Num artigo de um tal Henrique Custódio, na rubrica A Talho de Foice, do jornal Avante!, é feita referência a uma comemoração que ia ter lugar no ISCTE, no dia 10 de Maio, promovida pelo Bloco de Esquerda sobre o Maio de 68.
Logo, no próprio título do artigo se inicia a provocação, O Maio deles, dando a sensação que os do PCP comemoram um outro Maio, o dos trabalhadores, esquecendo que dias antes trabalhadores do PCP e do BE e de outras tendências tinham desfilado até à Alameda Afonso Henriques sob a bandeira da CGTP.
Acho também estranho que se considere como o Maio deles, o Maio de 68, quando o PCP, que eu me recorde, organizou, numa outra data redonda, um colóquio sobre o Maio de 68. Mas, passemos adiante.
Depois toda a prosa do artigo tem um tom chocarreiro, normalmente utilizado para retratar as iniciativas do primeiro-ministro ou da direita. Assim, um almoço transforma-se em “patuscada”, o “comício da praxe é abrilhantado pelo inevitável Francisco Louçã, esse líder fatal das “esquerdas” e são promovidos “artistas mimosos” de uma dada banda.
Depois, é insinuado que “por um conto réis ida-e-volta” se podia vir “passear” a Lisboa, para ouvir o Louçã, tal como os “excursionistas que vinham aos Maios promovidos pelos salazaristas nunca souberam quem era o tal “Baltazar” (faz referência à canção do Sérgio Godinho) que lhes pagava as viagens”. Ou seja, concretizando, as pessoas que vinham ouvir o Louçã, vinham só porque lhes pagavam a viagem, tal como no tempo de Salazar se fazia, quando se queria uma sala cheia.
O tom continua, agora fazendo referência a onde é que o Bloco foi arranjar dinheiro para fazer tal comemoração, já que os preços de participação eram baixos.
E termina, afirmando que o BE já arranjou lugar para si, “como se vê por esta adaptabilidade aos truques “do mundo novo” que medra por aí”.
Sei que o Daniel de Oliveira já tinha feito um post sobre este mesmo assunto, no entanto, não quis deixar de lhe fazer referência, tal é a rasquice e o sectarismo que medram na mente de certos escribas do Avante!, com a autorização do seu Director, o José Casanova.
Em todo o artigo não há uma ideia sobre o Maio de 68, alguma divergência sobre a oportunidade da comemoração, só há galhofa e graves insinuações sobre um tipo de realização que é, do ponto de vista organizacional, igualzinha às do PCP.
PS.: Este texto foi publicado igualmente em http://trix-nitrix.blogspot.com/
1 comentário:
Concordo contigo.
É realmente deploravel.
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