domingo, junho 29, 2008

Lisboa e Veneza

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Trinta anos depois do Florian (em Veneza) ser fundado, Sebastião de Carvalho e Melo mandou abrir um terreiro majestático que nada fica a dever à arquitectura napoleónica que hoje domina a praça veneziana. Mas enquanto São Marcos vive e ressuscita todos os dias do ano entre acordes de Gardel, champagne e mosaicos bizantinos o Terreiro do Paço continua o seu estertor de moribundo onde pontificam os ministérios de tudo e mais alguma coisa como lápides num campo de martírio urbanístico. Aos cafés seculares em São Marcos o Terreiro do Paço responde com os carros de alta cilindrada dos Ministros, Secretários de Estado, Directores Gerais arrumados à força sobre os passeios. Enquanto se dança em São Marcos, no Terreiro do Paço, os motoristas prosseguem o seu infindável e soturno suplício de Tântalo de puxar o brilho a carros já brilhantes. Ritmadamente mas sem a harmonia de Gershwin ou Gardel. Mário Crespo no Expresso de 28 de Junho 2008.

A tenacidade com que o funcionalismo político se tem agarrado ao Terreiro do Paço, e ao simbolismo do local como centro do poder, roça o ridículo do provincinismo em plena capital.

Não há Simplex nem "choque tecnológico" que ponham esta gente a prezar a eficiência em vez da pose.

sábado, junho 28, 2008

Novo TGV Chinês

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A China, ignorando olimpicamente os alertas do PSD, vai inaugurar em Agosto um combóio de alta velocidade entre Pequim e Tianjin, onde serão realizadas algumas provas das Olimpíadas.

O novo combóio designado "Harmonia", produzido na China em parceria com a Siemens, pode alcançar os 350 km/h.



sexta-feira, junho 27, 2008

Até apetece ser preso

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O ministro da Justiça apresenta hoje, em Viseu, o novo mapa das prisões. Das 50 existentes, 28 vão ser encerradas e dez construídas de raiz. Para já, o mapa arranca em Angra do Heroísmo, Grândola e Almeirim. Em 2013, Portugal terá um total de 32 prisões.
São dez as novas prisões, construídas de raiz, para albergar cerca de 14 mil presos. O novo mapa das prisões, apresentado hoje, em Viseu, aposta no trabalho para reclusos feito entre os muros das prisões, mas "exportado" para empresas, actividades de lazer, como salas de cinema, bibliotecas recheadas, campos de futebol, tudo acompanhado de mais câmaras de videovigilância.(DN 27.06.2008)

No momento em que os juizes ponderam suspender os julgamentos por falta de condições físicas e de segurança nos tribunais um anuncio deste tipo assume laivos de provocação.
É caso para dizer que mais vale ser condenado do que juiz.

O sequestro dos senhorios

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Fernanda Câncio trata hoje com notável objectividade, no DN e no 5dias, do verdadeiro absurdo há muitos anos instalado nos contratos de arrendamento. A lei do Partido Socialista que entrou em vigor faz hoje dois anos não veio resolver nada, como qualquer pessoa podia facilmente antever.
Acerca da impotência dos senhorios, e do ambiente social que tal permite, diz Fernanda Câncio em clara analogia com a paralização dos camionistas: "Quando uma pessoa que paga 50 euros por uma casa onde pagou durante quase 50 anos uma renda ínfima se acha no direito de exigir/sugerir a realização de uma obra que custa pelo menos o equivalente a dez anos de rendas futuras e corresponde a praticamente todo o "bolo" das rendas que pagou desde o início, surge óbvia a conclusão de que, para essa pessoa, o senhorio é um serviçal. Condenado a servi-lo em penitência eterna por ter alguma vez sonhado que um investimento podia ter proveito, que ser proprietário podia ser rentável. O mais grave, porém, é que este delírio não pertence a um excêntrico isolado, mas a uma cultura generalizada e autorizada pela lei. Uma cultura que arruinou os centros das cidades e empobreceu milhares de famílias. Pudessem elas tombar os prédios nas estradas e paralisar o País, outro galo cantaria. Assim, resta-lhes servir a pena - e ter sentido de humor."

quinta-feira, junho 26, 2008

Piruetas de cimento

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O Público diz-nos que o Dubai e Moscovo vão ter os primeiros edifícios "arranha-céus giratórios".
Não sei se é agradável viver num carroussel, se dá tonturas, se gasta demasiada electricidade, e por aí fora. Mas tenho a certeza de uma coisa, defende os cidadãos dos maus arquitectos. Mesmo os mamarrachos nunca serão os mesmos durante muito tempo.

