sábado, fevereiro 27, 2010

Disse-lhe pelo Twitter

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Hoje, no Mezzo, descobri esta excelente pianista chinesa Yuja Wang, 王羽佳 em mandarim, de que nunca ouvira falar.
Como estamos na época das redes sociais e não faço ideia nenhuma de onde se encontra neste momento fui ao twitter e disse-lhe quanto tinha gostado de a ouvir.

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sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Annemarie Schwarzenbach

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Annemarie (à esquerda) com uma amiga

Auto-retratos do Mundo : Annemarie Schwarzenbach (1908-1942)

Cerca de 200 fotografias captadas por Annemarie Schwarzenbach (1908-1942), escritora e jornalista suíça que viajou pelo mundo "com um olhar humanista sobre o outro", estão reunidas no Museu Berardo, em Lisboa. Comissariada por Emília Tavares e Sónia Serrano, a exposição "Auto-retratos do Mundo: Annemarie Schwarzenbach" é a maior sobre a autora realizada até hoje a nível internacional, apesar de, na génese, ter tido como objectivo "mostrar apenas as imagens tiradas em Portugal" no início dos anos 1940.
"Ela passou por Lisboa em 1941 e 1942, em pleno regime da ditadura do Estado Novo e eram essas imagens que queríamos mostrar, mas, por serem muito poucas, decidimos alargar o âmbito da exposição", explica Emília Tavares. Foi uma figura mítica do travel writing, deambulando em permanência pela Europa, Médio Oriente, África e América do Norte para reportagens fotográficas em que captava "um pouco de tudo, paisagens, zonas urbanas, pessoas" de uma forma intimista.
Esta tocante exposição de Annemarie Schwarzenbach pode ser visitada até 25 de Abril de 2010.

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No mesmo museu, em contraponto revelador, encontram-se os trabalhos seleccionados para o prémio BESphoto. Como vem sendo hábito, com raras excepções, trata-se de objectos marcados por um preocupante pedantismo (ver os textos explicativos dos três autores seleccionados).

Para justificar a escolha de Filipa César como vencedora, o júri destacou o carácter de um trabalho que "resulta da criação de um objeto ímpar". "Pela maneira de tratar múltiplos problemas - a história de Portugal, a censura e a moral salazarista, o degredo, a homossexualidade feminina, o trabalho e a matéria - cruzando narrativas com a geografia e construindo imagens em que o a-humano, o elementar, o cósmico, contaminam com um força inatingível, a ação do homem".

Annemarie Schwarzenbach nunca poderia ganhar um concurso destes.

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quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Sócrates objecto de novo culto

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A pequena capela onde se acoitava o ícone da N.ª S.ra do Monte, no Largo das Babosas, e onde casou basta sorte de madeirenses, foi literalmente varrida da praceta anexa à paragem terminal do teleférico. À razia sobreviveu a imagem figurando a N.ª S.ra do Monte, incólume perante as enxurradas que destruíram a singela construção, datada de 1904. Se o templo capitulou, a felicidade do acaso poupou o ícone de barro e sugeriu, na óptica do pároco local, Giselo Andrade, novo culto mariano. Moldado na lama assassina das montanhas madeirenses.
Jornal de Notícias, 25.02.2010

Não é possível evitar as analogias com o caso que envolve, há semanas, o nosso primeiro ministro. Também ele foi sujeito à razia das enxurradas de lama, também ele pode ser considerado um ícone de pés de barro, e também ele tem resistido milagrosamente a tudo isso.

Justifica-se portanto que ele seja objecto de um novo culto como tem estado a acontecer.

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quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Quatro simples perguntas

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clicar a imagem para ampliar

Quatro perguntas perinentes formuladas pelo Público em 24.02.2009

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terça-feira, fevereiro 23, 2010

O Príncipe de Homburgo

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Para ver no CCB a partir do dia 25. Mais informação AQUI

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segunda-feira, fevereiro 22, 2010

A democracia é um julgamento na praça pública

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"Faz bem à justiça ser feita ao ar livre. O vento levanta-lhe as saias e a gente vê o que ela traz por baixo."
Fala do Juiz Azdak em "O círculo de giz caucasiano" de Bertolt Brecht

Tem vindo a aumentar, justamente, o clamor contra os julgamentos na praça pública. As vozes indignadas vão desde o mais insuspeito, o líder do MRPP Garcia Pereira, até ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça. Entretanto verifico uma enorme lacuna. Ninguém acusou ainda a democracia de ser, ela própria, um autêntico julgamento na praça pública.

De tempos a tempos somos chamados a julgar um numeroso grupo de arguidos, que se auto-intitulam candidatos. Esses julgamentos baseiam-se em informações avulsas, obtidas sabe-se lá aonde e por que meios. Toda a gente fala ao mesmo tempo e a sessão do tribunal (a que chamam pomposamente campanha eleitoral) não se limita às praças, pois percorre até as avenidas e as vielas públicas. Não há qualquer validação da informação divulgada e das promessas delirantes que os arguidos fazem, apesar de estarmos em presença de versões contraditórias ou mesmo antagónicas.

