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Tem vindo a ser anunciada uma "festa/sessão", com base num "Apelo" rubricado por um vasto conjunto de personalidades que incluem Manuel Alegre, Francisco Louçã e ex-PCPs. Terá lugar no Teatro da Trindade no dia 3 de Junho.
Depois da decadência dos partidos do centro - PSD e PS - estamos agora perante um típico fogacho do esquerdismo oportunista que, como de outras vezes na história, pode vir a ser antecâmara de ditaduras da direita. Quando o povo tiver perdido totalmente a confiança nos partidos “moderados”, sujeito a grandes dificuldades diárias, os pretextos proporcionados por tiradas extremistas farão surgir, do nada, um Berlusconi português ou, quem sabe, um Salazar da era digital.
O problema desta gente, que as sondagens animam, é que não faz os trabalhos de casa; não tem qualquer ideia prática sobre a forma de realizar a justiça que reclama. Nesse aspecto vale mais o Jerónimo, e a sua União Soviética “que ainda há-de vir”, pois ao menos sabe-se do que estamos a falar.
Eles pensam que basta cavalgar as últimas estatísticas sobre a pobreza, mas disso até o Santana Lopes já se tinha lembrado. Não vamos lá com descrições inflamadas da miséria que não são mais do que um disfarce da miséria das alternativas.
O que importa é inventar e preparar um novo mundo que funcione, que convença a maioria, em vez de organizar "AGORA AQUI" festas e sessões à babugem das eleições que se aproximam.
Um outro Tony Blair e de fancaria
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*Kyiv agora usa mísseis britânicos Storm Shadow para atacar a Rússia. Esta
“estratégia anti-Trump” carece extremamente de visão.*
Fonte: Responsible Sta...
Há 57 minutos
16 comentários:
Estás a falar de Bloco, Alegre e companhia, se bem percebo.
LONGE DE MIM, qualquer entusiasmo com esta iniciativa, mas acho que exageras.
E, além disso: mais vale o Jerónimo? Para quê? Cuidado que há recaídas! Já assiti a algumas!!!
Joana, muitas vezes faço os textos na mesma lógica dos cartoons ou das caricaturas, com as "tintas carregadas"...
Pois é, Fernando, até já me explicaste isso e eu percebo. Mas estas casas são públicas!
Sabes o que fiz imediatamente antes de aqui vir agora? Responder a um mail de um ex-colega nosso que me pedia precisamente para lhe explicar o que se passava contigo - não por este post, mas aparentemmente, por um comentário que terás deixado no Arrastão, sobre o mesmo tema, e que eu não li.
Que nojo. Quase vomitei ao ver a cara do Berlusconi numa garrafa de precioso néctar duriense.
Acho um insulto aos produtores desse vinho dos deuses.
Ficava muito melhor ter colocado a foto do homem numa garrafa daquela zurrapa italiana cheia de açúcar chamada Asti.
Agora a sério.
Concordo com o seu texto, apenas com um reparo. Ao contrario de outras épocas, temos um sistema eleitoral que funciona, um recenseamento que não deixa ninguém de fora (excepto o limite de idade), eleições sem fraudes, e instituições que mal ou bem funcionam (Parlamento, Presidência).
Por isso é muito mais difícil haver uma ditadura seja ela qual for, pois o ovo de onde elas nascem é posto por "democracias" que de tão mal funcionarem levam os países ao caos. E ainda estamos longe de chegarmos a um pais caótico.
Joana, não percebo qual é a dúvida do tal nosso ex-colega.
Eu estou farto de publicar opiniões deste tipo, ou seja, total insatisfação com a generalidade das posições "de esquerda".
Acho que é clubista,"comemorativa"/emocional,defensista/protestante, pouco criativa e em geral funciona por chavões cujo fundamento desconhece.
Sou um adulto quase velho, sempre actuei de acordo com a minha consciência, dei mais ao coiro do que muitos que me criticam e, para concluir, não estou disposto a abdicar da minha feroz independência.
