terça-feira, outubro 26, 2010

Um país (re)ciclável

.



As vias cicláveis estão na moda. Em Lisboa, onde falta tanta coisa, a Câmara precipitou-se na sua construção.
Na avenida do Brasil, por exemplo, com grandes custos e incómodos, lá surgiu uma longa faixa vermelha que rouba espaço aos passeios em frente ao Júlio de Matos e ao LNEC. Nunca lá vi, nas minhas passagens frequentes, qualquer ciclista.
Esta apologia bem-pensante antecipou-se a qualquer necessidade real; antes de haver ciclistas com problemas criou-se uma solução para eles. Como se os recursos abundassem e pudessem ser malbaratados.
Noutras circunstâncias haveria um movimento de cidadãos contra os riscos de quedas e fracturas expostas. Ou então protestando contra uma infraestrutura que discrimina os velhos e os incapacitados. 
Funcionamos assim, por entusiasmos fátuos, construindo os castelos de areia de uma modernidade inadaptada.

.

Sem comentários: