domingo, dezembro 30, 2012

O último Expresso de 2012

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O último Expresso de 2012
uma leitura, ao serão, com sabor a fim de ano mas com um travo de perplexidade.
Toda a gente grita e gesticula mas tem-se a sensação de ser cada vez mais improvável qualquer mudança.
Não se perfila, nem por sombras, qualquer alternativa política nem um processo capaz de forçar novas eleições.
O PS remete-se a uma estratégia de denuncias e insinuações acerca das realizações alheias, sempre vulnerável às acusações de ter sido a causa da bancarrota.
O PCP e o BE seguem uma linha de rejeição dos acordos internacionais a que, simplesmente, ninguém a não ser os militantes consegue aderir.
Depois do forcing das manifs, em Setembro, essa forma de contestação parece ter entrado em letargia especialmente depois das pedradas de S. Bento.
Os estivadores meteram-se num braço de ferro dispendioso para o país, mas sem saída, e acabaram por ceder ao cansaço sem terem ganho nada.
O Congresso das Alternativas começa a ter os seus dissidentes seguindo o padrão habitual.
A esquerda passa o tempo à espera da salvação pelas mãos de Cavaco ou do Tribunal Constitucional para, no momento seguinte, os acusar das piores coisas. Ou então faz de Portas um potencial salvador, enunciando e ampliando todas a razões de queixa do dirigente centrista e falando como se fosse solidária com as suas penas.
Outra "fonte de esperança" reside na execução orçamental de 2013 que terá a sua primeira ocorrência quantificada só lá para Abril ou Maio. Mas também não se percebe em que se fundamenta tal esperança.
Tudo isto é muito triste. As invocações abstactas de uma unidade e governo de esquerda, que ninguém vislumbra e cujo conteúdo é omisso, de tanto se repetiram geram cansaço e indiferença.
Rui Ramos diz, também no Expresso, que a escalada dos adjectivos e a passagem das críticas aos insultos, são sintoma de impotência. Com milhares de analistas no Facebook e quejandos, os actores políticos tradicionais têm que "aumentar o volume" para terem alguma hipótese de ser ouvidos.
É capaz de ter razão.

sábado, dezembro 29, 2012

A TV é que o tramou

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No Expresso de hoje


Se não tivesse cedido à tentação de brilhar na TV ainda havíamos de o ver em altos voos

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sexta-feira, dezembro 28, 2012

Carneirada

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A carneirada, como se pode ver, por vezes também é do contra

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quarta-feira, dezembro 26, 2012

A minha prenda do Natal

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A Louise, a minha prenda do Natal. Todos os dias.

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segunda-feira, dezembro 24, 2012

O burlão é o nosso espelho



 
Há quem diga que este episódio do burlão que enganou quase toda a gente é um episódio menor e mesmo divertido.
Não concordo.
Ele revela a falta de sentido crítico reinante no nosso espaço público que só ouve o que quer ouvir e que aceita qualquer depoimento como bom, venha de quem vier, desde que se insira na "verdade" em vigor.
Mostra também que a comunicação social, nomeadamente as televisões privadas, nos estão a "informar" com base numa agenda própria.
Se o Baptista da Silva defendesse o prosseguimento da austeridade, mesmo que se apresentasse como coordenador da ONU, nenhuma televisão o teria chamado para entrevistas.


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sábado, dezembro 22, 2012

A propósito de equidade

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Embora tímidamente esta questão começa a esclarecer-se, embora este texto do Expresso seja incompleto, confuso e impreciso.
Eu ando a falar disto há muitos anos.

Tem existido nesta matéria uma desigualdade entre os cidadãos do nosso país.
Apesar da falta de transparência que tem rodeado este assunto espero que ainda venhamos a conhecer a verdadeira extensão do problema.
Se o Expresso tivesse querido fazer um trabalho bem feito tinha calculado as pensões de dois trabalhadores com o mesmo salário e número de anos de desconto, um do público e outro da privada. E podia fazê-lo com referência a várias datas de passagem à reforma para mostrar como é que o sistema tem evoluído.


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Inverno


Inverno

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Somos todos Jonets

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Ela exibe a caridade, personalizada e afectiva, e nós exibimos o "estado social" indirecto e racional. 
Mas todos, de um modo ou de outro, perpetuamos a pobreza.



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quarta-feira, dezembro 19, 2012

Mitologia grega




O líder da Syriza, coligação da esquerda grega, Alexis Tsipras, afirmou que a "Grécia hoje pode ser Portugal amanhã", caso o país continue a seguir as medidas de austeridade determinadas pela 'troika'.
"A Grécia está um ano, um ano e meio à frente de Portugal na recessão. Os países têm a mesma experiência, os mesmos inimigos e o mesmo tratamento da 'troika'", disse Tsipras esta terça-feria à agência Lusa em São paulo, durante a sua visita ao Brasil.
DN 19.12.2012

Há um ano diziam-nos a mesma coisa. Mas hoje toda a gente pode ver que Portugal não é, agora, como a Grécia de há um ano atrás.
A diferença entre os dois países no que toca à queda acumulada do PIB, ao défice, ao endividamento (e perdões da dívida) e ao desemprego é demasiado grande para que tais agouros sejam possíveis. 
Só convencem quem se quer convencer.

