segunda-feira, outubro 31, 2011

Cenários Socio-alternativos

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No nosso tempo, fértil em perplexidades e indignações, vão faltando incursões literárias que esbocem realidades socias alternativas. Com o objectivo de perceber a relatividade das formas existentes ou a sua irremediável incongruência.
Não se trata de fornecer um manual de engenharia social mas sim uma espécie de puzzle para exercitar o cepticismo social.
Passamos demasiado tempo a gritar contra as decisões do árbitro mas raramente tentamos mudar as regras do jogo.
Claro que estas ficções, só por si, não mudam o mundo mas podem dar a volta a muitas ideias feitas.
Nos próximos tempos farei algumas experiências neste domínio.
Para começar deixo aqui o link para um capítulo do livro "Do Capitalismo para o Digitalismo" que contém um cenário sócio-alternativo: 

domingo, outubro 30, 2011

Ser equitativo não basta

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Este texto delicioso do Comendador Marques de Correia, no Expresso desta semana, explica por que é que, às soluções, não lhes basta ser justas e equitativas. 

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sexta-feira, outubro 28, 2011

Os mais esquecidos dos indignados

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A suspensão do subsídio de férias e de natal anunciada com o OE2012 tem sido discutida intensamente no espaço público. Mas na esmagadora maioria dos casos é referido o efeito da medida sobre os funcionários públicos omitindo-se, quase sempre, o facto de ela afectar igualmente os pensionistas. Mesmo Cavaco, ao invocar a falta de equidade, esqueceu que a medida também afecta centenas de milhares de pensionistas "privados".
A suspensão dos subsídios, se a quisermos ver como uma injustiça, é muito mais grave no caso dos pensionistas. A maioria dos pensionistas afectados fizeram descontos durante vidas inteiras, não só eles como as suas entidades patronais, e confiaram no Estado como depositário e gestor desses enormes montantes por forma a garantir a sua velhice.
Os pensionistas já não podem reverter esta situação nem estão já em condições físicas de procurar fontes alternativas de rendimentos. Apesar de tudo os funcionários do estado podem decidir mudar de emprego ou emigrar para fugir à perseguição.
É altura de os pensionistas erguerem a voz como os mais esquecidos entre os indignados.

PERU - Cenas de rua

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PERU - Cenas de rua, uma album que pode ser visto AQUI



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quinta-feira, outubro 27, 2011

Religiosidade peruana

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Um album de fotografias, feitas por mim em Setembro 2011, sobre a religiosidade dos peruanos pode ser visto AQUI.

quarta-feira, outubro 26, 2011

Sangue do meu sangue




"Sangue do meu sangue", o novo filme de Canijo, tem recebido muitos elogios da crítica (apesar de algumas excepções) e parece estar a fazer uma boa carreira de bilheteira. Diga-se desde já que o produto está bem acabado e que todos os elogios que têm sido feitos quer aos actores quer à soberba "banda sonora" são absolutamente merecidos.

Mas há neste tipo de filmes sobre a "realidade tal como ela é", para além de uma mistura de bons sentimentos e de voyeurismo, alguma coisa mais? As ideias do realizador acerca da classe média baixa, que povoa os imensos suburbios, e a forma como filmou o quotidiano de um caso pertensamente exemplar, adiantam alguma coisa aos lugares comuns sobre esta matéria?

Durante a exibição do filme fui levado a recordar "Feios, porcos e maus" rodado por Ettore Scola em 1976. De certa forma "Sangue do meu sangue" é um equivalente do filme italiano, transposto para o "estado social" do século XXI.

Mas o filme português, ao contrário do italiano que mostrava desapiedadamente a degradação das relações familiares pela miséria, mostra as relações familiares, "de sangue", como a única fonte de segurança num mundo sem horizontes de futuro (é surpreendente esta recuperação do tema da família pois estamos habituados a vê-lo no discurso de certa direita) .

A desesperança, e o bloqueamento sem fim à vista na ascensão social, é o elemento mais forte do filme. As relações laborais, ou de exploração, não estão de forma alguma em primeiro plano. Os habitantes do bairro social praticam várias formas de pequenos serviços ou tráficos. A narrativa tradicional da esquerda, a luta contra o patronato, não faz muito sentido em tal contexto. O que explica muita coisa do insucesso eleitoral da esquerda nas últimas décadas.

As pessoas, mais do que objectos da exploração de um patrão, são "vítimas" de um sistema que as mantém prisioneiras da sua falta de horizontes e das suas modas (lá estão os telemóveis, as roupas de marca,as nails e os implantes mamários, as telenovelas e os Karaokes).

