quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Momento decisivo

.


José Sócrates acusou o “Sol” de ter praticado um crime ao divulgar escutas no artigo publicado na sua última edição. Como reage a esta acusação?
Quer-se fazer crer que estas escutas não têm nada a ver com as que foram arquivadas pelo procurador-geral da República (PGR) e pelo presidente do Supremo Tribunal, invocando que o que foi arquivado foram as escutas do primeiro-ministro. Mas estas escutas estão exactamente no mesmo lote das do primeiro-ministro e fazem parte do lote de escutas arquivadas. Como vários advogados já sustentaram, não há recurso das decisões do presidente do Supremo. Assim sendo, esta parte do processo está arquivada definitivamente e não está sujeita a segredo de justiça.
Mas há quem defenda que há violação por estar a decorrer um processo.
Está-se a procurar, com artifícios legais, esconder a questão substancial. O que verdadeiramente está em causa é a decisão do PGR e do presidente do Supremo ao mandar arquivar estas escutas, porque os indícios, as suspeitas e os factos são tão fortes que só não vê quem não quer. Não pode tomar-se uma decisão de arquivar só porque sim. O despacho de arquivamento não está sustentado. O que está em causa é que a cúpula do aparelho de justiça tentou esconder e camuflar as escutas.
Essa ideia é baseada apenas nas escutas já publicadas pelo “Sol”?
Não só. Esta semana vamos continuar a publicar algumas coisas e vai ficar clara outra investida contra outro grupo de comunicação social, que também é indesmentível. Isto é uma grande operação. Para não falar do que aconteceu com o “Sol”, que foi alvo de chantagens e de tentativas de encerramento por parte do BCP, como foi anunciado em devido tempo.

E toda a gente assobia para o lado perante este tipo de acusações? Ou são falsas e Saraiva deve ser processado ou são verdadeiras e o PGR, pelo menos, tem que se demitir.
Não se pode tolerar por mais tempo esta indefinição sobre o que é legal e o que não é, sobre a independência das decisões do PGR, sobre a veracidade das suspeitas que impendem sobre Sócrates com base nas escutas.
Seja de que modo for, custe a quem custar, tem que haver uma instância neste país que dite uma sentença final. Chegámos a um daqueles momentos em que comtemporizar é a pior solução.
.

1 comentário:

Saudoso disse...

" ... uma sentença final ... " para quê? E se ela por acaso não agradar a alguém? E não haverá mais escutas por divulgar? Acima de tudo, que súbita falta de fé nos JPP!