Na última página do Público de hoje Rui Tavares volta, como muitos outros, ao tema das mortes resultantes de intervenções policiais. Fá-lo de forma demagógica pois a polícia não "baleou um rapaz de 13 anos", a polícia baleou um carro que se recusou a obedecer à ordem de parar o que é muito diferente. Rui Tavares também podia ter escrito que a polícia "baleou um cadastrado foragido", na lógica dele esta afirmação também é verdadeira.
Qualquer pessoa compreende que a polícia tem que ser obedecida, a qualquer custo, sob pena de passar a ter um papel meramente decorativo. A partir do momento em que se estabeleça que a polícia não pode forçar, por qualquer meio, a obediência às suas ordens veremos todo o tipo de criminosos fugir impunemente. Nessa altura deixámos de viver num Estado de Direito.
O que está portanto em causa não é o tipo de crime que se suspeitava estar a perseguir mas sim a absoluta necessidade de a polícia se fazer obedecer, se queremos ter polícia.
Quando lemos este trecho do artigo em referência podemos pensar que na base dos seus equívocos se encontra um "excesso de humanismo" mas essa apreciação cai pela base quando constatamos que a vida dos vários polícias baleados nos últimos anos não parece motivar o Rui Tavares.
É caso para pensar que se trata de um atitude classista; há uns tipos que por razões económicas se vão empregar na polícia e, em troca de um mísero salário, devem estar disponíveis para levar uns balázios na defesa dos nossos bólides, das nossas vivendas e dos nossos corpinhos. E, ainda por cima, pede-se-lhes para o fazerem sem incomodar, como quem diz à mulher a dias "Oh Francisca há-de aspirar a sala amanhã de manhã mas não me acorde".
Nunca deve ter ocorrido ao Rui Tavares que é desumano pedir a alguém, em troca de um salário, que passe a vida a lidar com a "escória da sociedade", a correr sérios riscos para depois ouvir os "bem pensantes" pedir que não lhes estraguem a visão romântica em que as "etnias" pertencem aos festivais de música e não aos tiroteios. É chato.
Se assim é então eu vou ser ainda mais de esquerda: como a polícia é constituída por tarados que só lá estão para poder fazer tiro à borla eu proponho uma polícia popular, um "Serviço Policial Obrigatório", na linha do extinto serviço militar obrigatório.
Dissolve-se a PSP, enquanto corpo profissionalizado, e todos os anos se recruta uns milhares de portugueses para desempenhar, de forma humanizada, o serviço policial. O povo é que vai policiar o povo e, espero eu, aprender dessa forma quanto custa fazê-lo.
Só espero que o Rui Tavares esteja na primeira incorporação para podermos ver se ele afinal dispara ou não dispara sobre os carros em fuga.
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3 comentários:
Coincidência absoluta no tempo: acabei de ler o Rui Tavares no Público, pensei que poria o link no Brumas quando saísse no 5 Dias, cheguei aqui e vi o teu post.
Vamos, pois, em divergência galopante. É a vida!
Mas com um abraço, pois claro.
É a vida.
Retribuo o abraço
Sempre que um cigano ou um negro que cometeu um crime é desculpado ou tolerado por o ser, todos os outros ciganos e negros vêem diminuídas as suas oportunidades na sociedade.
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