O regresso a Londres ainda este mês, para uma ronda final de inquirições a cidadãos ingleses, vai ser determinante para a equipa de inspectores e procuradores dedicados a tempo inteiro ao ‘processo Freeport’ decidir em definitivo o que fazer em relação a José Sócrates: deixá-lo de lado ou propor ao procurador-geral da República uma investigação directa ao primeiro-ministro, incluindo às suas contas bancárias.
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Haverá ainda, no lote de informação recolhida em Inglaterra em Dezembro de 2009, um documento de um responsável financeiro do Freeport com alusões explícitas à alegada necessidade de pagar ‘luvas’ a um triângulo de figuras — a Sócrates e a outros dois membros do Governo.
Só com a comprovação desses indícios e a obtenção de testemunhos contundentes na próxima viagem a Londres — que reforcem as pistas iniciais —, a situação de não arguido do primeiro-ministro será reequacionada.
A Polícia Judiciária já concluiu a análise pericial dos milhares de páginas de documentação financeira entregues pelo Serious Fraud Office (SFO) na última deslocação da equipa a Inglaterra, mas a verdade é que, até ao momento, não foram encontradas provas de transferências directas de dinheiro para sustentar a suspeita de que a aprovação do Freeport teria como contrapartida o financiamento ilegal do Partido Socialista através do então ministro do Ambiente. A PJ e o MP estão a aguardar, no entanto, as respostas às cartas rogatórias enviadas às autoridades de alguns paraísos fiscais para poderem chegar a conclusões sobre o rasto do dinheiro.
Expresso, 06.03.2010
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Haverá ainda, no lote de informação recolhida em Inglaterra em Dezembro de 2009, um documento de um responsável financeiro do Freeport com alusões explícitas à alegada necessidade de pagar ‘luvas’ a um triângulo de figuras — a Sócrates e a outros dois membros do Governo.
Só com a comprovação desses indícios e a obtenção de testemunhos contundentes na próxima viagem a Londres — que reforcem as pistas iniciais —, a situação de não arguido do primeiro-ministro será reequacionada.
A Polícia Judiciária já concluiu a análise pericial dos milhares de páginas de documentação financeira entregues pelo Serious Fraud Office (SFO) na última deslocação da equipa a Inglaterra, mas a verdade é que, até ao momento, não foram encontradas provas de transferências directas de dinheiro para sustentar a suspeita de que a aprovação do Freeport teria como contrapartida o financiamento ilegal do Partido Socialista através do então ministro do Ambiente. A PJ e o MP estão a aguardar, no entanto, as respostas às cartas rogatórias enviadas às autoridades de alguns paraísos fiscais para poderem chegar a conclusões sobre o rasto do dinheiro.
Expresso, 06.03.2010
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Quando oiço Sócrates lamentar-se por andar a aturar o caso Freeport há vários anos eu, que sou um simplista, penso assim: eu já tinha chamado a polícia e os magistrados e dito "tomem lá as minhas contas bancárias todas e descubram lá onde está a massa que eu recebi, já que eu, infelizmente, não dei por nada". Acabava-se logo o meu martírio.
Quando oiço Sócrates lamentar-se por andar a aturar o caso Freeport há vários anos eu, que sou um simplista, penso assim: eu já tinha chamado a polícia e os magistrados e dito "tomem lá as minhas contas bancárias todas e descubram lá onde está a massa que eu recebi, já que eu, infelizmente, não dei por nada". Acabava-se logo o meu martírio.
Claro que para mim a coisa seria muito fácil pois não tenho contas em off-shores nem tenho feito negócios com eles. Mas então levanta-se-me a seguinte dúvida: devemos tolerar em cargos públicos pessoas que usam, ou abusam, dos negócios disfarçados dos off-shores ?
Eu, se mandasse, só dava posse a ministros e outros altos dirigentes quando eles me apresentassem um CAOS (Certificado de Abstinência a Off-Shores)
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8 comentários:
1. Há umas semanas, a procuradora que coordena o DIAP assegurou que o mais tardar em Março deste ano o processo Freeport ficava concluído.
2. Como os procuradores encarregados directamente do processo estão a trabalhar em contra-relógio há cinco anos (produtividade à la função pública), só em Dez 2009 recolheram um "lote de informação", que justifica nova viagem a Londres.
3. Convém publicitar a viagem: se ela não se realizar é porque houve "pressões"; se ela se realizar ainda pode ser que surjam outros "lotes de informação".
4. Destes robustos indícios, Penim Redondo inferiu que o Sócrates tem contas em off-shores que deverá ter utilizado para fins irregulares; e com base nesta "conclusão", propõe nova metodologia para aprovação de nomeações ministeriais.
5. Fecha-se o círculo: com o pessoal dos blogs a tirar rapidamente as conclusões da viagem que vai ser realizada a Londres, o efeito que se pretendia com a sua divulgação prévia fica assegurado ainda antes de os investigadores lá terem posto os pés; quando lá estiverem, podem passar o tempo no pub mais típico, porque "lotes de informação" é coisa que não deve faltar por cá.
