sábado, janeiro 17, 2009

Puro Shakespeare na Figueira

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Um homem de 67 anos estava há dias em frente a uma juíza, num gabinete dentro do Tribunal da Figueira da Foz, quando sacou de um cutelo que guardava numa pasta e amputou parte do dedo indicador esquerdo em cima da secretária. Foi a forma encontrada pelo empresário Orico Santos para demonstrar o seu descontentamento durante uma diligência no âmbito de um processo executivo.
De seguida, deixando na mesa pequenas partes do dedo, abandonou o gabinete aos gritos e a protestar. As pessoas que estavam junto à sala de audiências, para serem ouvidas noutros processos, apanharam um grande susto com mais este caso de insegurança nos tribunais. "Apareceu do interior do tribunal com o cutelo na mão, a pingar sangue e só gritava: Ladrões! Ladrões!", descreveu um homem. A diligência que motivou a reacção decorreu ao início da tarde, numa sala em que estariam mais pessoas, além da juíza e do empresário.
Em causa estava a abertura de propostas de venda de bens penhorados, uma função por norma atribuída ao juiz – que adjudica os bens pelo valor mais elevado.
O resultado não agradou a Orico Santos, que deixou um rasto de sangue por onde passou, ficando três pequenos pedaços do dedo no gabinete. Foi levado ao Hospital da Figueira da Foz para ser tratado.
E ainda há quem diga que não acontece nada nos tribunais portugueses... Pelo contrário os tribunais estão em vias de se tornar ferozes concorrentes dos nossos teatros.
Este caso do cutelo em tribunal é Shakespeare e do melhor, com sangue e tudo. Em "O mercador de Veneza" figura apenas uma tentativa de cortar uma libra de carne para resgatar uma dívida. Na Figueira da Foz saltou realmente um dedo para contestar uma penhora o que, mesmo que o dedo não pese uma libra, acaba por ter mais impacto.

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1 comentário:

Luís Maia disse...

Se se tornar um habito cortar um pedaço de nós sempre que nos sentirmos enganados ou espoliados dos nossos direitos, qualquer dia te garanto seremos um país de manetas