Ainda recentemente, em Setembro de 2009, tivemos oportunidade de experimentar os malefícios destes desmandos. Fomos forçados a absolver o Partido Socialista (com a pena suspensa) baseados em informações incompletas ou mesmo deturpadas. O Procurador Geral da República, certamente para não nos desmoralizar, escondeu-nos durante o julgamento umas escutas cujas transcrições andava a ler. As agências de rating atrasaram vários meses a revelação de que Portugal está em falência técnica e, por isso, durante o julgamento, ainda estávamos convencidos de que o país vogava velozmente ao encontro do futuro, de TGV ou a partir do Novo Aeroporto. Os resultados destas e de outras omissões, e da sentença que então decidimos, estão à vista de todos.

É imperioso acabar com estes caóticos julgamentos na praça pública. Dentro em breve seremos de novo chamados a intervir como juízes. Os arguidos, está-se mesmo a ver, vão acusar-se mutuamente de ser os culpados pelo estado desesperado a que o país chegou. A prescrição dos remédios amargos que nos esperam, em resultado da incompetência e da ganância, ninguém a quererá assumir. Como vamos saber em quem confiar sem os rigorosos métodos da justiça e a validação das provas por quem de direito ?

Proponho desde já que nos recusemos a participar em mais este julgamento na praça pública, nesta autentica farsa, que põe em causa o Estado de Direito. Só devemos votar depois da sentença de um Tribunal competente ter transitado em julgado e de termos percebido quais foram afinal os arguidos/candidatos que o tribunal mandou encarcerar por responsabilidade na bancarrota do país.

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Hannah e Martin

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O Teatro Aberto dá-nos a ver um belíssimo espectáculo sobre as dolorosas tensões entre os grandes princípios e o dia a dia das relações afectivas.
Hannah Arendt e Martin Heidegger conhecem-se na condição de aluna e mestre na Alemanha. A sua relação amorosa passa pela tragédia da guerra e da diferença de pontos de vista sobre a realidade que os divide.

Nada é fácil e não há receitas prontas a usar nesta peça em que Ana Padrão e Rui Mendes lidam brilhantemente com a ambiguidade inevitável das personagens.

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domingo, fevereiro 21, 2010

PUBLICIDADE

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Manual para boys e ministros mais dados ao faça você mesmo AQUI

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Novo Aeroporto de Lisboa

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Depois de uma longa ronda de negociações com a oposição o Governo está em condições de garantir a construção da maquete, à escala 1:500, do Novo Aeroporto de Lisboa (se o défice entretanto não derrapar).

A maquete, que revelamos aqui em primeira mão, será depois colocada na carreira de tiro de Alcochete, no local que tinha sido seleccionado para o aeroporto. Dessa forma os portugueses e portuguesas poderão visitar a maquete no seu ambiente natural.

Para o efeito será construído um pequeno edifício cujo projecto se inspirou na capela das aparições, na Cova de Eiria.









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sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Virtualidades da negação sistemática

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Inspirado neste post do Trix-Nitrix
A informação foi obtida de forma inadmissível pois deve-se sempre pedir licença antes de entrar. Os visados deram a resposta adequada à irregularidade na obtenção de prova.
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Comunicação ao país

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quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Há mais vida para além de Sócrates

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Parafraseando o saudoso Presidente Sampaio, perante o nervosismo geral, apetece dizer "há mais vida para além de Sócrates".
O facto de a qualquer pessoa bem formada repugnar o acto de "espreitar pelo buraco da fechadura" não implica de forma alguma a inexistência dos factos observados por tal buraco.
Eu também preferia que a polícia pudesse dispensar o recurso a escutas mas tal não me leva a concluir que os factos escutados não existiram.

Independentemente daquilo que se possa pensar sobre a validade das escutas e da sua divulgação pública temos que considerar inadmissíveis os actos que elas revelam. O simples facto de o PM e seus colaboradores próximos tratarem ao telefone, que qualquer criança sabe ser um meio inseguro, assuntos que consideram reservados é antes do mais um caso de incompetência e irresponsabilidade. Pode perguntar-se que informações revelou entretanto o PM pelo telemóvel não já a um tribunal, como é o caso em apreço, mas a um qualquer agente secreto estrangeiro.

Ao contrário do que insinua a defesa demagógica de Sócrates nós não vivemos num país onde inúmeros políticos e dignitários em geral tenham sido destituídos e esquartejados em resultado de perseguições mediáticas e judiciais. Vivemos sim num país onde os desmandos e a corrupção campeiam, sem qualquer castigo, à frente dos olhos de todos. Não há memória de uma única condenação de gente importante.

Não resta ao cidadão comum outro remédio senão colocar estas questões já que a "Justiça VIP", a tal que nunca encontra culpados, usa uns óculos de tal graduação que a realidade, se é que existe, nunca consegue ser nítida.
É a nós que compete decidir se este caso Face Oculta é apenas mais um em que os erros dos notáveis não têm consequências. A repetição de tais situações é sem dúvida a maior ameaça que paira sobre a democracia portuguesa.

