segunda-feira, fevereiro 27, 2017

Um facto simbólico



O convite de Louçã para o Banco de Portugal está carregado de simbolismo.
Tem-se discutido a competência, oportunidade e adequação da nomeação para o cargo mas, mais importante do que isso, é o que lhe está subjacente.
A Geringonça, com todos os seus equívocos, está a gerar um novo quadro político em Portugal em que desaparecem os partidos "fora do sistema" e mesmo "anti-sistema".
Penso que a existência de tais partidos explicava por que razão os populismos bacocos nunca tinham vingado em Portugal. O PCP e o BE serviam, entre outras coisas, para absorver uma parte dos desiludidos com o regime.
Um dos preços a pagar pela submissão do PCP e do BE aos desígnios do PS é o desaparecimento dessa válvula de segurança.

domingo, fevereiro 26, 2017

Coisas que fazem pensar


Está nevoeiro nos off-shores




Há neste momento um nevoeiro propositado no ar. 
A única coisa comprovada é a falha na publicação da informação relativa às transferências para off-shores (que em princípio são legais e não pagam impostos a não ser depois de produzir rendimentos). Foi em relação a essa falha que o Nuncio se declarou responsável. 
Faz-me confusão esta situação ter perdurado vários anos e não ter sido detectada e denunciada pelos deputados e por outras instituições interessadas na matéria. Mas adiante.
O que devia ser esclarecido rápidamente é se, para além de não terem sido publicadas, as referidas transferências também não foram analisadas e tratadas, para detectar situações suspeitas de branqueamentos ou outras falcatruas. Também devia ser rápidamente apurado se o que aconteceu se traduz em prejuizo para o Estado, apesar de por lei estas obrigações fiscais só caducarem ao fim de 12 anos.
Estando o actual Secretário de Estado a trabalhar neste assunto há um ano ainda não está em condições de esclarecer os cidadãos?
As indefinições reinantes, e o prolongamento de discussões pouco rigorosas, só interessam à estrita luta partidária.

terça-feira, fevereiro 21, 2017

Paris, Texas




Paris, Texas
já não via esta obra prima há 30 anos.
Hoje vi com os olhos dos 70 anos, e valeu a pena. 
Está em exibição no Nimas.

domingo, fevereiro 12, 2017

A Trica



Mário Centeno comprometeu-se a retirar Domingues do estatuto de gestor público para ele, entre outras coisas, não ter que declarar o património. Tinham plena consciência de estar a fazer uma coisa reprovada pela generalidade das pessoas, tanto assim que manipularam a data de publicação da lei, feita à medida, para coincidir com o início das férias parlamentares.
Na altura do compromisso eles pensavam que a manobra era suficiente para obter o efeito pretendido. Quando perceberam que afinal esse efeito não era viável, por causa de outra lei pré-existente, Centeno deixou de poder cumprir o resultado prometido embora tivesse cumprido a démarche. 

Não só tinha feito negociatas duvidosas como, ainda por cima, fora incompetente.
A partir daí atirou o Domingues às feras e tentou passar por entre os pingos da chuva.
Mesmo que não se demita ficava-lhe bem reconhecer que errou. É que esse erro custou-nos dinheiro a nós todos; atrasou todo o processo da Caixa durante meses e degradou a reputação do banco público que tanto diz querer reabilitar.
Não se tratou de mera trica, teve consequências económicas sérias.

quarta-feira, fevereiro 08, 2017

domingo, fevereiro 05, 2017

Trump - um produto da China

Trump - um produto da China
A principal razão por que Trump ganhou as eleições nos EUA tem que estar contida nesta frase "A América não pode continuar como está".
O equilíbrio mundial que vigorava há décadas, e em que os Estados Unidos ocupavam um papel central, baseava-se em algumas ideias simples:
- Transferência das indústrias tradicionais para outros países mantendo o controle financeiro sobreos fluxos internacionais
- Manutenção do controle das matérias primas estratégicas pelo recurso a uma presença militar planetária
- Concentração nas indústrias soft e de entretenimento tirando partido do facto de o inglês ser uma língua franca
- Utilização estratégica do dólar e controle do sistema bancário mundial
O que mudou então para que a América se sinta ameaçada económicamente e se sinta obrigada a reagir? A China.
Os chineses aplicaram uma táctica conhecida do judo, usar a força do adversário contra ele.
À medida que as empresas estrangeiras se instalavam na China os milhões de trabalhadores chineses mal pagos foram, apesar de tudo, criando um mercado. À medida que esse mercado crescia as empresas chinesas cresciam também para fornecer essa multidão de novos consumidores de quase tudo o que os ocidentais já têm há muito mas os chineses nunca tinha tido.
Nada disto teria grande importância se não se desse o caso de a China ter 1300 milhões de habitantes.
A escala da acumulação de riqueza não tem termo de comparação possível, não só pela dimensão populacional do país mas também pela sua peculiar cultura no que toca ao trabalho e à poupança.
De repente os americanos começaram a encontrar o capital chinês por todo o lado; disputando-lhes o controle das indústrias europeias ou asiáticas, concorrendo pelo controle das matérias primas essenciais, abrindo brechas no sistema financeiro e disputando os sistemas de ensino e investigação tecnológica.
Os sinos tocaram a rebate mas os políticos "mainstream" não tiveram coragem para enfrentar o gigantesco desafio da China; fingiram que tudo continuava como dantes.
Trump ganhou as eleições porque convenceu uma boa parte dos americanos de que vai tomar medidas contra o declínio da América.
Ninguém provavelmente sabe se ainda é possível parar tal declínio, ou se Trump é o político certo para o tentar sem cair na esparrela de uma guerra mundial.
Mas uma coisa é certa, os Clinton, os Bush e os Obamas não deram conta do recado.
Se temos o Trump é, em grande medida, por causa disso.

sexta-feira, fevereiro 03, 2017

Pois