domingo, outubro 07, 2007

Objectivo: Burma



Em 1945 Raoul Walsh realizava "Objectivo: Burma", com Errol Flynn no papel de comandante de uma companhia de pára-quedistas isolada em Burma.
É disso que me lembro sempre que oiço o nome do país que nós chamávamos Birmania e que, a partir de 1989, tem um nome que o meu cérebro se recusa a aprender.

Vem isto a propósito da surpresa com que vi, de repente, toda a gente a falar da ditadura dos militares birmaneses. Do Bush ao Miguel Portas, de um pé para a mão, desatou tudo a falar de uma coisa que, durante anos estivera no seu sossego.

Eu desconfio imenso deste tipo de "coincidências" e erupções subitas de consciências indignadas. Receio ter entretanto compreendido de onde é que o fenómeno nasceu ao ler o Expresso de 6 de Outubro. Aqui ficam duas singelas citações:

"Em 2006, foi descoberta uma reserva de gás natural com 3,5 milhões de milhões de metros cúbicos, o equivalente a 600 milhões de barris de crude."

"Mas a verdade é que as sanções, já impostas pela UE e pelos Estados Unidos desde há 20 anos, não têm tido grande efeito e abriram, por outro lado, frutuosas alternativas de investimento à China e à Índia, países que competem no território por influência diplomática, militar e económica."


Claro que a ditadura birmanesa é odiosa e que o seu povo merece toda a solidariedade, não é isso que está em questão, embora eu suspeite da falta de eficácia destas campanhas.

Temo que quem as lançou tenha outro objectivo; Burma, por exemplo...

12 comentários:

JOSÉ MANUEL CORREIA disse...

Apenas uma pequena provocação: e as liberdades individuais não são, desde que existem, um produto derivado da liberdade dos negócios?

Se a liberdade para o negócio do gás for o motivo de uns e se dessa liberdade surgirem as liberdades individuais para todos, que haja gás!

JMC.

F. Penim Redondo disse...

O pior é se se trata apenas de derrubar uma ditadura que vende aos chineses para instalar uma ditadura que venda aos americanos.

Anónimo disse...

...E entretanto é capaz de matar umas centenas de milhares, provocar uns milhões de deslocados e outros tantos de refugiados, partir o país em vários de acordo com etnias/religiões, desestabilizar o Sudeste Asiático principalmente para aumentar as contas bancárias dos accionistas da Chevron e da Total. Insignificâncias - peanuts! - como se vê.

Remember Jugoslávia? Remember Iraque? Remember Afeganistão? Querem mesmo repetir a dose? Eu não quero e duvido que os povos do Sudeste Asiático queiram lá uma nova Jugoslávia ou um país que se costumava chamar Iraque.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Parece-me que já conheço esta Margarida de algum lado. Será que vai aparecer a poisar por aqui?

JOSÉ MANUEL CORREIA disse...

f. penim redondo.

Pelo que me pareceu, o povo birmanês luta pela democracia e pela liberdade, não por uma outra ditadura. A essa luta dei o meu apoio, juntando a minha a muitas outras vozes.

Se da sua luta, por portas travessas, resultar uma outra ditadura, certamente o povo voltará a lutar, e eu com ele.

Se fôssemos por aí, então não valeria a pena lutar por transformações políticas, porque o futuro é sempre uma incógnita.

Mas a posição mais engraçada ainda é a de uma certa margarida. Ela e quem pensa como ela mostram bem do que têm medo: da democracia e da liberdade.

Para eles, mais vale um país unido, ainda que por uma férrea e repressiva ditadura militar, do que os povos terem o direito de decidir. Liberdade? Cruzes canhoto! Só a liberdade correcta, a que eles decidem ser boa, a deles e mais nenhuma.

JMC.

Anónimo disse...

Agora a invasões, bombardeamentos, usurpação das riquezas nacionais chama-se "os povos terem o direito de decidir". outros chamam-lhe "defesa dos direitos humanos". Eu chamo-lhe ganância, selvajaria, neo-colonialismo, imperialismo puro e duro, e podia estar aqui horas a lembrar-me de mais é que lhe havia de chamar. Mas tudo nesta linha. Ou não lhe bastaram já as mortes, feridos, desgraças pela conquista do petróleo e gás alheio? Acha que não há já guerras suficientes? Caramba que há gente que nada aprende!

Anónimo disse...
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Guilherme da Fonseca-Statter disse...

A boutade mais engraçada no meio disto tudo é aquela de as liberdades individuais serem derivadas das liberdades dos negócios... Só que, parafraseando o Orwell a propósito dos porcos, há uns que são mais livres do que outros.

JOSÉ MANUEL CORREIA disse...

Já não tenho pachorra para aturar porcos nem mártires da igualdade. Muito menos aqui.

Anónimo disse...

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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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