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Segundo o DN de hoje Manuel Alegre quer:
"Refundar a esquerda com o PS e fora do PS "até onde isto for possível". O homem que no passado fim-de-semana lançou, sem piedade, um desafio à nomenklatura socrática ("Se me desafiam para congressos irei às urnas no país") vai convidar os dirigentes socialistas para uma espécie de "congresso da esquerda" que decidiu organizar extra-muros do partido. Além do PS, também o PCP e o Bloco de Esquerda serão desafiados a aparecer na grande convenção sobre o estado da esquerda. E, claro, serão convidados cidadãos independentes".
Nutro enorme desconfiança por estes rasgos de voluntarismo. Em vez de se partir de uma ideia nova, de um projecto, avança-se directamente para a federação de descontentamentos, vaidades, birras e desilusões. É a nossa sina. Uma esquerda que não trabalha, que não inova e que se esgota no protesto.Quando em 2005 houve a corrida para apear Santana eu bem avisei que esse derrube devia ser feito com base num projecto; três anos depois grande parte da esquerda está farta da vitória que festejou. Quando em 2006 se saudou a vitória sobre Berlusconi eu também disse que não percebia como se podia festejar já que a resultante não passava de um "saco de gatos" que só convergia no que não queria.
Já é tempo de nos convencermos de que o problema da esquerda não é ganhar as eleições e ocupar as cadeiras do poder mas sim o que fazer quando tal acontece. Ter uma política alternativa que funcione.
Ou muito me engano ou esta experiência acabará na dissidência de Alegre que, ao abandonar o PS, se tornará o mentor de uma qualquer "Renovação Socialista".
Veremos o que acontece...
4 comentários:
Muito obrigado por, desta vez, não me ter mandado o post por mail. Prefiro assim: leio-o por opção e não como receptor de ostentação prosélita.
Assim, sim. Cumprimentos.
João Tunes
OK, já entendi. Por vezes não temos a noção dos efeitos das nossas acções.
Tem uma certa razão. É muito mais fácil criticar do que construir algo de novo. Mas também é verdade que perante tantos desatinos não podemos ficar calados.
Manuel Alegre deu uma entrevista ao ‘Diário de Notícias’, antecedendo o seu encontro com representantes do “meu milhão de votos” e reproduzindo as críticas que vem fazendo ao seu PS. Discordei de tudo o que disse, de fio a pavio. O problema deste Governo PS, ao contrário do que ele diz, não é com os pobres, mas sim com os ricos. O problema não são os reformados, os velhos, as crianças sem escola, os sem rendimentos alguns, em relação aos quais este Governo tem feito mais do que qualquer outro: o problema são as «offshores» para os milionários que querem fugir ao Fisco, os negócios de favor com o Estado, os ‘camaradas’ do partido e afiliados colocados estrategicamente nos pontos principais de decisão e influência económica. O problema não são as reformas tentadas na Saúde, na Educação, na Segurança Social, que são exactamente aquilo que de melhor o Governo Sócrates tem feito, enfrentando todos os lóbis instalados no imobilismo, no despesismo e na inoperância: o problema são as reformas por fazer, na Justiça, na Administração Local, no Ordenamento do Território. O problema não são os “abandonados pelo Estado”, mas sim aqueles, ricos e pobres, que só sabem viver por conta do Estado, gastando em benefício próprio os recursos que a parte saudável do país produz. Diz Manuel Alegre que é preciso descobrir “o que é hoje o socialismo”. Está descoberto há cinquenta anos: chama-se social-democracia e existe nos países do norte da Europa, que são os mais prósperos e os mais justos de todo o mundo. O resto é desconversa
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