Sócrates ainda só viu a ponta do iceberg. Podemos imaginar o que vai acontecer quando as escutas divulgadas contiverem conversas do próprio PM e não só dos seus amigos.
Nem Sócrates, nem nós, nem as agências de rating, podemos conviver com esta espada de Dâmocles sobre a cabeça do PM que pode vir a afectar gravemente o país.
Acho que ele, para pacificar os mercados e o povo, devia anunciar a sua partida logo após a aprovação do OE e do PEC, fazendo gentilmente companhia à Manuela Ferreira Leite.
Só lhe ficava bem.
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Quadra

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quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Publicidade voluntária

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Mesmo em tempos de crise são bem empregados os 25 euros que se pagam por esta caixa de seis discos com a música de Joly Braga Santos (1924-1988). Para mim, como certamente para muitos outros melómanos portugueses, foi uma agradabilíssima revelação.
Grande música não é só aquilo que as grandes etiquetas discográficas globalizaram.
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segunda-feira, fevereiro 15, 2010

O alibi do Estado de Direito

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Agora, que todos os formalismos são invocados para manter oculta a Face Oculta, vem a propósito lembrar as escutas de Valentim e a sua versão lúdica em horário nobre. Que pena os Gatos andarem afastados dos ecrans em vez de nos brindarem com o equivalente do Valentim em versão Armando Vara.
Para avaliar a seriedade daqueles que agora falam em tom trágico do fim do "Estado de Direito" nada melhor do que relembrar como reagiram, ao longo dos últimos anos, à exposição pública dos vários "arguidos" que vão do caricato Valentim Loureiro ao Presidente da República. Trata-se de gente que, perante a divulgação pública das escutas, só abre um olho de cada vez. Que só se indigna quando os visados são do seu clube.
Outra linha de argumentação muito usada recentemente para defender Sócrates é mostrá-lo como vítima indefesa de uma comunicação social hostil. A julgar pelos conteúdos não haveria um único jornal, ou televisão, sério neste país.
Este argumento esquece que foi com estes mesmos jornais e televisões que Sócrates alcançou uma maioria absoluta. Que foram estes mesmos jornais e televisões que puseram Santana nas ruas da amargura abrindo caminho à maioria absoluta de Sócrates.
Hoje, sabendo o que sabemos, confirma-se a ideia de que o "menino guerreiro" era afinal um menino de "incubadora" ao pé do senhor engenheiro.
Há dias tive oportunidade de recordar a intervenção de Sócrates, então na bancada parlamentar da oposição, a invectivar Santana pelas "inadmissíveis pressões" do ministro Gomes da Silva que fizeram saltar Marcelo da TVI para a RTP. A grandiloquência do discurso é simplesmente hilariante.
O que está em causa com a Face Oculta é muito mais do que a mera tentativa de controlar certos meios de comunicação. O que as escutas divulgadas recentemente põem a nu é a completa subversão do regime democrático.
Mostram que os formalismos democráticos que nós cumprimos de vez em quando, nas eleições, são meramente decorativos. O governo que temos não passa de uma repartição onde a generalidade dos ministros se ocupa de meras tarefas administrativas e de gestão.
A política e as alavancas económicas essas são manobradas na sombra por figuras em que ninguém votou e que, em muitos casos, ninguém conhece. São os assessores milionários, os gestores públicos por nomeação e os gestores privados por indicação governamental integrados numa teia incompreensível cujo comando se desconhece.
Eles é que determinam as influências mediáticas e os empréstimos bancários, os subsídios estatais e a aprovação das concessões, eles são as "golden shares" com que opera o verdadeiro poder.
Basta ler o curriculo dos Varas, dos Pedro Soares, dos Soares Carneiro e das Ongoings, para falar apenas os que se tornaram famosos nos últimos dias, para perceber em que tipo de "estado de direito" é que vivemos.
Por isso não nos venham dizer, com a voz embargada, que a revelção das tramóias põem em causa o "estado de direito". É precisamente a reposição do Estado de Direito que se pretende expondo ao escrutínio público as tramóias que o vêm destruindo.
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O Ano Novo chinês

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O tigre é impulsivo e poderoso, por vezes impaciente ou até imprudente, isto em contraste com o tenaz e lógico animal que o precede no zodíaco chinês, o búfalo. Em 2010, é natural que muitos chineses considerem auspicioso um comportamento mais rebelde do seu país.
De um ponto de vista estratégico, a China enfrenta a perspectiva da rivalidade a prazo com a hiperpotência americana e, de certa forma, também com a União Europeia. Mas a nível económico, existe uma interdependência entre estes blocos: Pequim acumulou vastas reservas financeiras que podem afectar as economias ocidentais, mas precisa destes mercados para manter o crescimento do PIB de que depende a estabilidade.
Num plano regional, Pequim tem de lidar com algumas relações difíceis, nomeadamente com o Japão (potência em declínio) e a Coreia do Norte, país imprevisível que apenas a China sabe conter. Há ainda a rivalidade com a Índia, mais complexa, e a relação ambígua com países muçulmanos: a China tem tendência para apoiar Irão e Paquistão, mas preocupa-se com a sua minoria muçulmana.
A relação com a vizinha Rússia também tem ambiguidades. Por um lado, o império russo ocupou vastos territórios na Sibéria, antes da China, e esse espaço é rico em matérias-primas e está quase vazio; por outro lado, a China tem aproveitado a tecnologia russa e o seu programa espacial, por exemplo, não podia voar sem ajuda.
A prazo, esta será uma enorme incógnita, mas no ano do tigre de 2010 é natural que a China procure garantir acesso a matérias-primas, sobretudo energia comprada a iranianos, russos e africanos. A estratégia tem sido cuidadosa e paciente e ainda é cedo para mostrar a força do tigre.
(Ainda é cedo para a China mostrar a sua força, Diário de Notícias, 14.02.2009)
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domingo, fevereiro 14, 2010

