Em 1945 Raoul Walsh realizava "Objectivo: Burma", com Errol Flynn no papel de comandante de uma companhia de pára-quedistas isolada em Burma.
É disso que me lembro sempre que oiço o nome do país que nós chamávamos Birmania e que, a partir de 1989, tem um nome que o meu cérebro se recusa a aprender.
Vem isto a propósito da surpresa com que vi, de repente, toda a gente a falar da ditadura dos militares birmaneses. Do Bush ao Miguel Portas, de um pé para a mão, desatou tudo a falar de uma coisa que, durante anos estivera no seu sossego.
Eu desconfio imenso deste tipo de "coincidências" e erupções subitas de consciências indignadas. Receio ter entretanto compreendido de onde é que o fenómeno nasceu ao ler o Expresso de 6 de Outubro. Aqui ficam duas singelas citações:
"Em 2006, foi descoberta uma reserva de gás natural com 3,5 milhões de milhões de metros cúbicos, o equivalente a 600 milhões de barris de crude."
"Mas a verdade é que as sanções, já impostas pela UE e pelos Estados Unidos desde há 20 anos, não têm tido grande efeito e abriram, por outro lado, frutuosas alternativas de investimento à China e à Índia, países que competem no território por influência diplomática, militar e económica."
Claro que a ditadura birmanesa é odiosa e que o seu povo merece toda a solidariedade, não é isso que está em questão, embora eu suspeite da falta de eficácia destas campanhas.
Temo que quem as lançou tenha outro objectivo; Burma, por exemplo...
Em defesa dos chulos
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*No Tribunal Constitu*
*cional*parece haver seis juízes
cavernícolas
*«O Tribunal Constitucional recusou legalizar o proxenetismo, mas os juízes
do Paláci...
Há 2 horas
12 comentários:
Apenas uma pequena provocação: e as liberdades individuais não são, desde que existem, um produto derivado da liberdade dos negócios?
Se a liberdade para o negócio do gás for o motivo de uns e se dessa liberdade surgirem as liberdades individuais para todos, que haja gás!
JMC.
O pior é se se trata apenas de derrubar uma ditadura que vende aos chineses para instalar uma ditadura que venda aos americanos.
...E entretanto é capaz de matar umas centenas de milhares, provocar uns milhões de deslocados e outros tantos de refugiados, partir o país em vários de acordo com etnias/religiões, desestabilizar o Sudeste Asiático principalmente para aumentar as contas bancárias dos accionistas da Chevron e da Total. Insignificâncias - peanuts! - como se vê.
Remember Jugoslávia? Remember Iraque? Remember Afeganistão? Querem mesmo repetir a dose? Eu não quero e duvido que os povos do Sudeste Asiático queiram lá uma nova Jugoslávia ou um país que se costumava chamar Iraque.
Parece-me que já conheço esta Margarida de algum lado. Será que vai aparecer a poisar por aqui?
f. penim redondo.
Pelo que me pareceu, o povo birmanês luta pela democracia e pela liberdade, não por uma outra ditadura. A essa luta dei o meu apoio, juntando a minha a muitas outras vozes.
Se da sua luta, por portas travessas, resultar uma outra ditadura, certamente o povo voltará a lutar, e eu com ele.
Se fôssemos por aí, então não valeria a pena lutar por transformações políticas, porque o futuro é sempre uma incógnita.
Mas a posição mais engraçada ainda é a de uma certa margarida. Ela e quem pensa como ela mostram bem do que têm medo: da democracia e da liberdade.
Para eles, mais vale um país unido, ainda que por uma férrea e repressiva ditadura militar, do que os povos terem o direito de decidir. Liberdade? Cruzes canhoto! Só a liberdade correcta, a que eles decidem ser boa, a deles e mais nenhuma.
JMC.
Agora a invasões, bombardeamentos, usurpação das riquezas nacionais chama-se "os povos terem o direito de decidir". outros chamam-lhe "defesa dos direitos humanos". Eu chamo-lhe ganância, selvajaria, neo-colonialismo, imperialismo puro e duro, e podia estar aqui horas a lembrar-me de mais é que lhe havia de chamar. Mas tudo nesta linha. Ou não lhe bastaram já as mortes, feridos, desgraças pela conquista do petróleo e gás alheio? Acha que não há já guerras suficientes? Caramba que há gente que nada aprende!
A boutade mais engraçada no meio disto tudo é aquela de as liberdades individuais serem derivadas das liberdades dos negócios... Só que, parafraseando o Orwell a propósito dos porcos, há uns que são mais livres do que outros.
Já não tenho pachorra para aturar porcos nem mártires da igualdade. Muito menos aqui.
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