sexta-feira, abril 16, 2010

Precariedade



Alastra o sentimento de precariedade, muito para além do habitual. Até há pouco tempo o adjectivo estava de certa forma circunscrito à contratação dos jovens, o famigerado trabalho precário.
Agora abrimos o New York Times e lemos que Simon Johnson, professor do MIT, equiparou o financiamento de Portugal a um esquema em pirâmide (como o utilizado pelo gestor norte-americano Bernard Maddof que lhe valeu a prisão perpétua).
O tal economista diz também que Portugal, tal como a Grécia, em vez de abater os juros da sua dívida, tem refinanciado os pagamentos de juros todos os anos através de emissão de nova dívida, chegando mesmo ao ponto de dizer que "vai chegar a altura em que os mercados financeiros se vão recusar pura e simplesmente a financiar este esquema ponzi".

O cidadão que ainda em Setembro, durante a campanha eleitoral, pensou estar a assistir a um salto em frente do país, feito de TGVs, de aeroportos e outras maravilhas, descobre-se subitamente falido e depreciado. Que outras coisas estarão a ocultar-lhe neste preciso momento ? Teme um futuro precário.

Mas não são só os enredos dos homens, e as suas ganâncias, que tornam o mundo imprevisível. Basta um pequeno vulcão da Islândia (onde há tempos acontecera um outro cataclismo mas de natureza bancária) para parar o tráfego aéreo em metade da Europa. À conta disso os checos ficaram-nos com Cavaco por tempo indeterminado.

Andam os homens do aquecimento global tão preocupados com os nossos maus hábitos e afinal basta meia dúzia de grandes vulcões entrarem em actividade para a mobilidade e a logística do planeta regressarem ao século XIX. Como se tal não bastasse as núvens vulcânicas, ocultando o Sol durante meses, podem provocar consequências muito graves na produção de alimentos e condenar à morte milhões de pessoas.

Trabalho precário, civilização precária e planeta precário: está criado o terreno fértil para o nascimento de uma nova super religião com liturgia pela internet.

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