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O Teatro da Trindade dá continuidade à sua política de produzir óperas que, em português, constituam espectáculos agradáveis e com capacidade para atrair públicos vastos e variados. Depois das "Bodas de Fígaro" que mencionámos aqui, temos agora "O Elixir de Amor".
Adoptando uma estética que, adequadamente, remete para o catálogo de Verão da La Redoute ou da IKEA consegue proporcionar ao público uma leitura muito próxima do seu dia a dia.
Os perigos do consumismo, e até do endividamento, tão actuais, vêm assim à baila.
Sem que tal possa ter sido planeado pela encenadora Maria Emília Correia pois quando o espectáculo foi concebido ainda estavamos longe do momento económico especialmente delicado em que agora vivemos.
A irresponsabilidade dos cidadãos consumidores tem sido insuficientemente tratada. Realmente quase todos nós continuamos a procurar comprar aquilo que ninguém nos pode vender quer se trate do elixir do amor, da fortuna ou da longevidade. Não é lícito culparmos só aqueles que se aproveitam da nossa insensatez.
Há entre os cantores excelentes surpresas (pelo menos para mim). É o caso do tenor João Cipriano Martins e da soprano Carla Caramujo.
Estas são experiências que devem sem dúvida ter continuidade.
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"Cancelamentos culturais" na América (2)
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