quarta-feira, janeiro 12, 2011
Presente envenenado
Publicado por
F. Penim Redondo
O primeiro-ministro considerou a colocação da dívida portuguesa hoje nos mercados de capitais "um sucesso, qualquer que seja o parâmetro pelo qual se analise".
O leilão de hoje foi "um sucesso na procura e um sucesso no preço, e isso é a melhor demonstração de confiança na economia portuguesa por parte dos mercados", sublinhou José Sócrates, rodeado de dezenas de representantes da imprensa internacional, à entrada para a Heimtextil, em Frankfurt.
DN 12.01.2011
Tenho muita dificuldade em qualificar como sucesso um acto de endividamento à taxa de 6,719%.
Sócrates, em vez de falar de sucesso, podia ter dito uma coisa mais razoável do tipo: "Ufa, ainda não foi desta que nos enterrámos".
Quando o vejo falar assalta-me um pensamento perverso. Será que está radiante porque pensa que quem vai ter que pagar os juros já não é ele mas sim os seus sucessores?
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8 comentários:
É evidente que não foi um sucesso.
O FMI chega dentro de 15 dias a um mês.
Ele deve saber que está a enterrar o futuro dos filhos...
Na apreciação que Paul Krugman faz no seu blogue, o economista considera a taxa de juro do leilão da dívida pública portuguesa "pouco menos que ruinosa".
É evidente que foi um "sucesso": bastou ver as caras dos economistas-cavaquistas dos telejornais e mesas-redondas para se perceber que não era isto que eles estavam à espera. O Cavaco até comentou que para qualificar a operação era preciso saber quem tinham sido os investidores: compreende-se, vindo de alguém tão escrupuloso na escolha de companhias.
E, para ilustrar por palavras melhores que as minhas, nada como consultar também a crónica de Ferreira Fernandes hoje no DN.
Também não vos terá passado despercebido o súbito consenso dos media acerca das últimas declarações de Paul Krugman, um economista cujas receitas, até agora ignoradas, se encontram nos antípodas da dos "economistas dos telejornais".
Para os mais perfeccionistas, talvez consultar a seguinte ligação:
http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2011/01/nenhum-leilao-fara-este-porquinho-feliz.html .
Pelo menos por agora, parece estar mais afastado um governo de coligação PSD-FMI ... mas o Cavaco já avisou que vem aí uma crise política, ie. ele estará disposto a provocá-la, depende da margem da vitória.
Uma pergunta interessante de momento: será que abater o Sócrates é a prioridade das prioridades do momento?
vsqnh,
parece-me perigoso avaliar questões desta gravidade, e com efeitos tão duradoiros, a partir da "objectividade" de uma campanha eleitoral.
Não estou minimamente interessado nos golpes e contragolpes, quase sempre imbecis, com que alguns pensam que vão salvar a nação.
Quanto ao Sócrates, já que pergunta, há muito desejo que seja retirado de cena.
Por uma questão de sanidade.
É um mitómano perigoso.
Quem vai ter que pagar os juros somos nós.
Talvez não seja bem há MUITO que desejas o Sócrates fora de cena.
Ainda me recordo de há ALGUM tempo neste blog defenderes as suas politicas e considerares a possibilidade de votar nele.
Brissos, isso foi há uma eternidade.
Foi quando eu pensei que ele ía realmente meter na ordem as corporações de vários tipos que parasitam o Orçamento de Estado.
Em vez disso constatei que os amigos dele constituíam mais uma corporação que se juntou às outras no festim.
Em quase todas as áreas ele teve entradas de leão e saídas de sendeiro.
Depois também percebi que o homem é um mentiroso compulsivo.
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