Caro Saudoso (dos tempos em que os governantes não eram postos em causa)
1. Os magistrados estão todos conluiados para apear o bem-amado Sócrates
2. Igual a 1.
3. Igual a 1. e 2. adicionando os jornais e os jornalistas
4. Eu não disse que o bem-amado tem contas em off-shore, disse apenas que eu próprio não tenho.
Disse também que os candidatos a ministros que hipotéticamente tivessem contas em off-shore não deviam ser aceites.
5. O Expresso diz que as contas de Sócrates nunca foram vistas e que os investigadores do Freeport aguardam respostas dos paraísos fiscais.
É mentira? Não há viagem nenhuma? Vão só beber umas cervejas?
Processem o Expresso.
Eu podia deixar de ler jornais, por amor ao bem-amado chefe. Pois podia, mas não era a mesma coisa.
O Figo recebeu o pagamento do Taguspark numa off-shore.
O Sócrates comprou o apartamento em que vive a uma off-shore.
O próprio Estado tem sido acusado de ter milhões de euros em off-shore.
A MJ Morgado escreveu ao Obama e ao Papa, dizendo o que se passava por cá. Obama tomou medidas por lá. O Papa vai, segundo o Times, publicar encíclica... O grupo parlamentar do PCP, que montou escuta aos esclarecimentos entretanto solicitados à reputada investigadora(não sei a Obama se ao Vaticano) fez proposta sobre essa coisa, sobre exigências alargar incompatibilidades para os mandatos, e outras tretas, mas...
O que é que isto tem a ver com o caso Freeport? Nada. Aliás em matéria de corrupção, nada tem a ver com nada... Até porque o Expresso não publicou nada sobre isto.
Processem o Expresso?
Fernando, pode inferir-se que quando sugeres na resposta ao comentário de Saudoso - "Processem o Expresso", abandonaste de vez a defesa dos JPP (Julgamentos na Praça Pública)?
Ou foi só uma recaída?
Vitor,
o meu argumento é que eu, se estivesse no lugar do Sócrates, já tinha esvaziado a "campanha" disponibilizando toda a informação bancária.
Desse ponto de vista é irrelevante se a notícia do Expresso é verdadeira ou não pois, de uma forma ou de outra, insere-se na "campanha".
Vitor,
no meu último comentário esqueci-me de te dizer o seguinte:
o que eu espero de alguém que escolheu a carreira política, e tem o poder de comandar as nossas vidas, é que perante qualquer suspeita faculte imediatamente todos os dados necessários ao esclarecimento.
Quem escolhe ter uma vida pública, e as suas honras e benesses, não deve éticamente refugiar-se atrás da sua privacidade para impedir o cabal esclarecimento das suspeitas.
Esta é a minha maneira de ver.
Pois eu não vejo nada as coisas assim, Fernado. Mas posso ser eu o incorrecto...
1. No "caso" Freeport - se existe alguma coisa menos própria, ou imprópria, que envolva o PM deixemos que os tribunais acusem e provem. Não percebo porque os media insistem em pressionar investigações oficiais Portuguesas e Inglesas. Os blogs mais parecem sítios onde se expressam os jornalistas-que-gostariam-de-o-ter-sido-e-não-o-conseguiram. Por favor não tomes isto como dirigido a ti. É uma característica quase generalizada em todos os blogs.
2. No "caso" Face Oculta - não entendo como se podem admitir escutas, e sua divulgação, a um PM seja de que país for. Não há segurança de Estado? Onde iremos parar com esta devassa típica de revistas côr-de-rosa carentes de públicos de tão baixo nível? E com o beneplácito de grande parte dos jornalistas e dos blogers. Dos blogers ainda vá lá que vivem do diz-que-disse sem qualquer tipo de responsabilidade. Agora dos media? Onde pára a deontologia e a ética? Como diria BB - onde estavam eles no 25 de Abril?
3. Nos "outros" casos - parece que estamos perante um novo desporto nacional - o tiro ao PM. É ver quem consegue ser melhor atirador que o vizinho do lado. Com tanto desemprego não entendo como ainda não surgiu alguém com um novo jogo para consolas. Estamos em crise de criatividade e em execsso de mal-dizer.
Tens reiterado que nada te move contra o PM. Ora bem, também reafirmo que não tenho aval para o defender, nem tenho competência nem vontade para tal.
Move-me, sim, uma grande vontade de descobrir a careca a uma certa esquerda que se alia à direita não para bem do País (que bem precisa) mas para alcançar o poder, pois realmente não lhe vejo mérito para o conseguir doutra forma.
É isso, e só isso, que me faz não ficar calado quando vejo tanta hipocrisia e falta de valor, ou melhor, de valores.
Um abraço amigo, VT
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