CARNAVAL

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sábado, fevereiro 13, 2010

As coisas que transformam o mundo

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Segundo a Lusa o consumo de electricidade chinês, um dos dados mais fiáveis no país para conhecer o ritmo de crescimento da economia, cresceu 40,14 por cento homólogos em Janeiro, anunciou hoje a Administração Nacional de Energia.

Este crescimento do consumo, para 353 100 milhões de kilowatts hora, compara com igual mês do ano passado, refere a Administração Nacional de Energia (ANE) na sua página na Internet.

A maior fatia do consumo centrou-se no sector secundário, com um aumento de 45,99 %, enquanto o consumo residencial teve um crescimento de 25,9 por cento e o sector terciário de 25,61.

É este tipo de coisas, publicado nas páginas interiores dos jornais, que está realmente a transformar o mundo.

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sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Pandora

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Em Setembro, ainda antes de se conhecerem os resultados das Legislativas, avisei (aqui) que o PS estava a abrir uma caixa de Pandora, e que pagaria um preço elevado pela publicação no DN do email clandestino contra Cavaco.
Para conseguir, in extremis, a vitória eleitoral acharam muito bem que se publicasse um email clandestino, que apenas continha a opinião do seu autor contra o Presidente, e que descrevia uma alegada tentativa algo canhestra de um assessor para plantar uma notícia no jornal Público.
Na altura o caso foi pretexto para uma campanha mediática que recorreu a todos os exageros e que arrastou o nome de Cavaco pela lama. Esses que então semearam ventos queixam-se agora das tempestades.
Agora acham mal que se publiquem conversas telefónicas, cuja escuta foi ordenada por um juiz, e que mostram uma autêntica conspiração para subverter, com suporte directo ou indirecto de dinheiros públicos, grupos inteiros de comunicação social.
Agora já invocam o direito ao bom nome, que antes não respeitaram, e o recato da privacidade, que antes subordinaram ao "interesse público".
É uma incoerência completa. É caso para dizer que têm o que merecem.
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quinta-feira, fevereiro 11, 2010

O regresso do lápis azul





Este é um dia triste em que se assiste ao regresso do lápis azul da censura prévia a Portugal, crismado de providência cautelar.
O poder, cobardemente e por interposta pessoa, reduz a informação a uma face oculta com base em pretextos formais.
Voltaremos agora, como há 40 anos, a circular a informação em folhas fotocopiadas ? ou de forma actualizada sob o anonimato da blogosfera ?
Este é um dia de luto para os ideais de Abril.
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quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Fábula de engalinhar

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Sócrates cita Granadeiro para provar que desconhecia negócio.
O primeiro-ministro garantiu esta manhã que só falou com Henrique Granadeiro, presidente da PT, já depois de ter dito no Parlamento, a 26 de Junho de 2009, que o Governo não poderia aprovar o negócio da compra da TVI. E esgrimiu com um comunicado do responsável da PT, em que este nega ter dado conhecimento ao Governo das intenções da empresa.
(ler o resto)

Neste ponto ocorre-me, não sei porquê, uma fábula que me contaram uma vez, não sei bem aonde.

Era uma vez dois tipos que assaltaram um galinheiro. Um foi apanhado mas apresentou o outro, que conseguira fugir, para garantir às autoridades que tinham estado ambos a beber um copo, à hora em que o alegado assalto tinha sucedido.

O alibi resultou e foram os dois beber outro copo para comemorar o facto de as galinhas terem respeitado o segredo de justiça.

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O TGV foi-se, viva o "Trem-Bala"

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Pequim - A China decidiu participar da concorrência para o trem de alta velocidade que vai ligar Rio, São Paulo e Campinas e busca empresas brasileiras das áreas de construção e consultoria para integrar seu consórcio. Na semana retrasada, representantes do Congresso e do governo brasileiros estiveram na China para conhecer a malha de trens rápidos do país, que até 2013 será a maior do mundo.
A expectativa do governo é que entrada dos chineses na disputa force a redução dos preços, já que se avalia que a proposta será agressiva. Os representantes de Pequim sustentam que possuem o trem mais barato e rápido do mundo.
(ler o resto do artigo aqui)

É altura de abandonarmos os projectos do TGV e adoptarmos o "trem-bala". Os chineses fazem-nos a coisa por tuta e meia. O endividamento externo agradece.

