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Para se poder compreender o real significado dos episódios recentes que envolvem Sócrates, indirectamente, na Face Oculta é preciso pôr este caso em paralelo com a “crise das escutas” a Cavaco tão discutida em Setembro e Outubro.
1- Em ambos os casos os jornais revelaram de forma ilegítima o conteúdo de documentos: num caso, o de Cavaco, foi publicado um email privado trocado entre jornalistas do jornal Público e agora foram divulgados “extractos” de certidões enviadas por um juiz de instrução criminal ao PGR. Quer Cavaco quer Sócrates são envolvidos em consequência de actos cometidos por terceiros.
Mas enquanto que no primeiro caso o PR era apenas mencionado agora Sócrates é, ele próprio, interveniente nas conversas telefónicas.
Enquanto que Cavaco, a serem confirmadas as suspeitas, teria tentado obter a publicação de uma notícia, Sócrates tratava de subverter a completa linha editorial de uma estação de televisão.
No caso de Sócrates houve mesmo um procurador e um juiz que, ao extrair a certidão das escutas, consideraram que o seu comportamento punha em causa o Estado de Direito.
Pode portanto concluir-se que o grau de envolvimento e a gravidade do comportamento de Sócrates é muito maior.
2 – Posto isto é legítimo comparar as consequências dos dois casos.
Os críticos de Cavaco, em que pontificava ainda que cinicamente o Partido Socialista, louvaram a divulgação de correspondência privada pelo DN com base na relevância social do caso. Mas em relação a Sócrates, cujo caso tem relevância social ainda maior, decide-se ocultar e destruir as provas.
A Cavaco toda a gente exigia que desse esclarecimentos sobre uma conversa em que não estivera presente e em relação à qual se conhecia apenas a versão de um dos intervenientes. A Sócrates, em contrapartida, permite-se que escude o silêncio relativamente às escutas em argumentos formais.
Cavaco foi crucificado em público na sequência da sua inábil intervenção televisiva sem preocupações relativamente à dignidade do cargo. Mas Sócrates aparece na televisão a fazer exigências ao Presidente do STJ e ao PGR, falando em tom de ameaça aos procuradores e juízes que tiveram a ousadia de o escutar.
Enquanto Cavaco era ridicularizado por recear ser escutado, durante a campanha eleitoral em Setembro, o PGR já tinha na sua secretária as escutas que envolviam Sócrates e também o despacho do STJ a mandar destruí-las. E nada disse.
A Face Oculta veio mostrar, de forma irónica, que afinal os receios do Presidente estavam longe de ser absurdos. A ocultação da existência das certidões e dos despachos à opinião pública constituiu sem dúvida uma interferência grave no processo eleitoral e condicionou sem dúvida os seus resultados.
Mostrou também quem é que realmente tem influência na comunicação e na justiça.
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Há 45 minutos
3 comentários:
Mamma mia ...
"A Cavaco toda a gente exigia que desse esclarecimentos sobre uma conversa em que não estivera presente e em relação à qual se conhecia apenas a versão de um dos intervenientes. A Sócrates, em contrapartida, permite-se que escude o silêncio relativamente às escutas em argumentos formais."
Sabe que não é bem assim. António Filipe, reagiu em nome do PCP e defendeu que o primeiro-ministro deve explicações ao país sobre «o que é que sabia relativamente aos negócios que envolveram a TVI e a Prisa».
«Interessa que, de uma vez por todas, e tendo em conta todos os elementos já vindos a público sobre essa questão, o senhor primeiro-ministro esclareça, de facto, de uma vez por todas, o que é que sabia relativamente a estes negócios que envolveram a TVI e a Prisa», declarou António Filipe aos jornalistas, no Parlamento.
«É bom que haja um esclarecimento cabal da parte do primeiro-ministro sobre tudo isso», reforçou.
Questionado se, depois de ter afirmado hoje que essa notícia é falsa e constitui «um insulto», o primeiro-ministro deve ao Parlamento mais explicações, António Filipe respondeu: «Sim, ele deve explicações, não apenas ao Parlamento, mas ao país, explicações sobre efectivamente o que é que era do seu conhecimento relativamente a essa questão».
«Isso é fundamental», considerou.
Uma vez que a informação já estava em Lisboa antes das Eleições, e como bem frisou Marcelo Rebelo de Sousa foi em Lisboa que ocorreu a fuga. A fuga não será um "golpe interno" do PS para correr com Sócrates (Agora que ganharam as eleições)?
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