Os erros dos médicos vão para debaixo do chão mas os erros dos pobres arquitectos ficam expostos durante muito tempo mesmo depois de, eles próprios, terem morrido (se a construção tiver sido boa).

Se o nosso primeiro ministro tivesse tido acesso a esta tecnologia não estaria hoje a ouvir tantas piadas acerca da qualidade dos projectos que assinou lá na terra dele, quando era jovem.

quarta-feira, junho 25, 2008

Instituto Nacional de Emergência Social



O PSD, no seu último Congresso, colocou a "emergência social" definitivamente na agenda política. Estamos em posição de revelar que, já no próximo Outono, o partido irá apresentar uma proposta para que as verbas destinadas ao TGV sejam desviadas para financiar uma rede nacional de distribuição de bifanas e hamburgers.
A emergência social não pode ficar atrás da emergência médica.
Por isso dentro em breve talvez vejamos nas nossas estradas, lado a lado com as ambulâncias do INEM, as elegantes carrinhas do recém-criado INES, Instituto Nacional de Emergência Social, cujo projecto de logo traz bem vincadas as setas dos seus promotores.


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terça-feira, junho 24, 2008

Nesta "emergência social"

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segunda-feira, junho 23, 2008

O sexo da cidade

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Fui ao cinema ver "O sexo e a cidade", arrastado mas fui. É mais longo do que uma noite de amor falhada e, por isso, acabamos por nos fartar das piadas engraçadas. O retrato das mulheres que nos é mostrado, que considero desiquilibrado e injusto, fez-me compreender as virtualidades de ser gay. No entanto, para meu grande espanto, as "revistas do social" dizem que o filme tem grande sucesso precisamente junto das mulheres e dos gay.

domingo, junho 22, 2008

O Congresso

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Em Guimarães os laranjas foram ao rubro quando Manuela garantiu: "Aliança com o PS? Só se fosse doida!" . Ou terá sido o Van Basten ?

sábado, junho 21, 2008

Novas reflexões sobre camionistas

O Público de ontem inseria uma análise notável de José Miguel Júdice, "Novas reflexões sobre camionistas". Aqui ficam alguns extractos:

"...movimentos de pequenos patrões em cólera, liderando os seus trabalhadores numa espécie de "corporativismo de base", habitados por violência e sem enquadramento ideológico e estratégico, nunca se traduzem num avanço do "proletariado", mas numa futura instrumentalização - quiçá paradoxal - por uma liderança autoritária e populista, que acaba por fazer recuar o processo de emancipação social."
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"Esta classe média baixa produtiva, que em tempos bons acumula riqueza, que trabalha duramente, que despreza as elites sociais e económicas, não se enquadra em nenhum dos paradigmas que herdámos da sociedade industrial. Já o sabíamos em relação aos sectores de tecnologias avançadas, de que são exemplo as empresas sem sede ou escritórios que se multiplicam nas cidades dos EUA. Agora percebemos que isso se estende cada vez mais aos sectores tradicionais da economia."

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"Estas fazem jacqueries e, à sua maneira, mobilizam-se ao mesmo tempo contra os sindicatos (que repugnam) e contra as grandes empresas (que desprezam). Os partidos políticos em que esta gente vota (PS e PSD, como se demonstrou quando já depois do meu artigo da passada semana se soube quem eram os cabecilhas) continuam a pensar neles como eles eram há uma ou duas décadas. Perderam o contacto com esta sua base de apoio. Sarkozy e, mais ainda, Berlusconi perceberam e neles basearam o seu projecto político que a muitos surpreendeu. Em Portugal alguém, um dia, perceberá também. E não penso que seja bom para Portugal. Deus queira, aliás, que não seja inevitável..."

