terça-feira, novembro 18, 2008

Thick as a brick

Eu apoiei e assinei a petição "LISBOA É DAS PESSOAS. MAIS CONTENTORES NÃO!".
Ontem o "Prós e Contras" deixou-me insatisfeito. O MST adoptou um estilo em que a facilidade de expressão, e de criar imagens agressivas, se volta contra o próprio autor.
Por vezes quase parecia tratar-se de uma embirração particular.
Por outro lado defender que os contentores, na quantidade actual, podem continuar e até que são absolutamente necessários parece-me que inviabiliza a luta contra a extensão do terminal.

O que mais me chocou foi, no entanto, ter-se passado ao lado do aprofundamento de várias questões que me parecem essenciais:

- qual é o destino dos contentores que desembarcam em Lisboa ?
- qual é a proveniência dos contentores que embarcam em Lisboa ?
- que mercadorias são transportadas nos contentores ?
- quantas empresas e quantas pessoas trabalham para este tráfego ?
- a actividade dessas empresas depende de o terminal ser em Lisboa ou usam tecnologias que também podiam ser aplicadas a um terminal em Setúbal, por exemplo ?
- quanto é que a Administração do Porto de Lisboa recebe de taxas pelo movimento portuário ?
- quanto dessas taxas é aplicado em Lisboa e em favor dos cidadãos da cidade ?

Eu tenho muitas dúvidas acerca da “necessidade de uma actividade portuária em Lisboa”. Cheira-me a chavão mal fundamentado. A maior parte das mais importantes cidades europeias não tem porto e isso não as impede de ser abastecidas e de prosperarem.
A competitividade das cidades agora é de outro tipo, mais soft, como os cruzeiros por exemplo.
O charme romântico dos portos com a sua labuta, com os seus trabalhadores, foi substituído pela maquinaria gigantesca e pelos “paralelepípedos” mas continua no imaginário de muita gente.

Se os contentores se destinassem ao Terreiro do Paço eu aceitaria o terminal em Alcântara mas se, como penso, grande parte dos contentores se destina às plataformas logísticas que rodeiam a cidade então talvez chegassem lá mais depressa (evitando os congestionamentos) e mais barato se desembarcados em Sines ou Setúbal (o Poceirão e o Aeroporto até estão na margem Sul).

O porto de Sines tem condições de acesso excepcionais e está a tornar-se um importantíssimo terminal de abastecimento da Península uma vez que se conclua a ligação ferroviária directa a Espanha. Está ligado por uma descongestionada autoestrada e por comboio ao novo aeroporto e à plataforma logística do Poceirão.

Começo a convencer-me de que o projecto de Alcântara se destina essencialmente a evitar que as receitas da Liscont e da APL sejam desviadas para Sines. Toda esta discussão acerca dos panoramas de Lisboa pode não passar da fachada de uma guerra de concorrência entre a Administração do Porto de Lisboa (e a Liscont) e a Administração do Porto de Sines ou de Setúbal (e as empresas que lá operam).

Eram estas questões que eu gostaria de ver esclarecidas...

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2 comentários:

Luís Serpa disse...

Caro fernando Penim Redondo,

perdoe-me a auto-citação, mas no blog Cidadania Lx tenho uma série de posts sobre esse tema.

Se quiser lá ir dar uma vista de olhos, é muito bem vindo.

Cordialmente,

luis Serpa

Anónimo disse...

Jethro Tull