E neste pântano mostrado por "Sangue do meu sangue", Canijo diz-nos que só o amor da família, depositária da memória de um outro tempo, constitui porto seguro de refúgio contra a desgraça.




terça-feira, outubro 25, 2011

BURAKO Bom Sistema

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O consagrado conjunto BURAKA Som Sistema, que recentemente integrou um novo membro madeirense famoso em todo o país, decidiu, a propósito, modificar um pouco o seu nome para BURAKO Bom Sistema.

CHARADA

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CHARADA:

-95 % das empresas portuguesas empregam menos de 10 pessoas
- 0,08 % das empresas portuguesas empregam mais de 250 pessoas
- 44 % das empresas portuguesas apresenta prejuizos
- 70 % das empresas portuguesas opera no sector dos serviços (produzindo bens não exportáveis ou até a vendendo produtos importados no nosso mercado)

Com uma economia assim como é que se pode equilibrar as contas com o exterior e gerar riqueza suficiente para amortizar a gigantesca dívida?

domingo, outubro 23, 2011

Caminhos para lado nenhum?

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Concorde-se ou não, goste-se ou não, há neste texto hoje publicado no Expresso  muito em que reflectir.

sábado, outubro 22, 2011

EQUIDADE





Esta engraçada gravura foi publicada no "Je Sais Tout" de Junho de 1907.




Toda esta discussão, lançada por Cavaco, sobre a equidade do OE2012 está bastante distorcida e é um tanto absurda.
Os funcionários públicos acumulam duas condições; por um lado são cidadãos como todos os outros e, por outro, são assalariados de um patrão que se chama Estado.
Esse patrão está em muito maus lençóis, a roçar a insolvência. Por isso propõe-se reduzir as retribuições suspendendo os subsídios de férias e de Natal. O Estado tem que reduzir os seus gastos dê lá por onde der e, neste caso, até se pode criticar por estar a fazê-lo a título temporário.
Mas os visados por esta medida não são os funcionários enquanto cidadãos, são sim os funcionários enquanto empregados do Estado. Por isso a igualdade entre cidadãos, a equidade, não está em causa.
Se assim não se entendesse, então sempre que uma empresa insolvente fizesse um despedimento colectivo tal teria que se estender a todas as outras empresas, numa suposta garantia de equidade.
A questão dos pensionistas é ainda mais complexa e lamentável mas, para não incomodar muito, tratarei dela noutra ocasião.

sexta-feira, outubro 21, 2011

Midnight in Paris

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Tinha visto "Midnight in Paris" durante um voo intercontinental, com muito sono e quase sem som. Na altura fiquei com má impressão do filme. Hoje fui finalmente ver a versão completa, no cinema, e fiquei deliciado com a história e com a ironia que ela contém. Recomendo.


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quinta-feira, outubro 20, 2011

O método grego

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Há quem diga que estamos a seguir o caminho da Grécia mas, pelo menos por enquanto, isso é um exagero. Até agora ainda não tentámos resolver a crise à pedrada e à mocada. O método grego, ilustrado nesta fotografia, também parece não estar a produzir grandes resultados. A não ser que se considere o perdão da dívida um bom resultado.

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quarta-feira, outubro 19, 2011

Fazer de conta



A maior parte dos nossos comentadores, que querem acabar com o défice e com a dívida sem sacrifícios, fazem-me lembrar as omelettes sem ovos. Dizem-nos que a austeridade vai dar cabo da economia. Mas eu pergunto: qual economia? O que queremos é ter empresas que fingem que são rentáveis e um PIB que finge que cresce tudo isto baseado numa procura que finge que existe à base de empréstimos que o estado e os bancos pedem lá fora?

Arroubos



O Rui Tavares, com quem eu simpatizo, é vítima da sua própria capacidade argumentativa. O que ele diz é justo, a descrição do problema chega a ser brilhante, mas falta-lhe uma resultante. Pessoas como o Rui, mas também as organizações políticas da esquerda, quanto mais se repetem na descrição das injustiças mais descuram a procura de soluções económicas e sociais alternativas. Os arroubos românticos que se têm sucedido nas últimas décadas acabam sempre da mesma maneira. Não basta gritar pela mudança, é preciso dizer como e para quê.

terça-feira, outubro 18, 2011

Intolerável




 
Os antigos titulares de cargos políticos vão escapar ao esforço adicional de austeridade que será exigido aos funcionários públicos e pensionistas que ganhem mais de mil euros.
Segundo o Orçamento do Estado para 2012, estas pensões serão apenas tributadas em sede de IRS.
(DN de hoje)

Se se confirmar, este escândalo fará provavelmente disparar a má-vontade contra as medidas de austeridade.
O truque para esta inadmissível isenção parece ser a não existência de subsídio de férias e de natal nas pensões dos ex-políticos.
Ora o método de cálculo é meramente instrumental. Na realidade os pensionistas acima de 1000 euros perdem 1/7 do seu rendimento em 2012 e 2013.