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segunda-feira, dezembro 17, 2012

Alentejo imenso

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S. Domingos, a Sul de Santiago


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domingo, dezembro 16, 2012

Areia para os olhos




Isto, que tem circulado na net, é uma forma capciosa de ocultar uma injustiça gritante.
O que esá em causa é que durante décadas as regras de cálculo das pensões foram diferentes para pessoas nas mesmas circunstâncias... 
Basta comparar o valor das pensões de duas pessoas, uma do público e outra do privado, com o mesmo salário e o mesmo tempo de serviço. 
Claro que isso ninguém faz.
Lamento que pessoas que se dizem de esquerda pactuem com tais injustiças.
A questão resolvia-se muito simplesmente. Todas as reformas seriam recalculadas de acordo com a regra que funcionou para os privados durante décadas: o número de anos de serviço, vezes 2%, vezes a média dos cinco melhores vencimentos dos últimos dez anos descontados. 
Ninguém poderia portanto ter uma reforma superior a 80% (com 40 anos de descontos) da média dos melhores cinco anos dos últimos dez. 
Havia de ser bonito... 
mas foi isso que me aconteceu, e a muitos outros, e fiquei com uma reforma que é 60% do meu último vencimento.
Na função pública acontecia muitas vezes as pessoas reformarem-se com pensões superiores ao seu último vencimento.

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sexta-feira, dezembro 14, 2012

Irresponsabilidade, doença infantil da cidadania



Irresponsabilidade, doença infantil da cidadania

Folheia-se os jornais, assiste-se aos telejornais, e fica-se com uma sensação estranhíssima. Notícias e comentários, com raras excepções, inserem-se descaradamente numa narrativa inverosímil; 

- os dirigentes europeus são todos uma cambada de nabos que levam o continente para o abismo sem atender à clarividência dos nossos comentadores e académicos. Felizmente vai haver eleições em Setembro, na Alemanha, e talvez tudo se resolva então.

- os sacrifícios que desabaram sobre os portugueses são manifestações do sadismo ou, pelo menos, da "agenda ideológica" dos actuais governantes e tudo se resolveria se nos livrássemos de tal gente, com ou sem eleições.

Como nos vemos a nós próprios como meras vítimas de culpas alheias consideramos uma perda de tempo discutir o que deve ser feito para, nas condições concretas em que o país se encontra, e assumindo que sacrifícios são inevitáveis, ultrapassar as dificuldades actuais.
Faz-se mas é uma manifestação de protesto.
Os jornais e as televisões usam quase todo o seu espaço na descrição das limitações, sofrimentos e mazelas sociais que conseguem inventariar, repetindo tantas vezes quantas as necessárias para que não possam escapar à nossa atenção.

O futuro do país, e o futuro dos portugueses, pouco parece interessar quando o exercício diário é pintar um quadro tão negro quanto possível numa lógica partidária míope e irresponsável.





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quarta-feira, dezembro 12, 2012

HABITAT 2012





HABITAT 2012
cem câmaras num ano

quase sem dar por isso, envolvi-me num aventura; coleccionar e fazer funcionar máquinas fotográficas analógicas, de rolos, produzidas durante o século vinte.
Um dia talvez conte todas as peripécias que tal  tipo de experiência envolve.
Para mim foi uma espécie de reconstrução do meu percurso como fotógrafo, uma forma de (re)viver sensações que não pude ter no tempo próprio.

Foi também uma maneira de resistir e reflectir sobre as facilidades, antes impensáveis, que as tecnologias nos trouxeram no domínio da fotografia.

Com máquinas que me chegaram dos quatro cantos do planeta, na maior parte dos casos sem trazerem nada sobre os seus passados, abre-se-me um vastíssimo campo à imaginação. Que é que terão visto todos aqueles "olhos" ?
Durante um ano dei-lhes a ver o meu habitat; a minha casa, a minha cidade e o meu país.
Às vezes interrogo-me sobre o que pensarão elas de tudo isto.

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terça-feira, dezembro 11, 2012

Concordo com quase tudo

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CONCORDO
com quase tudo o que António Guerreiro escreveu esta semana no Expresso, mas considero que ao colocar o centro deste debate na dicotomia Estado/Mercado se perde de vista o essencial, a saber, as relações de produção e a forma como os excedentes da produção são distribuídos.
A esquerda está em dificuldades precisamente por não ser capaz de avançar com uma alternativa ao assalariamento e à 

distribuição de riqueza que lhe é inerente. Ao exigir emprego, e ao confundi-lo com o trabalho por conta de outrem, a esquerda está, aliás, a naturalizar e a perpetuar o assalariamento enviando à sociedade a mensagem implícita de que não há outra forma possível de organizar a produção.
Nem a propriedade privada nem as trocas mercantis são específicas do capitalismo; o assalariamento sim.
O aparente conflito entre Estado e Mercado é uma falsa questão. Na história da humanidade ambos sempre existiram e coexistiram (como aliás hoje em dia mesmo nos países mais "neoliberais").





