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Publicado no Estadão.com.br em 24.04.2010
A crise econômica mundial, que catapultou a China para o primeiro lugar entre os mercados automobilísticos globais em 2009, também transformou o Salão do Automóvel de Pequim em um evento crucial para essa indústria, com várias montadoras decidindo lançar seus novos produtos na capital chinesa, em vez de Detroit, Paris ou Tóquio.
Aberta ontem para a imprensa, a feira deverá apresentar 14 novos modelos europeus e americanos e 75 chineses, em uma indicação do alto grau de competição que marca o setor automobilístico na China.
Em meio à retração dos mercados nos Estados Unidos, Europa e Japão no ano passado, a China registrou aumento de 45% na venda de veículos, para um total de 13,6 milhões de unidades - cifra que inclui utilitários e caminhões leves. Nos Estados Unidos, foram vendidos 10,4 milhões de veículos, o menor número em 27 anos.
No primeiro trimestre de 2010, a velocidade do mercado automobilístico chinês acelerou ainda mais, com alta de 63% em relação a igual período de 2009. A transformação nesse setor é mais surpreendente quando se considera que o conceito de carros privados começou a se popularizar no antigo reino das bicicletas depois do ano 2000. Em razão disso e de sua enorme população, a China ainda tem uma baixa relação de veículos por habitante.
Independência. A edição 2010 do Salão do Automóvel de Pequim também revela o fortalecimento das montadoras independentes da China - aquelas que produzem sem associações com multinacionais estrangeiras.
Há cinco anos, a participação das empresas chinesas era acanhada e vista mais como uma anedota do que uma ameaça real aos grandes nomes globais do setor. Atualmente, a presença dessas marcas é agressiva e elas respondem por muitos dos novos lançamentos de carros "verdes" ou experimentais.
As montadoras chinesas estão no início de seu processo de internacionalização, que deverá levar a uma mudança estrutural nesse setor. Além de se expandir internacionalmente, as chinesas também aumentam sua fatia no mercado local. No ano passado, elas ficaram com 30% das vendas, e o objetivo do governo chinês é elevar o porcentual a 50% até 2015.
Mesmo com a expansão das marcas locais, a China se transformou em um mercado crucial para as grandes fabricantes globais. As vendas da General Motors, por exemplo, cresceram 71% no país asiático no primeiro trimestre de 2010, para 623,5 mil unidades. Nos Estados Unidos, a alta foi de 16%, com vendas de 475,2 mil unidades.
Atração. "O rápido crescimento da China torna seu mercado automobilístico extremamente atraente e quase irresistível para qualquer montadora", diz John Humphrey, vice-presidente da consultora J.D. Power em um estudo sobre o futuro desse setor. Apesar dessa atração, Humphrey afirma que será cada vez mais difícil para as montadoras alcançarem suas metas de lucro no mercado chinês, em razão da feroz competição.
A J.D. Power prevê que, em 2015, haverá 90 marcas disputando a preferência do consumidor local, o dobro dos Estados Unidos. Essas montadoras produzirão 300 modelos diferentes, que vão competir entre si e com os importados que entrarão no país. Grande parte dessas marcas é de propriedade das províncias chinesas, que farão de tudo para manter sua posição.
Este vulcão é bem mais preocupante para a Europa do que o vulcão islandês.
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