Já é uma injustiça aplicar esta regra indiferentemente aos pensionistas que "descontaram proporcionalmente" e àqueles que auferem pensões por obra e graça do Espírito Santo. Dentro destes últimos os políticos são um caso notável; não lhes cobrar ao menos 1/7 dos rendimentos é escadaloso.

segunda-feira, outubro 17, 2011

É hoje

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quarta-feira, outubro 12, 2011

Algumas leituras equívocas da crise



Circulam no espaço público, a propósito da crise, algumas leituras equívocas e mistificadoras:

1. Quando se diz "os cortes na saúde vão prejudicar os doentes" está-se a omitir que os cortes, eles próprios, não são causa mas sim consequência do empobrecimento anterior e do endividamento do país.

2. Quando se discursa sobre os direitos adquiridos e o "retrocesso civilizacional" está-se a escamotear que tais coisas só existem enquanto houver recursos materiais para as manter.
Nada, nem ninguém, está em condições de garanti-las incondicionalmente e é por isso que há no mundo países em que se morre de fome ou por falta de cuidados médicos elementares.

3. Discute-se a crise, quase sempre, como se a superação significasse um regresso à situação económica e social que antecedeu a sua eclosão.
Trata-se de uma mistificação pois o que está a suceder, para já, é uma tentativa de aterragem de emergência dois degraus mais abaixo, correspondentes ao empobrecimento que o nosso país registou nos últimos anos e que a crise se limitou a desvendar.
Por isso há que assumir que no fim desta aterragem de emergência, e esperemos que seja suave, estaremos todos em geral mais pobres.

4. Quem diz estar à espera de ver quais são as medidas do governo para relançar o crescimento económico, e voltar a subir os degraus do desenvolvimento, parece não perceber o essencial.
O desenvolvimento económico depende essencialmente das escolhas e decisões dos cidadãos, das empresas e de outras organizações produtivas. Se estes agentes não decidirem, de forma massiva, aumentar a produtividade e gerar mais riqueza, dentro do país, não há governo que nos valha.  

segunda-feira, outubro 10, 2011

O barrete continua



As eleições de 2011 na Madeira mostraram, entre outras coisas, a total inépcia da esquerda para lidar com o "fenómeno". Os resultados do PS, PCP e do BE são um descalabro apesar de alguma demagogia com que tentaram disfarçar a responsabilidade dos madeirenses na perpetuação do "fenómeno".
Têm que enfiar a carapuça.

sábado, outubro 08, 2011

Antes de mais nada fechar a torneira



Tornou-se comum contrapor as medidas para redução do défice à necessidade de promover o crescimento económico (imprescindível para poder vir a pagar as dívidas no futuro). Mas tal argumento não faz muito sentido. Se ao chegar a casa depararmos com uma inundação a primeira coisa a fazer é fechar a torneira. Só depois pegamos nos panos e no balde e secamos o soalho.

terça-feira, outubro 04, 2011

Rostos peruanos

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Pode ver uma selecção de rostos peruanos fotografados em Setembro de 2011 se carregar AQUI.




segunda-feira, outubro 03, 2011

A "não inscrição"



Mais um caso notável para ilustrar as teses de José Gil sobre a "não inscrição" dos portugueses. Na Grécia atira-se cocktails molotov à polícia, enquanto isso em Portugal discute-se um relatório policial sobre a possibilidade de no futuro se virem eventualmente a registar desacatos.

A procissão dos caracóis



No sábado à noite fiz esta foto em Reguengo do Fetal, para os lados da Batalha, durante a famosa "procissão dos caracóis".
Milhares de caracóis enfeitavam as diversas ruas da pequena localidade. Enquanto os fiéis vão em procissão, até à ermida de Nossa Senhora do Fetal, alguns com velas, o caminho é iluminado por caracóis cheios de azeite e transformados em lamparinas.

domingo, outubro 02, 2011

Vida selvagem



Isto era o que se podia ver hoje de manhã ao pé da ponte Vasco da Gama na margem norte.