Eu já tinha de certa forma indiciado estas questões em Combustíveis e luta de classes e Foi você que pediu um Berlusconi ? .

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sexta-feira, junho 20, 2008

Le Cirque du Balon

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Portugueses, temos que resolver de uma vez por todas se jogamos para ganhar ou se jogamos para encantar.
Ontem, contra o futebol "tecnológico" da Alemanha, só por milagre a nossa arte podia vencer. A eles bastou-lhes especializar-se numa única jogada para terem a vitória quase certa: meter meia dúzia de matulões de um metro e noventa dentro da nossa área e despejar bolas sobre a mesma.
Esta brutal eficácia tem apenas um problema, não dá gozo aos espectadores.
Por que razão devemos nós, que com as nossa habilidades encantamos o público, tentar competir com os alemães no "terreno deles"?
Ser Campeão da Europa significa pouco, até a Grécia o conseguiu. Para isso basta meter bolas na baliza como até os alemães sabem fazer, num futebol previsível do tipo Game Box.
O futebol tem vivido dos clubismos e dos nacionalismos mas, com a globalização mediática, esse já não é o melhor negócio. Das centenas de milhões de espectadores do jogo de ontem só umas escassas dezenas de milhões estavam directamente interessados no resultado do jogo. Os restantes ligaram a televisão para ver jogadas bonitas (os cavalheiros) e jogadores bonitos (as damas).
Ora nós, com a nossa proverbial distracção, não temos sabido tirar partido disso. Basta comparar as corridas coleantes do Deco ou do Nani com as correrias dos "bulldozers" alemães para perceber do que estou a falar. Nunca como ontem tive a sensação de ver a elegância e a subtileza contra o pernil e o presunto, gazelas contra rinocerontes.
Lembram-se dos globetrotters, os basquetebolistas americanos que eram pagos para mostrar a beleza do seu jogo ? É para aí que devemos caminhar. There's no business like show business.
A nossa selecção deve passear-se pelo mundo, a peso de ouro, para dar prazer ao público e proporcionar às outras equipas a oportunidade, e a honra, de a vencer. As coberturas televisivas e o merchandising podem valer fortunas.
Os nossos estádios, que muitos consideraram em número excessivo, devem ser a base de uma nova indústria do espectáculo; tal como hoje vêm a Portugal para jogar golfe hão-de vir a Portugal, no futuro, para ver e jogar futebol. As "academias" de formação de jogadores devem, com base nos alunos ilustres que formaram, converter-se em "universidades" de reputação mundial e tirar disso os adequados proveitos.
O prazer de uma bela jogada, uma finta à Ronaldo, as mudanças subtis de velocidade do Deco, os passes magistrais do Quaresma ou do Nani pertencem mais ao circo do que ao primarismo anglo-saxónico dos campeonatos.
No circo ganha-se alguma coisa ? Não ! é o puro prazer.

quinta-feira, junho 19, 2008

Palavras para quê ?...

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Foi um grande espectáculo a entrevista feita na TV por Mário Soares ao "Presidente Chavez".
Soares, no seu melhor, alternou a candura de um jovem que ainda sonha vir a ser, um dia, revolucionário, com a matreirice de um "político batido" que pastoreia pacientemente o seu protegido para ele não se espalhar e ficar bem no retrato.
Quem conheceu Soares no tempo de Vasco Gonçalves e agora o vê, embevecido, a dizer "es verdad, es verdad..." à necessidade da revolução popular fica siderado.

Palavras para quê ? é um artista português...

quarta-feira, junho 18, 2008

A Europa deprime

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Europa não pode cair de novo em depressão, diz Durão Barroso, no Público.
Depois de mais este episódio na Irlanda não é a Europa mas os europeus quem descamba para a depressão. Estamos quase a concluir que o "projecto europeu" é não só inviável como indesejável.

