muito, em meados do século XX.  
Para criar alternativas ao capitalismo é necessário criar análises e propostas elas também alternativas às que são usadas para o combater há mais de cem anos.

.

sexta-feira, agosto 12, 2011

O fim de um outro império

.

O que é preocupante é estes artigos insinuarem que a decadência da Europa é causada pela crise recente. Ora a crise recente é apenas um sintoma agudo de uma "doença" que há muito, subrepticiamente, se tornou crónica.


A Europa encontra-se em acentuada decadência por não ter sabido encontrar novas "vantagens competitivas", para usar uma terminologia do business. 


A maior parte dos europeus ainda não percebeu mas, mais grave ainda, milhões de pessoas dos outros continentes também não. Continuam a tentar desesperadamente chegar a um eldorado que está em vias de se converter num pesadelo. 


À medida que a situação for piorando por falta de capacidade de perceber o tipo de transformações que se impõem, enquanto se apela aos dirigentes políticos alemães como se eles tivessem uma varinha de condão, o espaço para todo o tipo de fascismos tenderá a crescer.


Imagem sacada no entreasbrumasdamemoria


.

quarta-feira, agosto 10, 2011

Chalet da Condessa D'Edla







O chalet foi mandado construir por D. Fernando II, no parque da Pena, para albergar uma cantora de ópera por quem se tinha apaixonado. Foi também por sua influência que ela se tornou Condessa D'Edla.

.

segunda-feira, agosto 08, 2011

G20 ou G40 ?



SEUL, Coreia do Sul — Os países do G20 anunciaram nesta segunda-feira, em um comunicado, estar prontos para atuar em conjunto com o objetivo de estabilizar os mercados financeiros e proteger o crescimento.
O comunicado foi publicado na Coreia do Sul após as fortes baixas registradas nas bolsas asiáticas nesta segunda-feira. Os Estados membros permanecerão em contato estreito e atuarão para "garantir a estabilidade financeira e a liquidez dos mercados financeiros".

Estas reuniões das 20 maiores economias já não correspondem ao mundo actual, em que os maiores estados nacionais empobrecem ao mesmo tempo que as suas empresas enriquecem.
Estas reuniões deviam ter a participação dos 20 maiores estados mas também das 20 maiores empresas globais, digamos um G40. Os estados deviam então indagar onde é que as corporações criam emprego e onde é que pagam impostos. Se a resposta não fosse satisfatória deviam apertar com elas.
Presumo que os 20 maiores estados, quando se encontram, jogam uns com os outros um xadrez muito complexo de retaliações e de transferências de poder. A próxima fase, suponho, terá como centro o dolar.
Greenspan disse recentemente qualquer coisa como: "Os Estados Unidos têm meios para pagar qualquer dívida. Trata-se apenas de imprimir mais dólares".
Esta ideia de uma moeda que tem sido emitida, ao longo de décadas, de forma descontrolada, fascina-me. É um factor de crescimento inesgotável, mesmo que ilusório. Será que alguém sabe quantos dólares estão realmente em circulação, mesmo ignorando os milhões de dólares falsos?
Penso que é uma questão de tempo até que toda a gente fuja dos dólares por terem perdido a mais elementar credibilidade.
Nas reuniões do G20 encontram-se muitos países que têm os seus pés-de-meia em dólares. Têm portanto que gerir a transição de forma muito cautelosa para não perderem tudo o que amealharam.
.

sábado, agosto 06, 2011

Urban Geometries

.








Acabo de publicar, na BLURB, mais um livro de fotografias.

.

sexta-feira, agosto 05, 2011

Serviço público serve quem?

.




A televisão pública beneficiou de uma subida de 2,7 milhões de euros, o equivalente a quase mais 2%, na indemnização compensatória para este ano. O valor de 145,9 milhões de euros já estava previsto no acordo complementar do contrato de concessão de serviço público de televisão para o quadriénio 2008-2011. Ao mesmo tempo, e até ao terceiro trimestre, a RTP tinha recebido 88,15 milhões de euros em dotações de capital. Tudo junto dá 234 milhões de euros de transferências do Estado, o que compara com os 205,5 milhões de euros pagos à RTP o ano passado. Em causa está uma subida de quase 14% nas transferências, ou de 28,5 milhões de euros.
A estes números serão ainda somados os 134,4 milhões de euros de receita da taxa audiovisual paga na factura eléctrica. O acordo entre a RTP e o governo contempla também uma subida de 2,3 milhões de euros na contribuição audiovisual em 2010, face a valores de 2009. 
Na resolução do Conselho de Ministros (presidido por José Sócrates) ontem publicada, o governo justifica os valores pagos à RTP com o cumprimento dos compromissos decorrentes do contrato de concessão assinado entre o Estado e a empresa para o cumprimento do serviço público de televisão, em particular no que respeita ao acordo de reestruturação financeira da RTP assinado em 2003. 

