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Trinta anos depois do Florian (em Veneza) ser fundado, Sebastião de Carvalho e Melo mandou abrir um terreiro majestático que nada fica a dever à arquitectura napoleónica que hoje domina a praça veneziana. Mas enquanto São Marcos vive e ressuscita todos os dias do ano entre acordes de Gardel, champagne e mosaicos bizantinos o Terreiro do Paço continua o seu estertor de moribundo onde pontificam os ministérios de tudo e mais alguma coisa como lápides num campo de martírio urbanístico. Aos cafés seculares em São Marcos o Terreiro do Paço responde com os carros de alta cilindrada dos Ministros, Secretários de Estado, Directores Gerais arrumados à força sobre os passeios. Enquanto se dança em São Marcos, no Terreiro do Paço, os motoristas prosseguem o seu infindável e soturno suplício de Tântalo de puxar o brilho a carros já brilhantes. Ritmadamente mas sem a harmonia de Gershwin ou Gardel. Mário Crespo no Expresso de 28 de Junho 2008.
A tenacidade com que o funcionalismo político se tem agarrado ao Terreiro do Paço, e ao simbolismo do local como centro do poder, roça o ridículo do provincinismo em plena capital.
Não há Simplex nem "choque tecnológico" que ponham esta gente a prezar a eficiência em vez da pose.
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