Meter no mesmo saco tanta incompetência, burocracia, interesses mesquinhos, nacionalismos disfarçados, negociatas, subsídio-dependências , ASAE e tantas coisas mais só pode resultar numa grande desilusão. Não estamos preparados para um projecto tão avançado, não somos suficientemente crescidos e somos demasiado tacanhos, há que assumi-lo com frontalidade.

EU, por mim, começava já a tratar do divórcio a 27...

Cinquenta mil empresas retêm ilegalmente IRS de trabalhadores e IVA de clientes



O PUBLICO.PT escreve hoje que o Ministério das Finanças enviou 200 mil mensagens de correio electrónico a contribuintes individuais e colectivos que mantêm dívidas de vária ordem ao Estado, dos quais um quarto dizem respeito a empresas que retêm ilegalmente IRS dos trabalhadores e IVA dos seus clientes e sensivelmente o mesmo número (54 mil) a contribuintes individuais que não pagaram o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) de 2007 até Abril passado.

É por causa desta incompetência na repressão dos incumprimentos fiscais e da persistência de gastos públicos inúteis e exagerados que o governo "não pode" reduzir o Imposto sobre os Combustíveis (ISP).

Nós temos que nos adaptar aos novos preços do petróleo, sejam quais forem os sacrifícios, mas o Estado pode continuar a esbanjar como sempre fez.

terça-feira, junho 17, 2008

Praça das Flores


Há um ano o Diário de Notícias titulava dramáticamente Câmara de Lisboa sem dinheiro para crematórios . Estava-se em plena campanha eleitoral para a Câmara de Lisboa, cujas eleições ocorreram a 15 de Julho de 2007. A nova Câmara tomou posse a 1 de Agosto do mesmo ano.

Passado todo este tempo os lisboetas continuam a não saber o que realmente se apurou das acusações (dezenas) que indiciavam negociatas e corrupção do executivo anterior e que foram a causa directa da realização das eleições.

Assim se faz justiça, e política, em Portugal.

Também continuamos a não saber como se resolveu afinal o problema das dívidas astronómicas da Câmara de Lisboa que tanto afligia a nova Câmara. António Costa pediu um empréstimo que não foi autorizado, isso sabemos, mas o que aconteceu depois é um mistério para o público.

Assim se faz comunicação, e política, em Portugal.

Os problemas de Lisboa parecem agora resumir-se à gestão que Sá Fernandes faz dos canteiros da Praça das Flores...






segunda-feira, junho 16, 2008

O meu conselho que Sócrates ignorou

Esta imagem do primeiro-ministro "a fazer uma viagem virtual pelo interior do Corpo Humano", ocorrida recentemente no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, pode simbolizar a fuga à realidade e o retorno ao próprio umbigo que costuma acontecer aos políticos que vêem o chão a fugir-lhes debaixo dos pés.
Em Março de 2008, no auge da contestação dos professores, sugeri neste post a possibilidade de Sócrates aproveitar o pretexto para provocar eleições antecipadas e aumentar, dessa forma, a probabilidade de uma maioria do PS. Na altura quase ninguém concordou comigo.
Passados poucos meses, tal como previ, o PSD renovou-se, o PCP e o BE reforçaram-se com o aprofundar da crise e Alegre é um espinho nas garganta de Sócrates.
O governo arrisca-se a chegar às eleições sem trunfos: a reforma do Estado foi-se esboroando em cedências consecutivas, o desemprego é galopante, a economia deixou de crescer e até a redução do défice orçamental, que seria a sua coroa de glória, está em risco de descambar.
Como se não bastassem os ventos adversos que vêm do exterior (preços do petróleo, crise alimentar, subprime), e cuja força não tende a abrandar, agora o governo enfrenta uma nova ameaça. Os camionistas provaram o seu poder, provaram a maçã tal como Eva no paraíso.
Isso significa que o governo pode, a qualquer momento, até mesmo numa fase pré-eleitoral, ser obrigado a ajoelhar perante um golpe de misericórdia logístico.
Sócrates deve estar arrependido de não me ter dado ouvidos...

domingo, junho 15, 2008

Separação de águas (turvas ?)





