segunda-feira, outubro 01, 2007

A melhor da semana passada - 7


Diário de Notícias, 24 de Setembro 2007
Feministas polacas desafiam irmãos gémeos Kaczynski
Partido das Mulheres despe-se para chamar a atenção dos eleitores

Insatisfeita com o rumo do país e com a liderança dos gémeos Jaroslaw e Lech Kaczynski, o primeiro-ministro e o Presidente da Polónia respectivamente, a escritora Manuela Gretkowska fundou o Partido das Mulheres (PM) e despiu-se para chamar a atenção dos eleitores que, a 21 de Outubro, votam em legislativas antecipadas para escolher um novo Parlamento. Ela e mais seis das 1 500 apoiantes que o partido já ganhou desde 2006. No cartaz que o PM criou para a campanha eleitoral lê-se a inscrição: "O Partido das Mulheres.

A Polónia é uma mulher". E o slogan: "Tudo pelo futuro... e nada a esconder". Transparência, é o que defende, numa altura em que a vida política polaca aparece totalmente dominada pela luta contra a corrupção e pela perseguição a antigos comunistas. No sábado, Jaroslaw Kaczynski avisou, num comício em Varsóvia, que uma vitória dos liberais e do centro-esquerda nas eleições seria um golpe de Estado comparável ao que o general comunista Wojciech Jaruzelski fez a 13 de Dezembro de 1981. O líder do partido conservador Direito e Justiça (PiS) referia-se a uma possível aliança pós-eleitoral entre a Plataforma Cívica (PO), de Donald Tusk, e a nova coligação Esquerda e Democracia (LiD), cujo candidato a primeiro-ministro será o antigo presidente polaco Aleksander Kwasniewski.

Há, no final de contas, uma espécie de ajuste de contas com o passado em curso na Polónia. Recusando-se a entrar nele, o PM prefere olhar para o futuro e defender que as mulheres sejam tratadas como cidadãs de direito e passem a usufruir, por exemplo, de mais maternidades, exames periódicos de saúde, contraceptivos e tratamentos para problemas de infertilidade. As sondagens revelam um desfecho eleitoral imprevisível na Polónia. Mas a luta final não será, com certeza, travada entre o partido dos Kaczynski e o de Gretkowska. O PiS conta actualmente com 26% das intenções de voto e a formação liberal de Donald Tusk com 33%, aparecendo o LiD na terceira posição. O Partido das Mulheres, que na sua lista de apoiantes tem nomes como o da campeã do mundo de boxe feminino Agnieszka Rylik, conta apenas com 3% e, para eleger deputados, precisa de obter no mínimo cinco pontos percentuais.
Mas mesmo que não consiga entrar no Parlamento, pelo menos um dos seus objectivos terá cumprido: desafiar o conservadorismo dos irmãos Kaczynski e provocar a sociedade de um país que é maioritariamente católico.

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Isto traz-me irresistivelmente à memória o juiz Azdak, do "Círculo de giz caucasiano", que dizia a certa altura:
"Faz bem à justiça ser feita ao ar livre. O vento levanta-lhe as saias e a gente vê o que ela traz por baixo."

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto do levantar das saias tem um certo ar de voyeurismo o que não está totalmente fora de contexto