Em "Habemus Papam", o mais recente filme de Nanni Moretti, um sumo pontífice recém-eleito, ele próprio um apaixonado do teatro, faz das varandas de S. Pedro uma declaração melodramática sobre a sua incapacidade para suportar o fardo do cargo.
Agora é uma ministra italiana, nada ficcional, que chora perante as câmaras a sua fragilidade emocional para decidir um simples adiamento da idade de reforma em Itália dos 60 para os 62 anos.
Esta tendência, assustadora para o cidadão comum, está a converter as instituições do nosso edifício social em grupos de arte dramática.
É verdade que o poder sempre viveu de uma certa teatralidade mas não era hábito o recurso ao melodrama.
Algum dia chegará a fase da Opera Buffa.
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3 comentários:
"Algum dia chegará a fase da Opera Buffa."
Tens razão. Por cá os Tartufos ainda estão ensaiando... Quando for a sério, as lágrimas serão de crocodilo (tal como aquilo)
Se calhar já tinha metido (ou estava a pensar metar) os papeis para a reforma
Eu acho que já chegámos à fase da Ópera Bufa.
Em qualquer caso, porém, estamos na fase da representação.
João Pedro
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