quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Um Herói Normal

Hero, Leader, God, Alexander Kosolapov

José Sócrates, o nosso Primeiro-Ministro, tem sido perturbado na sua acção por um conjunto de suspeitas que a comunicação social se apressa a insuflar:
-parece ter começado a sua (curta) carreira profissional assinando projectos de arquitectura feitos por autor desconhecido e por razões que ninguém descortina.
- obteve o seu diploma de engenheiro numa Universidade que, parece, era um coio de corruptos e onde se autolicenciou Amadeu Lima de Carvalho.
- é primo de um jovem, cursando de artes marciais chinesas, que usa o seu nome para tentar fazer singrar o "Neurónio Criativo".
- é sobrinho de um senhor dado (na melhor das hipóteses) à facilitação de negócios ingleses com a ajuda de familiares bem colocados.
- é filho de uma senhora que faz excelentes negócios com sociedades off-shore em crise de autoconfiança.
E eu pergunto: quem é que não tem chatices com a família, com os amigos ou com os colegas ? Por todo o lado encontramos degenerados, penduras, golpistas e o que mais se verá.
Por isso eu entendo que Sócrates é um herói absolutamente normal, absolutamente consciente, por experiência própria, dos desafios e das misérias de cada um de nós.
Não queríamos ter um extra-terrestre como Primeiro-Ministro, pois não ?
Não faz sentido discutir as mazelas de Sócrates numa base moral, quem somos nós para falar ?
Se houve prejuizo para o erário público obriguem Sócrates a pagar mas deixem-se de cinismos.
Só faz sentido analisar os pecadilhos de Sócrates, tão humanos e tão portugueses, se for para perceber em que medida o impedem de exercer com proficiência as obrigações do seu cargo, o que não parece confirmar-se.
Só estão autorizados a criticar moralmente Sócrates os portugueses que não tenham, "jamais", cometido algum dos seguintes pecados:
- andar na autoestrada a mais de 160
- fazer obras em casa sem licença da câmara
- apalpar o rabo à empregada
- dispensar facturas para não pagar IVA
- viver numa casa da CML com renda simbólica
- pedir a um amigo para encaixar o filho lá na repartição ou empresa
- atravessar o cruzamento com sinal amarelo torrado
- vender a casa e esquecer o imposto de mais-valias
- receber prémios ou vencimentos "por fora"
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Acho que já chega para eliminar 99,9% dos críticos.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Bem visto.