Nos últimos tempos, por razões conhecidas, toda a gente fala sobre as "falhas da regulação" do mercado. Sempre que um tema se converte numa moda tende a deixar de ser o centro das atenções que passam a dedicar-se quase exclusivamente à crítica, ou ao aplauso, dos que entretanto já se pronunciaram sobre ele. O tema, em si, deixa portanto de ser objecto de análise e converte-se num conjunto de lugares comuns prontos para o arremesso.
A contra-ciclo coloco as seguintes questões:
1. não deviam ter sido os donos dos bancos agora falidos os primeiros, para defender os seus interesses, a impedir os gestores de realizarem negócios ruinosos ?
2. como se explica que os gestores, que constituem aparentemente uma classe irresponsável, sejam motivados com enormes comissões mesmo quando o resultado dos negócios realizados leva à bancarrota ?
3. que tipo de capitalismo é este em que a maior parte dos "detentores do capital" são mais pobres do que os gestores que os arruinam, e não têm forma de impedir que tal aconteça ?
4. como encaixar os gestores ? são assalariados ? são empresários ? são uma nova casta que domina o mundo ?
5. os gestores privados são distintos dos gestores públicos e, em geral, dos burocratas que deviam realizar a tal "regulação" salvadora ? ou têm todos o mesmo tipo de "apetites" só diferindo na forma como os saciam ?
Eu sei que estas perguntas são incómodas porque desafiam os "discursos oficiais" da esquerda e da direita. Mas talvez ajudem à compreensão do assunto.
P.S: A palavra "regulação" traz-me sempre à memória: régulo, reguada, loja regular, relógios Reguladora, leis que não vigoram por falta das regulamentação...
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"Cancelamentos culturais" na América (2)
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Há 6 horas
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