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Durante anos temos lamentado que muitos restaurantes portugueses, apesar da excelência da comida, não se preocupem minimamente em criar um ambiente agradável para quem os frequenta. Agora, para mal dos nossos pecados, começa a verificar-se o inverso: casas cheias de design, com projecção mediática, que quando chega a hora de servir a comida nos desiludem completamente.
É o caso do Torricado, na Praça do Campo Pequeno, e da Leitaria Gourmet na Alamenda dos Oceanos.
Fomos levados ao engano por destaques na Revista Visão que tinha o desplante de titular "Comidinha Caseira" para nos atrair à tal Leitaria. Quando lá chegámos verificámos que é um daqueles sítios onde se come apenas para sobreviver, sem pinta de graça e muito menos caseira.
No Torricado, a cuja comida a Visão atribui a nota máxima, fomos brindados com pratos cheios de pretensões que o famoso chefe Suspiro deve ter ensinado, à pressão, a um aprendiz pouco talentoso. Nada é como devia ser (por exemplo as migas) mas a alternativa "criativa" deixa muito a desejar quando comparada com a grande cozinha tradicional portuguesa que tenta recriar (o pão do torricado era difícil de cortar quanto mais de mastigar).
Claro que em ambos os casos há muito design, sofás ao ar livre, modernices que talvez satisfaçam a rapaziada dos escritórios, que cresceu de hamburger em hamburger, e a quem faltam referências gastronómicas para basear uma comparação.
Muita parra e pouca uva. Aqui fica o aviso à navegação.
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1 comentário:
Convém não levar essas "críticas" muito a sério. A nota depende da relação do crítico com o dono do estabeleciemento e, mais frequentemente, da publicidade que o dito esteja disposto a fazer no media criticador ou noutro do seu grupo. Com os livros, território com o qual estou mais familiarizado, a coisa funciona exactamente da mesma maneira. Vivemos, portanto, numa era plena de transparências, tão caras aos designers desses espaços modernaços.
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