domingo, abril 30, 2017
Estive duas semanas na Indochina.
Publicado por
F. Penim Redondo
Hora da publicação: 08:24 0 comentários
Etiquetas: Fernando Penim Redondo, fotografia-imagem, viagens2017
quinta-feira, abril 13, 2017
Mariscadores do Tejo
Publicado por
F. Penim Redondo
Mariscadores do Tejo
Quem passa na Ponte Vasco da Gama já viu certamente umas figurinhas minúsculas, no meio da água, palmilhando os baixios que a maré destapa. Andam à ameijoa, pelo que me disseram.
Esse exército parte da praia do Samouco, sincronizado com a maré, e entra pela água dentro numa "cerimónia" surpreendente e quase bíblica.
Para minha grande surpresa descobri que muitos deles/as são tailandeses, romenos e outros.
Aqui fica uma tailandesa com quem não me consegui entender mas que não parou de rir enquanto eu a fotografava.
Ai António
Publicado por
F. Penim Redondo
Hora da publicação: 17:16 0 comentários
Etiquetas: cartoons2017, Fernando Penim Redondo, governo Costa
terça-feira, abril 11, 2017
Mas não me venham dizer que isto é de esquerda.
Publicado por
F. Penim Redondo
Depois, muito depois, de repôr os salários e horários de trabalho dos funcionários públicos o Dr. Costa vê-se agora forçado a, finalmente, repôr o corte nos subsídios de desemprego.
Nem lhe passa pela cabeça resolver os problemas dos trabalhadores "do privado" que, tendo perdido o emprego, tiveram que aceitar um salário muito mais baixo noutra empresa.
É tudo uma questão de prioridades.
Mas não me venham dizer que isto é de esquerda.
sábado, abril 08, 2017
segunda-feira, abril 03, 2017
A gaivota
Publicado por
F. Penim Redondo
A gaivota
Caminhei pela areia durante muito tempo, como faço tantas vezes.
Não era ainda a fornalha do verão e corria até uma aragem fresca apesar da crueza do sol.
O mar batia à minha esquerda, sem espalhafato, e a ravina subia os seus trinta metros do outro lado, em contorsões de arenito.
Tanto quanto os olhos viam, nem vivalma. Quilómetros desertos à minha frente.
Não era ainda a fornalha do verão e corria até uma aragem fresca apesar da crueza do sol.
O mar batia à minha esquerda, sem espalhafato, e a ravina subia os seus trinta metros do outro lado, em contorsões de arenito.
Tanto quanto os olhos viam, nem vivalma. Quilómetros desertos à minha frente.
Naquela solidão de mar e areia só somos atraídos pelas irregularidades; um barrote que veio na maré, uma pegada estranha ou os restos de uma fogueira em que se aqueceram os pescadores da noite passada.
E foi assim que eu descobri a gaivota, como uma anormalidade.
Estava pousada a uns vinte metros da linha de água. Mas não estava pousada como pousam os pássaros, sempre prontos a voar. Era como se chocasse uma ninhada.
E foi assim que eu descobri a gaivota, como uma anormalidade.
Estava pousada a uns vinte metros da linha de água. Mas não estava pousada como pousam os pássaros, sempre prontos a voar. Era como se chocasse uma ninhada.
Quando me aproximei nem sequer se agitou. A única coisa que movia era a cabeça, de um lado para o outro. E ao fazê-lo o seu bico era um aparo que escrevia na areia uma caligrafia desesperada.
Cheguei tão perto que podia ver os seus olhos aterrorizados, amarelos, e não sabia como demonstrar a minha compaixão.
Cheguei tão perto que podia ver os seus olhos aterrorizados, amarelos, e não sabia como demonstrar a minha compaixão.
(Em toda a minha vida só vi morrer um pássaro, e foi em plena cidade.
Despenhou-se de subito, estrebuchou mansamente durante algum tempo e depois inteiriçou.)
Despenhou-se de subito, estrebuchou mansamente durante algum tempo e depois inteiriçou.)
Não me atrevi a tocar na gaivota. Por um lado imaginava o terror do pobre pássaro ao ver-se agarrado, por outro receei agravar o sofrimento daquele corpo que tão pesado jazia na areia. Senti-me inútil e grotesco.
(Confesso que o sofrimento dos bichos me toca bastante pois, ao contrário dos humanos, não podem explicar o que sentem e geralmente morrem desamparados. Por causa disso já várias vezes fui tentado a contrariar essa fatalidade)
Neste caso não me parecia viável qualquer intervenção. Estava muito longe de qualquer ajuda especializada e desconhecia de todo o que levara a gaivota à desesperada situação em que se encontrava. Doença, acidente ou simplesmente velhice?
(Será que as gaivotas demasiado velhas pousam em praias desertas e ficam olhando o mar até ao último suspiro? Com que direito iria eu interferir num processo desse tipo, carregando desajeitadamente um bicho em sofrimento para o ver morrer num veterinário qualquer?)
Fiquei a olhar para ela e ela também olhava para mim. Duvido que soubesse ler no meu rosto a aflição e compaixão que eu sentia. Eu também no rosto dela não via senão os sentimentos que a minha condição humana permite imaginar.
Cheguei a pensar que a gaivota , depois do terror inicial, sentiria pelo menos o alívio de constatar que eu não lhe fazia mal.
Cheguei a pensar que a gaivota , depois do terror inicial, sentiria pelo menos o alívio de constatar que eu não lhe fazia mal.
Então comecei a recuar sem poder deixar de a olhar, até que a gaivota era apenas uma sombra como outras que resultam das irregularidades da areia.
Caminhei a bom ritmo durante a meia hora que me separava de casa.
Caminhei a bom ritmo durante a meia hora que me separava de casa.
Embrenhei-me nas rotinas caseiras com mais afinco do que é usual.
Mas quando anoiteceu a gaivota voltou a instalar-se no meu pensamento.
Pressentia-a agora na total escuridão da praia e não sob o sol violento da tarde.
O mar rugia como sempre, mas sem se ver.
Mas quando anoiteceu a gaivota voltou a instalar-se no meu pensamento.
Pressentia-a agora na total escuridão da praia e não sob o sol violento da tarde.
O mar rugia como sempre, mas sem se ver.
Então desejei ansiosamente que a maré subisse e que uma grande vaga cumprisse finalmente o destino da minha gaivota.
Hora da publicação: 22:18 0 comentários
Etiquetas: Fernando Penim Redondo, ficções-figuras, teses-textos
Subscrever:
Mensagens (Atom)