António Vitorino, um homem com as ideias bem arrumadas, produziu no DN de 6/6/2008, um texto intitulado "Separação de águas". Referindo-se à "crise energética", à "crise alimentar" e à "crise do subprime" diz, entre outras coisas, o seguinte:

É evidente que, nos três casos, estamos perante crises típicas do sistema capitalista que dão origem a leituras distintas e efectivamente contrapostas em vários quadrantes políticos.

Há quem nelas identifique a entrada numa fase terminal do sistema capitalista, logo centrando as suas preocupações e o seu discurso na procura de um outro modelo económico alternativo.

Por contraste, há quem nelas veja a convergência de três bolhas do sistema que crescem e explodem, gerando uma crise de macrodimensão que vai determinar a entrada num novo ciclo de transformação do próprio sistema capitalista.

Há nestas duas visões uma clara separação de águas não apenas na perspectiva das orientações políticas a prosseguir no quadro da resposta à crise mas também no plano ideológico mais geral.

O sistema capitalista tem a inegável vantagem comparativa de ser o único até hoje que passou a prova dos factos, contemplando ao mesmo tempo liberdade e desenvolvimento económico. Mas isso não o isenta de perversões e excessos, que estão na base de ciclos de crise onde as contradições conhecem momentos de explosão que conduzem à reconfiguração de variáveis essenciais do próprio sistema.
...
A este dilema uns respondem com a exigência de mais liberdade de mercado, vendo a crise como um momento de "destruição criativa" do próprio sistema e outros colocam o acento tónico na necessidade de reformulação e refinação dos mecanismos regulatórios à escala planetária. Aqui se separam os liberais puros dos socialistas e sociais-democratas.

Já para os que vêem nesta tripla crise o "canto do cisne" do capitalismo global, sendo prudentes na formulação de um tal modelo económico alternativo, por forma a evitarem identificações embaraçosas com outros bem recentes que levaram à implosão da União Soviética, colocam o acento tónico numa "cidadania global" que deveria fundar a prevalência dos valores de solidariedade e de coesão sobre os valores da liberdade de circulação dos capitais e da iniciativa económica privada. Mas no meio da nebulosa deste posicionamento político e ideológico, as águas também se separam entre os que procuram sobretudo respostas globais (do tipo "taxa Tobin" para as transacções financeiras internacionais em nome de valores de redistribuição global) e os que preconizam pura e simplesmente o retorno ao proteccionismo nacional (reforçado pela nacionalização dos sectores económicos estratégicos).

E é aqui que também as águas se separam entre as esquerdas... Mesmo entre as esquerdas da esquerda!


A "taxa Tobin" vem sempre à baila nestas situações como a ideia mais radical apesar de não passar das cócegas ao sistema.

É natural que António Vitorino não fique chocado com a inexistência de alternativas claras para quando ocorrer o tal "canto do cisne" do capitalismo, como o texto explica não é essa a opção dele.

Mas nas "esquerdas da esquerda" não há mesmo ninguém que se revolte contra estas águas turvas ?

P.S. Na mesma linha Ver aqui como Rui Tavares confessa que "a verdadinha é que toda a gente é hoje mais ou menos reformista e social-democrata"

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sábado, junho 14, 2008

Quanto custa comer ? quanto custa pensar ?

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1 - Germany: The Melander family of Bargteheide
Food expenditure for one week: 375.39 Euros or $500.07

2 - United States: The Revis family of North Carolina
Food expenditure for one week $341.98

3 - Italy: The Manzo family of Sicily
Food expenditure for one week: 214.36 Euros or $260.11

4 - Mexico: The Casales family of Cuernavaca
Food expenditure for one week: 1,862.78 Mexican Pesos or $189.09

5 - Poland: The Sobczynscy family of Konstancin-Jeziorna
Food expenditure for one week: 582.48 Zlotys or $151.27

6 - Egypt: The Ahmed family of Cairo
Food expenditure for one week: 387.85 Egyptian Pounds or $68.53

7 - Ecuador: The Ayme family of Tingo
Food expenditure for one week: $31.55

8 - Bhutan: The Namgay family of ShingkheyVillage
Food expenditure for one week: 224.93 ngultrum or $5.03