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Momento decisivo

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José Sócrates acusou o “Sol” de ter praticado um crime ao divulgar escutas no artigo publicado na sua última edição. Como reage a esta acusação?
Quer-se fazer crer que estas escutas não têm nada a ver com as que foram arquivadas pelo procurador-geral da República (PGR) e pelo presidente do Supremo Tribunal, invocando que o que foi arquivado foram as escutas do primeiro-ministro. Mas estas escutas estão exactamente no mesmo lote das do primeiro-ministro e fazem parte do lote de escutas arquivadas. Como vários advogados já sustentaram, não há recurso das decisões do presidente do Supremo. Assim sendo, esta parte do processo está arquivada definitivamente e não está sujeita a segredo de justiça.
Mas há quem defenda que há violação por estar a decorrer um processo.
Está-se a procurar, com artifícios legais, esconder a questão substancial. O que verdadeiramente está em causa é a decisão do PGR e do presidente do Supremo ao mandar arquivar estas escutas, porque os indícios, as suspeitas e os factos são tão fortes que só não vê quem não quer. Não pode tomar-se uma decisão de arquivar só porque sim. O despacho de arquivamento não está sustentado. O que está em causa é que a cúpula do aparelho de justiça tentou esconder e camuflar as escutas.
Essa ideia é baseada apenas nas escutas já publicadas pelo “Sol”?
Não só. Esta semana vamos continuar a publicar algumas coisas e vai ficar clara outra investida contra outro grupo de comunicação social, que também é indesmentível. Isto é uma grande operação. Para não falar do que aconteceu com o “Sol”, que foi alvo de chantagens e de tentativas de encerramento por parte do BCP, como foi anunciado em devido tempo.

E toda a gente assobia para o lado perante este tipo de acusações? Ou são falsas e Saraiva deve ser processado ou são verdadeiras e o PGR, pelo menos, tem que se demitir.
Não se pode tolerar por mais tempo esta indefinição sobre o que é legal e o que não é, sobre a independência das decisões do PGR, sobre a veracidade das suspeitas que impendem sobre Sócrates com base nas escutas.
Seja de que modo for, custe a quem custar, tem que haver uma instância neste país que dite uma sentença final. Chegámos a um daqueles momentos em que comtemporizar é a pior solução.
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terça-feira, fevereiro 09, 2010

Mais uma obra imbecil: a ciclovia

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Hoje de manhã o trânsito em frente ao Julio de Matos era "de loucos". E porquê ?
Vejam lá que está a ser construída uma "ciclovia" por aquele passeio abaixo até ao Campo Grande.
Cheguei a pensar, dadas as dificuldades para fazer passar a "ciclovia" por entre as árvores e as paragens de autocarro, que mais valia fazê-la passar pelo lado de dentro do muro do hospital.
Numa cidade que está falida, onde não há dinheiro para quase nada, gasta-se recursos e a paciência dos municipes com obras de fachada, para satisfazer o políticamente correcto.
Não me venham com os benefícios do desporto pois desporto faço eu.
Corro quase todos os dias, a pé, sem precisar de bicicleta ou de pistas, onde o ar é mais puro e sem incomodar ninguém. Também lá podem pedalar.
Fazer desporto não é exibir equipamento e roupa da moda.
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E se "de repente" tivéssemos que o aturar ?

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Aqueles que se propõem manifestar em S. Bento o seu descontentamento com Sócrates deviam, por castigo, ser mandados para a Venezuela distribuir Magalhães.

O Presidente Hugo Chávez, lançou nesta segunda-feira o seu novo programa de rádio, o "De Repente Com Chávez". Como o nome indica, a programação entrará no ar a qualquer hora para informar decisões governamentais, ou até mesmo de madrugada, para o presidente "cantar com um violão" (ainda não é claro qual das duas coisas é mais hedionda e muito menos as consequências da transmissão sem aviso prévio para a saúde mental dos ouvintes ).

Chavez está cansado de proibir (não me consta que tenha tentado comprar) os meios de informação incómodos e resolveu, com esta iniciativa, responder-lhes taco a taco e em cima da hora.

À luz do atrás exposto proponho que se adie a manifestação em S. Bento, prevista para quinta-feira, até ao dia em que Sócrates comece a aparecer, inopinadamente, no cantinho da linguagem gestual, durante os programas do Mário Crespo, a fazer manguitos de contraditório.

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domingo, fevereiro 07, 2010

Julgamentos na praça pública

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Sempre que uma pessoa importante se vê envolvida num escândalo surge logo quem declare enfáticamente que são inadmissíveis os "julgamentos na praça pública" (JPP). Essas declarações solenes não são habitualmente aplicadas aos casos que envolvem cidadãos comuns o que me leva a pensar que esses podem ser julgados em qualquer lugar.

Mais grave do que o elitismo desta teoria dos JPP é o facto de ela assentar num sofisma. Subrepticiamente induz a ideia de que tais julgamentos substituem os julgamentos dos tribunais. Como se alguém julgasse "na praça pública" aquilo que devia ser julgado nos tribunais. Como se alguém julgasse "na praça pública" em vez de julgar nos tribunais.

