segunda-feira, setembro 20, 2010

Um discurso à procura de um gato fedorento

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A mensagem "retro" difundida por Isabel Alçada na semana passada é um meteorito que veio não se sabe bem de onde e que, ao atravessar a estratosfera, se desintegrou nas mais diversas direcções.
Uma das mais notáveis consequências deste meteorito foi ter acordado uma insuspeitada veia humorística em Manuela Ferreira Leite. Cansada de pregar no deserto, eis o que ela publicou no Expresso de ontem:  

Querido povo,
Umas pessoas más andam para aí a dizer que temos muitas dívidas e que daqui a nada já não vos podemos dar mais caramelos.
Nós, o vosso Governo, somos muito amigos e preocupamo-nos muito em dar-vos o melhor, por isso não deem ouvidos a estranhos nem abram a porta a ninguém sem nós deixarmos.
A senhora ministra da educação já disse aos meninos e meninas que espera deles muitas alegrias, que lavem as mãozinhas e não risquem as paredes das escolas novas. Todos têm de nos dar alegrias, bater-nos palmas, portarem-se muito bem e agradecer todos os dias o que nós distribuímos a quem é amigo e obediente. Deixem lá as preocupações, os maus vão pagar os impostos que forem precisos para que os bons durmam confiantes e vão ver que tudo vai acabar bem porque nós zelamos por vós, agora e sempre!
Os mais idosos sabem, porque aprenderam na escola, que mandar é muito ingrato e difícil, por isso devem todos ter a ambição de obedecer. Há coisas que é sempre bom recordar, a bem da nação.
Beijinhos amigos do vosso querido Governo.

Fico a revolver-me de gozo ao imaginar o sketch que Ricardo Araújo Pereira podia ter feito com este texto se Isabel Alçada fosse ministra de Santana Lopes.
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