domingo, novembro 23, 2008

CARA Left

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"Por sobre tudo isto há um murmúrio de vozes a que ninguém liga quase nada. São as vozes dos jornais, da política, as nossas vozes, que contam muito menos do que imaginamos. São pouco mais do que um murmúrio, visto de baixo como alheio e hostil - no fundo somos "nós" que governamos - e visto de cima como decisivo e importante.
Vale muito pouco para a vida comum da maioria das pessoas e valerá muito menos se se afundar em irrelevâncias, se engolir tudo o que o Governo quer que engula, se se tornar numa patrulha política do pensamento - será que fui racista ao falar do ucraniano? Será que posso descrever os "jovens" assim? Será que estou a favor da evasão fiscal das pequenas e médias empresas? Será que tenho que fazer a rábula da "esperança"? Há de facto muito pouca paciência para estas patrulhas do pensamento que proliferam em tempos de crise."
Público 22.11.2008

Este desabafo, pungente, de Pacheco Pereira é um sinal inequívoco do aprofundamento da crise.

Se um VIP dos jornais, um membro do "Jet Set" mediático e do "beautiful people" dos comentadores se queixa da "patrulhas do pensamento" que diremos nós !?
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3 comentários:

Joana Lopes disse...

Foste tu que fizeste esta montagem fotográfica??? Estás um perfeito artista.

Mas explica-me lá essa dos desavindos: não te enganaste de blogues ou de bloggers???

F. Penim Redondo disse...

Fui eu, confesso.

Não tive qualquer preocupação com averacidade dos factos tal como fazem as revistas de "fofocas".

Trata-se de imaginar o conceito das CARAS, VIP, e outras, aplicado à esquerda "da moda".

Supostamente os membros das "patrulhas do pensamento" de que se queixa, com alguma razão, o Pacheco Pereira.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

De repente acreditei que era verdade, que existia uma Caras para a esquerda. Estive quase a perguntar-te onde a tinhas comprado. Só o comentário da Joana Lopes é que me chamou à realidade.
Quanto ao texto do Pacheco Pereira eu também o cito, mas pela referência que ele faz ao regresso a Marx. Quanto às referências aos ucranianos ele não faz mais do que defender a sua amiga Manuela dos ataques de que ela tem sido vítima. O texto é a repetição de uma coisa que ele faz muito bem que é descrever a tristeza do nosso viver quotidiano e depois orientar isso para os seus objectivos. Eu não daria tanta importância à sua crítica às patrulhas do pensamento, que só são negativas quando não é ele a controlá-las.