quarta-feira, novembro 07, 2007

Os 90 anos da Revolução de Outubro


Já se disse tudo sobre as "realizações" e as "violências" da Revolução de Outubro.
Eu volto sempre à minha pergunta: porque é que não nasceu na URSS um novo sistema económico auto-sustentável e com capacidade para se auto-reproduzir ?

É verdade que nas primeiras décadas havia um gigantesco deficit tecnológico mas, a partir dos anos 70, o deficit passou a estar essencialmente na vitalidade do partido e da sociedade.
Em contrapartida a URSS era um país imenso, dos poucos no mundo que poderia sobreviver mesmo em isolamento, dotado pela natureza de fantástica variedade e quantidade de recursos naturais, em especial os energéticos.

A "Russia Unida" de Putin regista 67 % das intenções de voto nas próximas eleições demonstrando que sabe aproveitar a seu favor as exportações de gás natural e de petróleo, construindo um apoio popular esmagador. O Partido Comunista prevê-se que venha a ter 17 % dos votos. 90 anos depois da Revolução de Outubro o partido de quem nós esperámos um mundo novo tem um resultado idêntico ao PCP. Fala-se pouco da Russia que sobrou após a queda da experiência soviética.

Até uma figura caricata como Chavez sabe usar a riqueza do petróleo para granjear, nem que seja a prazo, um grande apoio popular. É pois forçoso colocar este falhanço do PCUS no plano da inépcia ou do apodrecimento. Ao menos podiam ter sabido "comprar", com o petróleo e o gás, o tempo necessário para se renovar, saltar para a sociedade da informação e tentar aí uma economia de novo tipo.

A experiência chinesa desperta-nos, a esta luz, um enorme interesse.
Os os líderes chineses parecem, a certa altura, ter-se convencido do famoso TINA, conceito Thatcheriano sobre o liberalismo económico que significa "There Is No Alternative".
Então, obedecendo a uma sofisticação milenar, arranjaram forma de pôr os capitalistas a transformar a China numa grande potência mundial e a encher os cofres do estado com reservas gigantescas.
Enquanto isso o Partido Comunista continua a ser uma força formidável que em qualquer momento pode lançar centenas de milhões de chineses numa nova revolução de contornos inimagináveis.

É aqui que reside o suspense; algum dia o fará ? ou vai apenas usá-lo como espada de Damocles sobre a cabeça das empresas privadas ? Qual é o ponto de chegada de tudo isto ?

3 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia,

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Chamo a particular atenção para o documento do PC Grego.

Um abraço

Anónimo disse...

17% não é uma votação "idêntica" à do PCP, é o dobro!

F. Penim Redondo disse...

Realmente as votações só são identicas no sentido em que são ambas irrelevantes.