Não faço fretes a ninguém e, tal como fiz ao longo da minha vida, não espero favores.
Dito isto, para esclarecimento, volto a ser um tipo cordial como sempre fui.
caro luis bonifácio,
como não gosto de textos muito longos por vezes corro o risco de as minhas sínteses serem mal interpretadas.
Vou tentar explicar um pouco melhor: o desprestígio dos partidos principais e a ascensão de movimentos de esquerda pouco estruturados, sem substância, pode levar a uma situação muito grave.
Se pensarmos numa degradação acelerada das condições de vida, que como já se percebeu pode perfeitamente acontecer, não estamos livres de surgir um demagogo reaccionário que arraste as pessoas que se encontrem em estado de desespero.
A Europa pode não nos valer de muito pois até pode estar a viver outras situações semelhantes à nossa.
Este é o padrão que já se verificou no passado.
Com que então é a actividade de esquerda que fomenta os Berlusconis? Com então uma actividade de esquerda que junta diversas esquerdas não passa de um “fogacho de esquerdismo oportunista”?
Já se sabe quem se está-se rir com estas tuas afirmações, que roçam as provocações da extrema-direita, é o Jerónimo e o PCP. Que esse sim é que tem solução para a resolução dos problemas nacionais.
Já se sabe a tua forma de pensar corresponde aqueles oposicionistas que achavam que devíamos defender temas muito moderados contra Salazar, porque não fosse ele agravar a repressão. Não foi portanto onde a esquerda apareceu unida e tentar organizar-se que melhor se pôde resistir à ascensão do fascismo, foi então onde houve essa actividade que ele cresceu. Disparate perfeito e verdadeiro oportunismo.
Por outro lado, a tua forma de pensar resulta sempre que tu nunca foste capaz, pelo menos nestes últimos tempos, de estabelecer objectivos intermédios em qualquer forma de luta. Para ti ou se luta pelo objectivo final ou então tudo mais é puro oportunismo. É como aqueles que diziam que não valia a pena lutar contra o fascismo, o que se devia lutar era contra o capitalismo, pela construção da sociedade socialista. Já se sabe como isso não se podia fazer de imediato, então mais valia não fazer nada.
Tu já não estás na fase de descrença sistemática. Para ti ou se luta pelo objectivo final, que tu próprio não sabes muito qual seja: “a sociedade digitalista”?, ou então não vale a pena lutar e todos os que o fazem não passam de esquerdistas oportunistas.
Triste sina de um revolucionário de opereta.
Este texto é feito com raiva, por encontrar um amigo não a dizer coisas que eu discorde, mas que se poderiam enquadrar num discurso racional, mas a desvirtuar e a deliberadamente achincalhar iniciativas que têm bastante interesse. Eu estarei lá presente.
Só não tinha posto aqui a convocatória do encontro-festa porque na altura não me foi fácil encontrar o logótipo da realização. Mal sabia eu, provavelmente já suspeitava, da virulência do ataque que aí vinha. Paciência, não fui suficientemente rápido.
Mas não resisti à provocação de o colocar. Sei que neste aspecto és um liberal.
Ora eis que estala, com virulência, a discussão entre dois habitantes desta casa. Vicissitures de blogues colectivos!...
Eu, que ainda tenho nome na fachada embora não escreva há que tempos, situo-me, neste caso, a meio do caminho. Discordo totalmente, como já disse no primeio comentário, do tom e do conteúdo do «post». Já percebi há algum tempo o que o Fernando explica na primeira resposta, mas acho que prosa com ar sério e cartoons são coisas diferentes. E, por amizade, custa-me vê-lo ultrapassar claramente a direita, em alguns casos.
Quanto ao Jorge: eu não partilho do mesmo entusiasmo com esta iniciativa, mas percebo-a. Uma coisa é o plano inatingível das utopias que nos guiam e em cujo horizonte, sinceramente, este tipo de frentismo não me convence, outro é o da vida real, pura e dura, onde, para mim, faz todo o sentido estar com aqueles que, hoje, mais se aproximam do conceito de «compagnons de route».
