terça-feira, novembro 25, 2008

25 de Novembro - o prólogo e o epílogo

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Foi o dia em que o Almirante Pinheiro de Azevedo, bichanado por Mário Soares qual ponto num teatro, disse ao povo que o fumo "é só fumaça".
Os mesmos, e mais o Sá Carneiro, também disseram que "o povo é sereno" e, para o bem e para o mal, talvez excessivamente, a verdade é que nunca mais deixou de ser (com excepção dos professores que substituíram a ditadura do proletariado pela impunidade do professorado).
A 25 de Novembro eu e os meus companheiros esperámos quase toda a noite, nas imediações de um certo quartel, que nos distribuíssem as armas. Conforme o planeado.
Alta madrugada vieram dizer-nos qualquer coisa que me soou a "a Revolução falhou" ou "o 25 de Abril acabou", o que para nós era quase a mesma coisa.
Só me lembro das lágrimas a correr-me na cara enquanto conduzia pela segunda circular.
Eu estaria certamente tentar uma revolução impossível, eu estaria talvez equivocado mas aquelas lágrimas não.
Nunca mais as esquecerei.
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6 comentários:

Joana Lopes disse...

Equivocados ou não, foi o dia da perda de ilusões.

No dia seguinte, entrei com a Rosa no mesmo elevador em Alvalade. Cruzámos um olhar - e depois olhámos para o chão.

(Gostava mesmo era de encontrar o vídeo do Durão Clemente substituído pelo Danny Kaye, porque esse nunca mais me saiu da cabeça!)

antónio m p disse...

É pena que não desenvolva mais e mais concretamente a sua invocação de memória pessoal. Fica o desafio.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Penso que a tua referência ao Pinheiro de Azevedo e à frase que lhe foi bichanada pelo Mário Soares é metafórica, pois, como sabes, não aconteceu naquele dia.
Quanto à tua intervenção no 25 de Novembro, acho que a história é espantosa, eu próprio já tinha pensado em fazer um post sobre o assunto, agora que nada me prende à casa-mãe. E a minha história nem sequer mete armas.
Quanto à tua saga contra os professores só lamento que não tenhas na família alguém que exerça essa profissão, porque as posições que tomas revelam uma profunda ignorância sobre a mesma. Paciência.

F. Penim Redondo disse...

Caro Jorge,

Eu sei que a frase foi proferida algum tempo antes do 25 de Abril, por isso lhe chamo o prólogo. Eu acho que o 25 de Novembro "começou" naquele comício do Terreiro do Paço.

Quanto aos professores gostaria de lembrar-te que eu próprio fui professor durante dois anos. Sei bem que a profissão é muito exigente mas também sei que há lá muita gente que não tem a mínima vocação nem qualidade.
É um saco para onde se cai por não ter outra coisa para fazer.

A Educação é demasiado importante para ser usada como solução para o desemprego de alguns e como arma de arremesso político de outros.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Não estou de modo algum interessado em discutir os professores contigo. Eu próprio já fui professor, mas, como tu, penso, foi no tempo dos dinossauros. Por acaso, até foi no 25 de Abril em Almada. Mas isso é outra história.
O Statter diz num e-mail que me enviou que tu te pronunciaste sobre a ruptura Sá Fernandes-Bloco. Onde foi?

F. Penim Redondo disse...

Eu nunca me pronunciei sobre a ruptura do Bloco com o Sá Fernandes. Deve ser confusão do Guilherme.