Tal ideia não tem qualquer fundamento. Os famigerados JPP não impedem nem se substituem aos julgamentos dos tribunais. Coexistem e são complementares mas obedecem a regras diferentes. É quando não se compreende a especificidade destes dois tipos de julgamento, e se pretende importar as regras de um para aplicar no outro, que começam as dificuldades e a confusão.

Os JPP acontecem inexoravelmente, constantemente, com base na informação de que cada um de nós dispõe. Quando eu desço no elevador em companhia do vizinho do quarto esquerdo, ou me esqueço de pagar o condomínio, ou atiro uma beata pela janela estou a ser objecto de um julgamento na "praça pública" do meu prédio. Os políticos, numa outra escala, vivem e sobrevivem dos "julgamentos na praça pública" ocupando uma boa parte da sua agenda a tentar melhorar a sentença que lhes será aplicada nas próximas eleições.

Quer nós queiramos quer não formam-se constantemente na nossa cabeça opiniões sobre coisas, factos e pessoas com base na informação a que vamos tendo acesso. Sobre os políticos também, claro, já que nos são servidos regularmente nos meios de comunicação (a propósito e a despropósito). É por isso que os escândalos com vertente judicial acabam por ser apenas mais um dado que juntamos a tantos outros já coleccionados sobre uma determinada figura pública, numa espécie de conta-corrente ou "julgamento" em curso. Portanto, ao contrário do que pretendem certos notáveis, estes "julgamentos" não os podemos evitar pela simples razão de que são inevitáveis.

Vejamos então em que medida as regras dos "julgamentos na praça pública" (JPP) diferem daquelas que vigoram num tribunal.
Nos tribunais os cidadãos, presume-se, são todos iguais. Nos nossos JPP diferenciamos o vizinho do empregado e o padre do político. Não esperamos o mesmo de todos eles e sabemos que todos eles têm capacidades diferentes de influenciar as nossas "sentenças".
Os tribunais lidam com informação categorizada e padronizada e só admitem os documentos que passam o crivo de apertados critérios. Nós, nos JPP, lidamos com informação não estruturada, avulsa e caótica cujo fluxo não controlamos.
Os tribunais são geridos por profissionais e com base em regras extremamente rígidas e complexas. Nós improvisamos conforme podemos as nossas próprias regras e temos que fazer os JPP enquanto tentamos equilibrar a nossa própria vida.

Resumindo: se é verdade que não podemos deixar de concluir coisas a partir da informação que nos chega também é verdade que não podemos transformar a nossa vida num tribunal nem ouvir o telejornal com um código processual nas mãos.
Mal estariam os habitantes de Chicago se tivessem que esperar por uma decisão judicial antes de mudar de passeio quando se cruzavam com Al Capone. Os tribunais demoraram muitos anos até conseguir condená-lo.

De tudo o que ficou dito resulta que os objectivos e missões dos tribunais são diferentes daqueles que estão ao alcance dos cidadãos comuns e dos seus JPP.
Os tribunais, com os seus métodos rigorosos, pretendem alcançar a certeza da culpa antes de condenar mesmo que isso demore muitos anos; nós, pobres mortais dos JPP, temos que lidar com a incerteza e a probabilidade para poder chegar a conclusões em tempo útil. Também por causa disso os tribunais aplicam sanções pesadas, que em certos países chegam a custar a vida aos condenados, enquanto que nós, juizes caseiros dos JPP, nos limitamos a venerar ou a embirar com os nossos sentenciados.

O problema das figuras públicas é que, como são conhecidas por muita gente, podem ser objecto de muitos julgamentos simultâneos de que resulte, por exemplo, perder uma eleição. Que lhes sirva ao menos de consolação que os milhões de juízes JPP só influenciaram o resultado das eleições na medida em que chegaram todos às mesmas conclusões e às mesmas sentenças.

Se os "julgamentos na praça pública" são constantes e inevitáveis, se os juízes que aí actuam não podem de modo algum ser considerados profissionais e se se regem por códigos caóticos, como evitar então que daí venham maiores males ao mundo ?

A regra básica deverá ser a de proporcionar a todos os interessados os meios de se expressarem, tendencialmente em igualdade de circunstâncias. Sonegar informação é uma forma de condicionar os "julgamentos na praça pública" tão eficaz como distribuir informação. Por isso a sonegação da informação só deverá acontecer quando estiverem em causa consequências muito graves. Só opiniões diferentes, múltiplas, contrastantes, em confronto, permitirão ao povo, que não é tão estúpido como alguns pensam, separar o trigo do joio.
Todas as tentativas para reduzir a pluralidade das opiniões expressas no espaço público (como por exemplo comprar estações de televisão para correr com vozes críticas) devem portanto ser repudiadas.
Aqueles que enchem o peito para invectivar os "julgamentos na praça pública", mesmo quando bem intencionados, não estão a defender nenhum elevado princípio mas apenas a tentar influenciar também a nossa opinião.

"Olhar as subculturas" em Cascais







A Fnac e Olhares.com lançaram um desafio: olhar, reflectir e captar em imagens o conceito de subcultura. Esta exposição é o resultado deste exercício, retratando várias formas de subcultura, sob o olhar de fotógrafos portugueses e brasileiros. Eu sou um deles, com duas fotografias do Carnaval de Lazarim em 2007.


