Podem acusar-me de feminismo. Apesar disso, a ideia de ver Don Giovanni punido pelas mulheres a quem seduzira, através da negação da sua imagem de sedutor e da destruição do famoso catálogo de conquistas, agradou-me muito!
A punição, não pelo fogo moralizador dos infernos mas pela sua redução à qualidade de homem vulgar (enfim, abaixo de vulgar, ao que parece...)seria um refazer do drama, mais consonante com os nossos dias e que Saramago apresenta agradàvelmente ácido e sarcástico.
Digo "seria" porque para mim Saramago estragou tudo ao redimi-lo pelo amor da criada Zerlina. Fugiu-lhe o pé (ou melhor, a caneta) para o politicamente correcto: Don Giovanni caiu para o lado dos desfavorecidos e portanto passa a merecer de nós a salvação, que lhe é concedida por um elemento da classe trabalhadora....
O Dissoluto não é afinal absolvido: é salvo!!!!
O Dissoluto Absolvido, ópera em 1 acto de Azio Corghi sobre libreto de José Saramago, tem a ultima representação no São Carlos, dia 26 de Março.
Eleições presidenciais (16): Fora da caixa
-
*1.* Gouveia e Melo incorre num escusado excesso retórico, quando fala numa
«perigosa oligarquia política» alegadamente liderada por Marques Mendes, e
co...
Há 1 hora
Sem comentários:
Enviar um comentário