9 - Chad: The Aboubakar family of Breidjing Camp
Food expenditure for one week: 685 CFA Francs or $1.23

sexta-feira, junho 13, 2008

A miragem do referendo

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Apesar dos apelos que tanto apoiantes do "Sim" como do "Não" fizeram aos irlandeses a abstenção no referendo ao Tratado de Lisboa foi elevada. Os resultados oficiais só são conhecidos hoje, mas a taxa de participação não terá ultrapassado os 40%, de acordo com a imprensa irlandesa. A contagem dos votos começa hoje às nove da manhã e, a julgar pelo que admitem os dois lados da corrida, a luta será renhida até ao fim.

Eu bem dizia que o verdadeiro problema não é o Tratado mas o desinteresse dos cidadãos relativamente à Europa. Insistir no referendo é uma "habilidade" política que só convence os que já estão convencidos.
(ver mais informações no Público)

quinta-feira, junho 12, 2008

O mundo real e as estatísticas



Um dia destes, a propósito da nossa dependência do petróleo, vi num jornal uma referência ao estudo do EUROSTAT, feito em 2006, que colocava Portugal entre os países da Europa com mais automóveis por cada mil habitantes.
"Portugal está no pelotão da frente dos países da União Europeia (UE) com mais automóveis por habitante, revelou hoje um relatório do Eurostat."
"Em 2004 existiam, em média, 472 carros por mil habitantes na UE25"
"O país com mais automóveis por habitante é o Luxemburgo (659), seguido da Itália (581) e depois por Portugal, com os seus 572 carros".
Fiquei imediatamente com a sensação de que tal estatística estava errada pois contraria as mais elementares regras da razoabilidade. Os automóveis custam muito dinheiro e Portugal não é própriamente um dos países mais ricos da Europa.
Ontem tropecei no que parece ser a explicação para o absurdo. O Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT) cancelou num mês mais de 900 mil matrículas de carros destruídos ou desmantelados antes de 2000 e que não foram inspeccionados nos últimos cinco anos, avança a Lusa. Ou seja havia nas estatísticas 943.000 carros que afinal já não existiam.
Feita esta correcção às estatísticas portuguesas o nosso país passa a ter 477 automóveis por mil habitantes, perto da média europeia, e não os estrondosos 572 anunciados pelo EUROSTAT.
Vem isto a propósito da utilização imponderada de números e estatísticas tão em voga no nosso país. Especialmente quando os números vêm do estrangeiro, sob uma capa de isenção e seriedade, tende-se a esquecer que esses números podem ter partido das estatísticas nacionais que estão em estado calamitoso.
Ainda recentemente, a propósito da pobreza em Portugal, os estudos que estiveram na origem dos discursos inflamados de Mário Soares e Manuel Alegre foram sujeitos a críticas por neles terem sido detectadas uma série de incongruências.
Esta minha desconfiança em relação às estatísticas não significa que os carros em Portugal não sejam excessivos e que a pobreza não seja um fenómeno relevante e preocupante. Significa apenas que devemos ser rigorosos se queremos ser eficazes, que não se ganha nada em deturpar a realidade. Por isso vou continuar a lê-las de forma crítica, sempre tentando matizá-las com a minha experiência de vida em sociedade.

P.S. Já depois de ter publicado isto verifiquei que Vital Moreira, no CAUSA NOSSA, parece estar convencido da bondade dos números do EUROSTAT.

quarta-feira, junho 11, 2008

Os camionistas são um "tigre de papel"

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Ao contrário do que possa parecer, à luz das ameaças que enfrentamos, a paralisação dos camionistas não é muito negativa. De certo ponto de vista pode até ser benéfica porque nos ajuda a tomar consciência das dificuldades que vamos ter num futuro próximo.

O fim da paralisação dos camionistas representará apenas o alívio temporário de quem não estava realmente preparado para este esboço de caos. Se o preço dos combutíveis tiver a trajectória prevista dentro de pouco tempo estaremos numa situação tão má, ou pior, do que aquela que estamos a viver.

Os preços muito altos dos combustíveis levarão à falência, ou tornarão inviáveis, muitas actividades económicas e, como tenho dito desde o início da crise, modificará de forma brutal o nosso padrão e estilo de vida.

Como venho dizendo, o que mais me espanta é a aparente inconsciência do governo e demais autoridades públicas. Não anteciparam a gravidade da situação actual e continuam a tratar este problema como se fosse apenas mais uma luta reivindicativa que é necessário gerir.

Neste momento devia estar em curso a nível nacional uma acção de planeamento intensivo e de redimensionamento do sistema público de transporte de passageiros, de reconfiguração do sistema logístico de abastecimento de mercadorias e de reconsideração dos investimentos projectados.

Ao mesmo tempo o governo devia estar a equacionar uma redução brutal de despesas, com eventual eliminação de departamentos do Estado cuja actividade não é essencial, por forma a libertar recursos para cobrir suspensão do imposto sobre combustíveis durante uma fase de transição, com o objectivo de garantir a mobilidade custe o que custar.

A nível internacional a UE devia estar a usar todo o seu peso e influência económica para forçar uma negociação vantajosa dos preços do petróleo. Continuo a não perceber a passividade europeia e a sua aparente subordinação à estratégia americana.

Os americanos ocuparam o Iraque por causa do petróleo e não, como alguns dizem, por uma tolice de Bush. Dominam o médio Oriente e ameaçam o Irão provavelmente por ser fonte de abastecimento da China e não por causa da ameaça nuclear (lembram-se das armas de destruição maciça ?).

A China pactua com Chavez e com regimes africanos de duvidoso mérito para assegurar o seu abastecimento. Alia-se com a Rússia e infiltra-se no Cazaquistão.

Estamos aparentemente numa corrida estratégica ao petróleo que pode muito bem acabar numa nova guerra mundial.

E a Europa vê os "combóios passar" ? Nós somos apenas os peões que pagam as despesas ?


(ver mais informações no Público)

TOSCA salva a temporada do S. Carlos

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Depois de uma temporada algo conturbada, com muita contestação da crítica, o S. Carlos encerrou com a Tosca, sob a direcção musical deLothar Koenigs, em produção da Vlaamse Oper de Antuérpia . Em geral foi bem recebida, com destaque para o elenco integrado pela grande cantora portuguesa Elizabete Matos, que contava também com Evan Bowers (Cavaradossi) e Vladimir Vaneev (Scarpia) nos principais papéis.

Mário Redondo como Angelotti

Os agradecimentos finais. Além dos já mencionados podem ver-se Luís Rodrigues, Carlos Guilherme, João Merino e João Oliveira. (fotografias de Alfredo Rocha)

terça-feira, junho 10, 2008

Aniversário

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Há precisamente quatro anos nasceu este blogue.

A partir de agora vou ser o único responsável pelos conteúdos publicados já que o DOTeCOMe Blog deixou de ter vários autores. Aqui fica um agradecimento a todos os que, durante estes quatro anos, contribuiram com os seus textos e ideias.

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segunda-feira, junho 09, 2008

É tudo uma questão de postes

Agora que este blogue está quase a fazer quatro anos
resolvi ir espreitar o meu arquivo dos postes
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E concluí que, se é verdade que produzi ao longo do tempo alguns

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postes didáticos,

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postes que abriram horizontes,
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postes sofisticados,

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postes electrizantes,

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e até postes excitantes,

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a verdade é que a maior parte foram

postes exibicionistas,
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postes complicados,
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postes inconvenientes,
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postes ambíguos,
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postes rasteiros,
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postes lunáticos,
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postes fora de época,
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postes infantis,
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postes sobranceiros,
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postes espampanantes,
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postes sem qualquer fundamento.
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Em suma temos que admitir que os postes são uma forma
de obtermos reconhecimento,
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e delimitarmos o nosso território.
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O pior é que na blogosfera, ao fim e ao cabo,
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cada um fica na sua, ou seja, no seu poste.
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Paciência, ao menos tenho a certeza de ter feito hoje o meu maior poste de sempre.

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