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No rescaldo das eleições há, surpreendentemente, uma data de tipos a listar os defeitos e as limitações do vencedor. É paradoxal pois isso costuma fazer-se antes de os votantes irem às urnas.
Ele é inculto, ele é crispado, ele é uma espécie de matrioska com um primeiro-ministro lá dentro, ele não sabe comer pão-de-ló, em suma ele não tem nível. A esquerda com Cavaco não tem resistido ao preconceito classista. Detesta o seu cheiro popularuncho.
Trata-se talvez de uma birra, uma demonstração de infantilidade (lembram-se da tal doença comunismo de que falava o outro?) destinada a vingar a desfeita perpetrada pelo povo.
Chamar burro ao povo justamente quando ele acabou de votar não parece ser políticamente inteligente e revela uma curiosíssima noção de democracia (depois acham estranho que as pessoas não votem).
Esta gente nunca mais percebe que democracia = "o povo tem sempre razão". Quando discordamos do voto popular somos nós que estamos a falhar alguma coisa.
O exercício, ou exorcismo, é absolutamente inócuo já que o destinatário deste vudu se livrou, precisamente no último Domingo, das peias que costumam alimentar o calculismo dos políticos. Já teve duas maiorias absolutas como primeiro-ministro e outras duas como presidente.
Depois disto a única coisa que se perfila no seu futuro é brincar com o combóio eléctrico dos netos.
Eu até acho que é precisamente de uma pessoa com as mãos livres que o país precisa para sair do circulo vicioso, e viciado, em que se afunda.
Não me parece é que Cavaco esteja à altura do desafio.
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No rescaldo das eleições há, surpreendentemente, uma data de tipos a listar os defeitos e as limitações do vencedor. É paradoxal pois isso costuma fazer-se antes de os votantes irem às urnas.
Ele é inculto, ele é crispado, ele é uma espécie de matrioska com um primeiro-ministro lá dentro, ele não sabe comer pão-de-ló, em suma ele não tem nível. A esquerda com Cavaco não tem resistido ao preconceito classista. Detesta o seu cheiro popularuncho.
Trata-se talvez de uma birra, uma demonstração de infantilidade (lembram-se da tal doença comunismo de que falava o outro?) destinada a vingar a desfeita perpetrada pelo povo.
Chamar burro ao povo justamente quando ele acabou de votar não parece ser políticamente inteligente e revela uma curiosíssima noção de democracia (depois acham estranho que as pessoas não votem).
Esta gente nunca mais percebe que democracia = "o povo tem sempre razão". Quando discordamos do voto popular somos nós que estamos a falhar alguma coisa.
O exercício, ou exorcismo, é absolutamente inócuo já que o destinatário deste vudu se livrou, precisamente no último Domingo, das peias que costumam alimentar o calculismo dos políticos. Já teve duas maiorias absolutas como primeiro-ministro e outras duas como presidente.
Depois disto a única coisa que se perfila no seu futuro é brincar com o combóio eléctrico dos netos.
Eu até acho que é precisamente de uma pessoa com as mãos livres que o país precisa para sair do circulo vicioso, e viciado, em que se afunda.
Não me parece é que Cavaco esteja à altura do desafio.
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5 comentários:
"Não me parece é que Cavaco esteja à altura do desafio."
Então não segues os teus próprios conselhos?
"isso costuma fazer-se antes de os votantes irem às urnas."
Fernando:
Com toda a sinceridade, não esperava vê-lo a si a formular o silogismo idealista de que «democracia = "o povo tem sempre razão".»
Como já disse noutro lado, o povo «tem sempre as suas razões» o que é diferente se «ter sempre razão».
Eu sei muitíssimo bem da dificuldade de fazer o contrário de forma que não crispe os destginatários mas não creio que o bom caminho seja essa velha tradição cultural da esquerda de estar sempre a desresponsabilizar os eleitores a quem se se atribuem os mais generosos anseios e aspirações, o que é uma impossibilidade humana, sociológica, política e ideológica.
Vitor,
Eu sei que é polémico mas "o povo tem sempre razão" pelo menos em dois sentidos:
1. Se não decide como nós gostaríamos está a dizer-nos que fomos ineficazes ao tentar influenciá-lo. Provavelmente não percebemos "as suas razões".
2. A democracia existe para dar expressão ao que o povo quer e, nesse sentido, o que ele quer é o que está certo.
Pretendo chamar a atenção para o facto de esquecermos isto demasiadas vezes.
Já todos nos enganámos vezes suficientes para devermos olhar a nossa razão com uma certa humildade.
Transcrevo a parte final do meu post SOBRE AS PRESIDENCIAIS no blog A ESSÊNCIA DA PÓLVORA:
«Cavaco Silva é o Presidente da República Portuguesa, mas não é o “meu” Presidente, e por uma razão simples: Cavaco Silva já deu provas de não ser presidente de todos os portugueses, seja por preconceito, por atitudes, ou por outras razões não negligenciáveis. Se for necessário dizer que o povo escolheu mal, direi que o povo escolheu mal, e até direi porquê. Nem sempre as maiorias, lá porque são maiorias, têm razão, ou sejamos obrigados a dar-lhe razão. Do que não se pode duvidar, é que mesmo podendo estar erradas, essas escolhas são legítimas, logo temos que conviver com elas, e está aí o cerne da democracia. O grande desafio está em encontrar o caminho para o mudar o estado de coisas, e se ele não existir, abri-lo à força de ideias, com arrojo e determinação.»
Abraço
Como é que Hugo Chavez se enquadra nessa visão?
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