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Uma imbecilidade que contribui para o défice

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Uma imbecilidade que contribui para o défice

Nos últimos tempos tem vindo a alastrar o número de autarquias que põem em funcionamente estas "coisas" que sopram folhas e lixo, em todas as direcções, em substituição das vetustas vassouras.
Duvido que aumentem a produtividade dos varredores mas, mesmo que tal aconteça, é à custa dos seguintes inconvenientes:
1. Custo da máquina

2. Custo das reparações e manutenção ao longo da vida útil
3. Custo do combustível que alimenta o motor
4. Poluição sonora bastante incómoda
5. Poluição do ar com os gases de escape.

Os parques e jardins onde este objecto demoníaco entre em acção deixam de ser bucólicos locais de descontracção e repouso para se tornar espaços "industriais".

Os nossos ecologistas fanáticos parecem ser insensíveis a isto.

domingo, dezembro 09, 2012

PEDITÓRIO



PEDITÓRIO QUE CIRCULA POR AÍ

Peçam ao fugitivo de Paris os 90.000 milhões de euros que aumentou na dívida pública entre 2005 e 2010.

- Peçam ao fugitivo de Paris, que decidiu nacionalizar o BPN, colocando-o às costas do contribuinte, aumentando o seu buraco em 4300 milhões em 2 anos, e fornecendo ainda mais 4000 milhões em avales da CGD que irão provavelmente aumentar a conta final para perto de 8000 milhões, depois de ter garantido
que não nos ia custar um euro.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 695 milhões de derrapagens nas PPPs só em 2011.

- Peçam ao fugitivo de Paris, que graças à sua brilhante PPP fez aumentar o custo do Campus da Justiça de 52 para 235 milhões.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 300 milhões que um banco público emprestou a um amigo do partido para comprar acções de um banco privado rival, que agora valem pouco mais que zero. Quem paga? O contribuinte.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 450 milhões injectados no BPP para pagar os salários dos administradores.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 587 milhões que gastou no OE de 2011 em atrasos e erros de projecto nas SCUTs Norte.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 200 milhões de euros que "desapareceram" entre a proposta e o contrato da Auto-estrada do Douro Interior.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 5.800 milhões em impostos que anulou ou deixou prescrever.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 7.200 milhões de fundos europeus que perdemos pela incapacidade do governo de programar o seu uso.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 360 milhões que enterrou em empresas que prometeu extinguir.

- Peçam ao fugitivo de Paris, para cancelar os 60.000 milhões que contratou de PPPs até 2040.

- Peçam ao fugitivo de Paris, que usou as vossas reformas para financiar a dívida de SCUTs e PPPs.

- Peçam ao fugitivo de Paris, para devolver os 14.000 milhões que deu de mão beijada aos concessionários das SCUTs na última renegociação.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 400 milhões de euros de agravamento do passivo da Estradas de Portugal em 2009.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 270 milhões que deu às fundações em apenas dois anos.

- Peçam ao fugitivo de Paris, os 3.900 milhões que pagou em rendas excessivas à EDP tirados à força da vossa factura da electricidade.

- E agradeçam ao fugitivo de Paris o dinheiro empatado no aeroporto de Beja.





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sábado, dezembro 08, 2012

É este o resultado

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Durante várias décadas houve uma enorme disparidade, e injustiça, no cálculo das pensões do sector público e do sector privado.
No público, através de vários esquemas como, por exemplo, a promoção fictícia e o respectivo aumento na véspera da reforma, havia muita gente que se reformava com pensões maiores do que o seu último ordenado.
No privado o máximo que se podia obter era 80% da média dos melhores vencimentos dos últimos anos. Em condições normais a pensão oscilava entre os 60 e 70% do último vencimento.
Qualquer moralização deste sector implicaria "ajustar" as pensões ao valor realmente descontado durante a carreira contributiva.
(os números vêm publicados no Expresso de hoje)

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quarta-feira, dezembro 05, 2012

E dura...dura...dura...

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Apoio ao nível do Brejnev, nos seus tempos
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terça-feira, dezembro 04, 2012

Tesourinhos deprimentes


Cristalino, lapidar

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Cristalino, lapidar.
Expresso 01.12.2012

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Desaparecido em combate





HOLLANDE, desaparecido em combate 
(e dos discursos de A. J. Seguro)

domingo, dezembro 02, 2012

O Debate da Esquerda



O debate das esquerda, e das suas potenciais alianças, tem vindo a restringir-se ao magno problema de saber quem rasga e quem não rasga o Memorando da Troika.
É que há os que se limitam a amarrotar Memorando, os que não passam de duas ou três cuspidelas e os que apenas o dobram, muito dobradinho, e tentam esquecer-se dele no bolso de trás das calças.
Em contrapartida há os que saltam a pés juntos sobre o Memorando e esfregam as cardas da botifarra, os que o mastigam e depois engolem com a ajuda do carrascão e os que o queimam em voodoos rituais.
Em suma, a unidade da esquerda é difícil como o caraças.