A dupla de jovens arquitectos portuense Camilo Rebelo e Tiago Pimentel vai fazer o Museu do Côa a 170 metros de altitude, simulando uma "gigantesca pedra" de xisto, mas sem se demarcar demasiado da paisagem envolvente."Só quando chegamos perto é que percebemos tratar-se de um edifício. Ao longe não se distingue como tal. O problema de construção naquela paisagem obrigou-nos a fazer o museu como peça abstracta, enquanto instalação na paisagem", explicam ao DN os autores do projecto vencedor entre 42 concorrentes nacionais e estrangeiros.Quando há três anos decidiu concorrer, a dupla de arquitectos passou muito tempo a analisar a topografia do local, propositadamente ainda em atelier, chegando mesmo a executar várias versões do projecto.Mas quando os dois viram pela primeira vez com a paisagem esmagadora - que conjuga três vales, a foz do rio Côa e os dois "Douros", o vinhateiro e o internacional -, deparou-se-lhes a "evidência"."O sítio disse que o museu só poderia ser ali. Foi o sítio que decidiu, impunha-se no cimo do monte", recordam os autores, que na terça-feira explicaram o projecto à população de Vila Nova de Foz Côa, durante a visita da ministra da Cultura ao local.No futuro museu, o acesso será feito pelo topo do edifício, onde haverá um miradouro. "A primeira coisa que se verá é aquela vista panorâmica esmagadora e só depois desceremos para visitar o museu. A construção será como um palco." O edifício, de nove metros de altura, que tem a forma de um triângulo deitado, será construído em betão com a textura e a cor do xisto, que abunda na região. Para isso vão imitar a técnica usada pelos especialistas do parque arqueológico para a reprodução da textura do xisto, recorrendo a moldes de silicone.Com acessos rodoviário, pedonal, ou pelo rio, onde haverá um cais, o edifício será também utilizado como local de convívio (com destaque para restauração de qualidade), terá auditório e um espaço para o Parque Arqueológico do Vale do Côa. No museu haverá espaço para exposições permanentes e temporárias. A área total é de seis mil metros quadrados. "É um museu único e singular, uma pedra feita à medida do território e do conteúdo, que falará das gravuras classificadas como património da Humanidade." A Câmara Municipal de Foz Côa comprou um barco para visitar as gravuras do rio e pensa-se no aluguer de burros para aceder aos locais emblemáticos. Há investidores turísticos que só apostarão quando o museu estiver em construção. Porque as promessas foram muitas, o que tem deixado, dizem, ao longo dos anos "a população deprimida".
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