Exposição "Olhar as subculturas", para ver na FNAC do Cascais Shopping de 17.01.2010 a 17.03.2010.

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sábado, fevereiro 06, 2010

O buraco e a fechadura

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O primeiro-ministro, José Sócrates, considerou hoje “absolutamente lamentável” o que apelidou de “jornalismo de buraco de fechadura”, baseado em “escutas telefónicas e conversas privadas” sem relevância criminal.
Público 06.02.2009
Há aqui um grande equívoco.
O que os cidadãos esperam do seu Primeiro Ministro, muito mais do que teorias sobre jornalismo ou teses jurídicas, é que formalmente esclareça:
1. Se os factos vindos a público têm ou não veracidade.
2. Em caso afirmativo porque entende que amigos seus, pessoas da sua confiança e altos quadros empresariais mantêm conversas de tal teor
3. Em suma, se realizou ou mandou realizar algum dos graves factos que se depreendem das escutas publicadas.
É que os cidadãos que nele votaram, e todos os que o têm que respeitar como Primeiro Ministro, não são membros da Entidade Reguladora da Comunicação Social nem entendidos nos formalismos processuais dos tribunais. Só precisam de perceber se o Primeiro Ministro continua a ser digno de confiança política, mais nada.
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sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Portugal - 0, Grécia - 0

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Hoje fui surpreendido por uma intervenção de Cavaco em que ele se permitiu invocar a sua condição de professor de economia para dar conselhos aos analistas internacionais. Dizia ele para observarem com mais cuidado pois acabariam por concluir que Portugal é muito diferente da Grécia.

Cavaco, tal como Sócrates, deviam perceber que este tipo de intervenções, que se vêm sucedendo, resultam bastante ridículas e de todo ineficazes.

Quanto a estarmos melhor ou pior do que a Grécia transcrevo um trecho do Público de hoje que me parece bastante deprimente.

A análise dos principais indicadores económicos dos dois países mostra duas realidades diferentes, mas com fragilidades preocupantes em ambas as economias. Quando se olha exclusivamente para a situação actual das finanças públicas, os números mostram, sem margem para dúvida, resultados melhores para Portugal do que para a Grécia. Os défices registados em 2009 até nem são muito diferentes, mas o valor dadívida pública acumulada é muito maior na Grécia onde já supera os 120 por cento do PIB. Em Portugal, esse indicador, mesmo com a forte subida dos últimos anos, ainda está próximo dos três quartos do PIB.
No entanto, as coisas ficam menos claras quando se analisam os indicadores que permitem antecipar o ritmo de crescimento futuro da economia, o que, por sua vez, pode influenciar decisivamente a evolução das contas públicas. Em primeiro lugar, Portugal como um todo, isto é, incluindo além do Estado, também as empresas e os particulares, está mais endividado do que a Grécia face ao estrangeiro.
Isto significa que, num cenário em que o custo do financiamento internacional se agrava, a economia portuguesa pode sofrer mais do que a grega. O economista Daniel Gros, num artigo publicado recentemente no Financial Times, alertava para esta questão e assinalava que, especialmente em comparação com a Espanha, Portugal e a Grécia se encontravam especialmente vulneráveis neste capítulo.

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"Made in China" ou "Comprado pela China"?

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Pequim, 04 Fev (Lusa) - A China continua a ser "a fábrica do mundo", mas nos últimos dois anos tornou-se também um grande investidor internacional, empenhado em diversificar as suas colossais reservas em divisas.
O último grande negócio noticiado em Pequim, no valor de 956 milhões de dólares (682 milhões de euros), diz respeito à compra de uma participação na empresa financeira britânica Apax Partners.
Como noutras operações idênticas, a aquisição é feita nome da CIC (China Investment Corporation), um fundo soberano criado em 2007 pelo governo chinês com um capital de 200 mil milhões de dólares (142 mil milhões de euros).
Aquele valor corresponde a 8,3 por cento das reservas da China em divisas, as maiores do mundo e que no final de 2009, somavam 2,4 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros).
Segundo também revelou hoje a imprensa oficial, a CIC está em conversações com o grupo italiano Enel SpA para comprar uma participação na Enel Green Power.
O sector da energia é, aliás, um dos que mais tem atraído a CIC.
Em novembro passado, o fundo chinês investiu 2,2 mil milhões de dólares (1,57 mil milhões de euros) na empresa norte-americana AES e um mês antes, na Rússia, comprara 45 por cento das ações da Nobel Oil Group por 300 milhões de dólares (214 milhões de euros).
Também no ano passado, a CIC comprou 17,2 por cento de uma grande empresa mineira canadiana, por 1.500 milhões de dólares (1.070 milhões de euros) e 11 por cento de uma companhia estatal do Kazaquistão.
(ler o resto do artigo aqui)
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quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Post apaziguador

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Àqueles portugueses que estão preocupados com os acontecimentos dos últimos dias, atormentados com a falta de perspectivas de futuro, eu digo: há quem tenha vencido desafios igualmente difíceis, situações igualmente caóticas e continuado em frente. Mantenhamos pois a serenidade.
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Os votos são a arma do povo

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os votos são a arma do povo

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quarta-feira, fevereiro 03, 2010

A partir de hoje nas bancas

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Saudamos o surgimento deste novo orgão de comunicação social que, a partir de hoje, vamos começar a encontrar nas bancas. Que tenha longa vida e contribua para enriquecer o pluralismo que caracteriza a nossa democracia.
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terça-feira, fevereiro 02, 2010

Invictus

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Uma grande lição do mestre Clint Eastwood. Desta vez não foi preciso inventar um grande homem pois ele já existia e chama-se Mandela (maravilhosamente replicado por Morgan Freeman).
Quem não se comover várias vezes durante este filme deverá estar socialmente morto.

