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Os vulcões da Islândia, e as suas espectaculares consequências para o tráfego aéreo, estão a dar novo alento aos discursos do tipo "pecado e expiação".
Pessoas educadas, aparentemente na posse das suas faculdades mentais, referem-se às erupções como um "castigo" ou pelo menos um "aviso" da natureza.
Como qualquer curandeiro numa ilha perdida do Pacífico, culpam a "desobediência" humana e dissertam sobre a arrogância com que ousámos acreditar nas nossas tecnologias.
Pessoas de fato e gravata, num anacronismo inconsciente, recuperam o discurso dos aborígenes e dos bosquimanos. Como se a natureza fizesse alguma coisa para comunicar com estes seres chamados homens, dignos mas irrisórios, que o tempo, com toda a naturalidade, verá desaparecer.
A natural precariedade da raça humana não se coaduna com a prosápia dos comentadores no prime time televisivo.
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