Jornal "I", 15.12..2010


A privatização da RTP vai ficar para melhores dias ou, como avisadamente escreveu o primeiro--ministro no programa do governo, para "tempo oportuno". Se, de facto, o "tempo oportuno" é um eufemismo usado e abusado em Portugal para atirar um problema para as calendas gregas, a recente intervenção do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, em que nomeou expressamente a RTP como alvo a privatizar rapidamente, voltou a criar pânico nos "mercados".
Mas, segundo apurou o i, podem os "mercados" (as outras televisões privadas, as rádios e os jornais) ficar mais descansados: a privatização da RTP não será acelerada de maneira nenhuma e acontecerá, tal como prometeu o primeiro-ministro, "em tempo oportuno" - na melhor das hipóteses nunca; na pior das hipóteses na próxima legislatura, se o PSD voltar a ganhar as eleições.
Num momento de crise gigantesca nos media, abrir a RTP aos privados seria comprar uma guerra de proporções devastadoras. Até aqui, a mais visível face dessa guerra em curso é a oposição do militante número 1 do PSD, Pinto Balsemão, dono do grupo Impresa e feroz opositor da privatização do canal público que ameaça roubar receitas à SIC, neste momento já em perda. 

Jornal "I", 01.08..2011


Ao que parece este autêntico sorvedouro de dinheiros dos contribuintes vai continuar a prestar o tal "serviço público" que ninguém consegue perceber qual seja, se o governo não tiver a coragem de afrontar os interesses instalados nas televisões privadas que querem manter as suas posições no mercado da publicidade. 
Enquanto os cidadãos são forçados a apertar o cinto as televisões gastam rios de dinheiro a produzir conteúdos de baixo nível. Também elas só ganhavam com o emagrecimento, em qualidade e em lucros, se produzissem mais com menos.
Talvez não seja coincidência a mudança de tom por exemplo da SIC que, nas últimas semanas, desembestou furiosamente contra o governo de Passos Coelho. 
Para bom entendedor meia palavra basta.


.

quinta-feira, agosto 04, 2011

Volta Catroga, estás perdoado

.

Via Henricartoons

O mundo vê espantado o presidente Obama a equilibrar-se num fino arame financeiro e a Europa desorientada a lamber  as feridas que os "mercados" lhe provocam. Todos tememos que sobre nós se abata a maior hecatombe económica e social de que há memória.

E o que fazem os nossos deputados? decretam uma economia de guerra? distribuem capacetes e máscaras de gás? tentam preparar o país e os cidadãos do tsunami que se perfila no horizonte?
Não.

Preferem perder o seu tempo a discorrer sobre o súbito eclipse do Bairrão, ou sobre o buraco BPN agora que já não tem remédio possível, ou sobre os titulares convocados pelo treinador para a equipa da Caixa, ou sobre uma determinada chamada telefónica que foi feita para o INEM.
Em suma, pintelhos.

Volta Catroga, estás perdoado.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Uma catástrofe a menos

.





Luiz Carlos Molión, professor da Universidade Federal de Alagoas, no Brasil, e representante dos países da América do Sul na Comissão de Climatologia da Organização Metereológica Mundial (OMM), não acredita no aquecimento global provocado pela actividade humana.
Polémico, com um discurso simples e claro, o metereologista brasileiro defende que a subida das temperaturas nos últimos anos está relacionada com a actividade do Sol e com os oceanos, que ele considera os dois grandes reguladores do clima global da Terra. Por isso, afirma que o planeta vai arrefecer nos próximos 20 anos.


Defende que as emissões de dióxido de carbono de origem humana são incapazes de causar o aquecimento global da Terra. Porquê?
Quando verificamos a variação do dióxido de carbono ao longo dos últimos 150 anos, percebemos que não se relaciona com a temperatura. Por exemplo, entre 1925 e 1946, houve um aquecimento muito forte, principalmente no Árctico. A temperatura subiu no Árctico mais de 4 graus centígrados. Mas em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, as actividades humanas lançavam apenas 6% do carbono que lançam hoje para a atmosfera.  
...
Então o CO2 nunca controlou o clima global?
Exactamente. Os cilindros de gelo mostram muito bem isso: a temperatura sobe antes e só cerca de 800 a 1.200 anos depois é que o CO2 sobe.
Porquê?
Quando os oceanos estão frios, durante as eras glaciares, a produtividade do plâncton e das algas é muito grande e, por isso, tendem a fixar o CO2. Quando ocorre um aquecimento, há maior libertação do CO2 que estava dissolvido na água do mar, o que significa que o CO2 que está hoje na atmosfera não é necessariamente de origem humana, muito pelo contrário: o carbono que a actividade humana lança na atmosfera é apenas 3% de todos os fluxos naturais que saem dos oceanos, dos solos e da vegetação.  
...
Há cientistas que têm manipulado os dados para forçar o aquecimento global? 
Sim, no caso do Instituto Godard de estudos espaciais da NASA, onde trabalha James Hansen, o pai do aquecimento global, ele publicou um gráfico de temperaturas em 1999 e outro em 2008 em que se vê claramente que, sem justificativa científica alguma, as temperaturas das décadas de 1930 e 1940 foram rebaixadas. E as mais baixas, relativas às décadas de 1950 e 1960, foram elevadas, para dar a impressão de que a tendência é de um aumento contínuo das temperaturas globais da Terra, quando na realidade não é. 


Vale a pena ler na íntegra esta entrevista publicada no Expresso (Única) da semana passada.
No meio de tantas catástrofes eminentes é reconfortante não se confirmar que, com os nossos gestos mais inocentes, estamos a provocar mais outra.


.