Ou seja e muito concretamente: eu nunca assinaria aquele documento, mas estou a pensar ir ao Tridade.
Abraços para os dois.
Caro Jorge,
já perdi a esperança de te ver compreender as minhas razões.
Continuarei no entanto a não pactuar com o oportunismo de quantos usam as bandeiras da esquerda, que eu tentei servir toda a vida, para se promoverem e pavonearem.
Visões superficiais e sem saídas possíveis podem gerar muito alarido mas, como tem vindo a acontecer, ao fim e ao cabo constituirão mais uma desilusão.
Fiz exacatamente este tipo de crítica na campanha eleitoral para derrubar Santana; hoje, aqueles que então actuaram irresponsavelmente choram baba e ranho com as políticas de Sócrates.
Como bem dizes não me incomoda minimamente que publiques aqui o anuncio do "AQUI E AGORA" mas não estou certo de que tu aceitasses uma situação inversa.
Talvez essa diferença te deva fazer pensar.
Em resposta à Joana direi que entre mim e o Fernando é como o rato e o gato. Já há muito tempo que as nossas trocas de opiniões chegam quase ao insulto, mas no fundo a amizade entre os dois permanece.
Quanto ao Fernando penso que ele está a ser injusto, porque, apesar do que ele pensa, sou um liberal, no sentido de que todos têm direito a expressar a sua opinião. O que não quer dizer que não fique desvairado quando a confusão ideológica é muita e quando me parece que os argumentos racionais foram abandonados, ou então, quando os antigos pressupostos em que nos baseávamos para trocar opiniões já não têm qualquer ponto comum.
Para a Joana e o Fernando
Sem pretender ser mestre de alguém, e andando sempre à volta das mesmas coisas, a verdade é que a esquerda em Portugal precisa de um projecto aglutinador, que tente reunir as diversas sensibilidades, que ultrapasse estes bloqueamentos em que se tem vindo progressivamente a encerrar. Sei que com o PCP é difícil estabelecer pontes, mas perante a força dos factos, e Jerónimo de Sousa, em algumas declarações, já deixou antever uma réstia de esperança, é possível que se consiga alguma unidade.
Hoje, na Europa, só com novas organizações de esquerda, unitárias e com projectos agregadores, é possível deter e superar a ofensiva neo-liberal e vencer a crise que se abate sobre os trabalhadores. Sei que a experiência italiana foi traumática, mas temos na Alemanha um novo partido, que resultou da união entre os sociais-democratas de esquerda e dos comunistas, que está de boa saúde.
Sei que para o Fernando, devíamos todos parar, discutir muito bem discutidinho o que queríamos como sociedade futura e depois abalançarmo-nos a apresentar ao povo esse projecto. E aí é que eu digo que o Fernando desconhece o que são objectivos intermédios, em que se inserem iniciativas como esta, que podem resultar ou não. Não podemos é em nome de um finalismo de que não conhecemos os contornos, não fazer nada no presente e achar que os que fazem são oportunistas de esquerda, que não sabem nada do que querem, além de passearem as suas vaidades em vésperas de eleições.
Acho que vale a pena dar de vez em quando um abanão valente à árvore.
Caem sempre alguns frutos.
Eu até nem me importo de fazer o papel de mau da fita.
Anda por aí um anuncio nos jornais que cita André Gide e que vem a propósito:
"Não se descobrem novas terras sem se largar da vista a costa durante muito tempo"
Jorge,
Assino por baixo quanto ao diálogo com o Fernando - e ele sabe-o.
Fernando,
Largar a costa há muito tempo, já nós o fizemos e, por mim, continuarei em mar alto. Mas, pelo menos de vez em quando, há que ir a terra firme.
Joana e Jorge
Eis-me perante uma "Revolta na Bounty" (gargalhadas).
Siga a navegação para novos horizontes (pelo sim pelo não vou começar a usar o colete salva-vidas como pijama...)
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