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Metade estão lá para serem vistas

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DN- Como é que um português foi parar a bordo de um porta-aviões americano como enviado especial de um jornal espanhol no Haiti?
Eu nasci em São Sebastião da Pedreira, em Lisboa, o meu pai era o actor Rogério Paulo. Entrei no jornalismo em 1978, como fotógrafo no Diário de Lisboa. Fui correspondente de várias publicações em Cuba, estive na Venezuela, como correspondente para a América Latina do Independente. Agora vivo em Miami e trabalho para o El Mundo desde Outubro. No dia do sismo contactei o comando sul dos EUA e pedi para me levarem num voo. Eles deram-me hora e meia para estar numa base e o primeiro voo foi logo para o USS Carl Vinson.
DN- Não é a primeira vez que está no Haiti. O que é que mais o impressionou quando chegou ao terreno?
É a oitava vez que venho ao Haiti. Já vim por causa de furacões, de conflitos, mas desta vez o que mais me impressionou foi ver que os haitianos não perceberam que tinha acontecido um terramoto. As pessoas são pouco alfabetizadas e não perceberam que a terra podia ter tremido daquela forma. Levaram dias a perceber o que aconteceu. Estive no porta-aviões durante duas semanas mas ia sempre à cidade. Agora estou em Port-au-Prince. Devo regressar quarta ou quinta-feira. Mas penso voltar aqui dentro de dois ou três meses.
DN- Numa das suas peças citava fontes ocidentais que diziam temer uma espiral de violência. Há possibilidade de guerra civil?
Absolutamente. Há um medo de que isso venha a acontecer. Aqui não há trabalho, não há salários, não há impostos nem dinheiro. Mas há muita, muita fome. Então as pessoas vão viver de quê? Isto está a correr riscos de voltar a uma sociedade primitiva. Ainda há aqui muitos problemas. O que temo é que haja um pico da violência. Aqui há muita confusão. Metade das organizações não governamentais (ONG) não está aqui a fazer nada. Estão aqui para que as vejam, para que sejam vistas. O aeroporto está a abarrotar e já não tem capacidade.
DN- Encontrou aí jornalistas portugueses? Matou as saudades de cá?
Sim. Quando cheguei ao hotel onde fico sempre, fiquei surpreendido, pois estava cá o pessoal da SIC e da Visão. Eu não me considero nem um jornalista americano, nem um jornalista espanhol ou italiano - também faço coisas para o jornal La Repubblica. Eu sou jornalista português, tenho nacionalidade portuguesa e viajo sempre com o passaporte português. Se conseguisse trabalho, até regressava a Portugal, mas a última vez que voltei mandaram-se de volta outra vez para a América Latina (risos).

Entrevista de Rui Ferreira ao DN (02.02.2010)

Aqui está uma voz descomprometida e que não se resume aos lugares comuns e aos aproveitamentos da desgraça alheia que enchem os noticiários.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Grande salto em frente

Passámos de um governo em que se dava pontapés na incubadora para um governo que pensa que 200 euros, recebidos daqui a 18 anos, são uma espécie de incubadora. Grande salto em frente.
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Doença incurável na saúde ?

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Alguns títulos sobre saúde nos jornais de hoje:
Privados facturaram 700 milhões com saúde em 2009
O Curry Cabral 160 mil, mas tem mais 500 profissionais
"Há hemorragia de médicos para o sector privado"
Noites em claro para conseguir médico
Médicos têm dúvidas sobre registo electrónico

Em suma:
- o SNS que absorve uma parte substancial e cada vez maior do Orçamento do Estado, vê-se progressivamente abandonado por doentes e médicos que procuram outros níveis de resposta técnica e administrativa.
- a eficiência comparada entre unidades com actividade equivalente, o Hospital da Luz (privado) e o Curry Cabral, revela que este último tem mais 500 empregados do que o primeiro.
- a Ordem dos Médicos, em mais uma iniciativa corporativa, levanta obstáculos ao "registo de saúde electrónico" uma medida essencial para melhorar os cuidados de saúde e para evitar redundâncias e abusos no sistema de saúde proporcionando optimização dos recursos.
- os seguros de saúde proliferam e já são usados por milhões de portugueses que pagam esses seguros e os custos do SNS em acumulação. Alguma razão terão para o fazer.
- no fim de semana passado o Expresso continha um artigo intitulado "A conspiração das vacinas" sobre a polémica aquisição excedentária.

Só não vê quem não quer que a Saúde precisa de um enorme tratamento.



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