"Fados", de Carlos Saura, é um objecto polémico que vale a pena. Ganhou a aposta ao apostar na dimensão multiétnica dos ecos do fado em vez de respeitar ortodoxias. As reverberações que se espalham pelo planeta incluem uma mexicana que resulta exótica. Falta uma japonesa pois, segundo consta, também as há afadistadas. O filme bem podia chamar-se "Ecos do Fado".
Como não podia deixar de ser tem altos e baixos. Eu por exemplo não me "comovo" com Camané. Carlos do Carmo e Caetano Veloso estão mal filmados.
Também não percebo porque é que certas coisas são feitas em estúdio, como é o caso do desfile cabo-verdiano inicial pelo Grupo Kola San Jan.
Depois há coisas muito fortes; o Chico Buarque, velho, prometendo que o Brasil será "um imenso Portugal" sobre imagens do 25 de Abril, uma quentíssima morna de Lura e uma espantosa Argentina Santos, quase sem voz mas cantando com a alma. As imagens de arquivo de Amália e de Marceneiro estão bem integradas.
Finalmente uma inesquecível "convergência" entre um cantor de flamenco e Mariza. Mariza que este filme vem confirmar no seu enorme carisma e no seu talento.
Um parágrafo, dois gráficos, algumas palavras.
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O parágrafo é da autoria de Domenico Losurdo, em *A luta de classes - uma
história política e filosófica*, editado, em 2015, pela Boitempo no Brasil.
Já ...
Há 1 hora
1 comentário:
Ao menos no cinema estamos de acordo. Concordo no essencial como que dizes. Um abraço
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