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Ludwig Feuerbach disse: “der Mensch ist, was er isst”, somos o que comemos. Talvez possamos também dizer que somos o que vimos ou somos o que fotografámos, se quisermos entender o acto de fotografar como uma forma superior de ver.
Desde que nascemos interpretamos uma quantidade gigantesca de imagens do que nos rodeia, de forma automática e irrenunciável. Nunca chegamos a desvendar o mistério de reparar em algumas e não em outras. De haver algumas imagens que nos marcam e nos acompanham, ou obcecam, uma vida inteira.
Um fotógrafo, quer seja profissional quer seja amador, produz ao longo da vida muitos milhares de fotografias que o moldam e o transformam. Nunca chega a compreender verdadeiramente se foi ele que as escolheu. Elas permanecem e regressam como testemunhas de um passado que resiste à memória da nossa história pessoal, um vestígio daquilo que já não somos ou daquilo que ainda somos mas sem saber.
Ao rever as imagens de que somos feitos vemo-nos sempre confrontados com a peculariedade do nosso percurso e com o sentido daquilo que fomos (somos ?).
O que retratámos mostra quem somos de uma forma mais fidedigna do que as fotografias do nosso próprio rosto.
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