terça-feira, dezembro 02, 2008

A crise de 1983

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Há precisamente 25 anos estava eu, na minha empresa, a lutar contra o imposto retroactivo que se preparava para levar 28 % do nosso subsídio de Natal.
O IX Governo Constitucional, dito do Bloco Central, capitaneado por Mário Soares e pelo líder do PSD, Mota Pinto, tinha sido empossado por Eanes a 9 de Junho de 1983.
Marcado pela política de austeridade, imposta pelo FMI, tinha a seguinte composição: António de Almeida Santos (ministro de Estado), Rui Machete (defesa nacional), Eduardo Pereira (administração interna), Jaime Gama (negócios estrangeiros), Mário Raposo (justiça), Ernâni Lopes (finanças e plano), João de Deus Pinheiro (educação), Amândio de Azevedo (trabalho e segurança social), Maldonado Gonelha (saúde), Álvaro Barreto (agricultura), José Veiga Simão (indústria e energia), Joaquim Ferreira do Amaral (comércio e turismo), Coimbra Martins (cultura), Carlos Melancia (equipamento social) e José de Almeida Serra (mar).

O escudo, que era então uma moeda fraca, desvalorizou de uma só vez em 12% e depois foi decaindo 1% por mês. Aumentaram as taxas de juro, os impostos e os preços de combustíveis e cereais, e a saída de divisas passou a ser mais “controlada”.
A despesa pública caiu e a contenção salarial foi marcante. Foi ainda decretado um imposto extraordinário, retroactivo, sobre o 13º mês. Uma medida que muitos defendiam anticonstitucional e que se tornou numa das medidas mais impopulares das últimas décadas.
Os efeitos foram violentos: um crescimento negativo do PIB, uma inflação recorde de 29,3 % em 1984, subida em flecha da taxa de desemprego.
O número de falências cresceu, os salários em atraso chegaram a números nunca antes vistos, entre outros sintomas de crise. A contestação ao governo esteve ao rubro mas Portugal acabou por ultrapassar a crise.

Comparada com a de 1983 a crise actual até parece suave.
Mário Soares, o primeiro ministro de então, diz hoje no DN:
"O neoliberalismo implodiu, pela mesma forma inesperada e radical, com que, há quase duas décadas, caiu o "muro de Berlim", a Cortina de Ferro e implodiu o totalitarismo soviético".
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3 comentários:

Luís Bonifácio disse...

A "suavidade" da crise actual deve-se a uma única coisa - Euro.

Na realidade a crise ainda está a começar e vai ser muito pior.
E piorará se Portugal sair do Euro.
Nesse caso as receitas serão as mesmas de 1983, com uma única diferença. Em 1983 a maioria esmagadora da população Portuguesa não sabia o que era "viver à rica".
Em 2008, a maioria, ou uma parte muito importante da população de Portugal, já sabe o que é "viver à rica" (Trocar de carrão de 4 em 4 anos, férias no Brasil, Cuba e Tailândia, etc), pelo que a crise chegar vai ser muito pior que em 1983.

Anónimo disse...

'A MAIORIA ou uma parte muito importante da população de Portugal',EH LEKAS!uau,este comentador deve ser do tipo dos jornaleiros q comenta o q quer q sejadesde q bem pago....
Ora,esses gajos(para não dizer do piorio,são as mentes brilhantes que nos levaram aonde chegámos.Parabéns,para além de limpar as mãos à parede deveriam estar em Monsanto...realmente,é gentalha do mais alto recorte intelectual,competentes,rigorosos,responsáveis daquela estirpe da malta dos bancos.Se isto fosse um estado de Direito estavam feitos...

Luís Bonifácio disse...

Caro anónimo!

Desça à terra. Você deve ser daqueles Matusaléns que esteve no Campo Pequeno este fim-de-semana e que ainda acredita nos "amanhãs que cantam", na "ditadura do proletariado" e outras realidaes mais que virtuais.

Durante anos chefiei cerca de 10 pessoas, que recebiam pouco mais que o salário mínimo.

Não me pergunte como o fizeram, mas todos, à excepção de mim, iam de férias para o Brasil, México, Cuba e Tailandia!!!!

Esta é a realidade de Portugal, quem ganha mal está-se nas tintas para o ditadura do proletariado, para a esquerda e para a direita.

Quer apenas uma coisa:
- Alguém que garanta estabilidade, emprego e férias em paraísos tropicais.