sexta-feira, outubro 16, 2009

Mais uma análise dos resultados em Lisboa

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A ideia é comparar os resultados para a CML, no dia 11 de Outubro, com o resultado nas legislativas de 27 de Setembro no Concelho de Lisboa.
A primeira nota importante é que os 322.192 votantes de Setembro se reduziram para 280.310 passados 15 dias. Pode cojecturar-se que a realização simultânea das autárquicas e legislativas teria provavelmente evitado 41.882 abstenções na capital.
Mas estes números também nos dizem que os votantes para as autárquicas em Lisboa correspondem a 87% do votantes para as legislativas. Se partirmos do princípio que todos os partidos sofreram de forma idêntica com a debandada dos votantes é possível determinar qual seria a votação "normal" para cada partido.

O PS, por exemplo, teve nas legislativas 112.076 votos. Se calcularmos 87% desse valor chegamos à conclusão de que "normalmente" deveria ter tido para a CML 97.507. A verdade é que teve 123.372, portanto mais 25.865 do que seria "normal".
Aplicando a mesma lógica aos outros partidos podemos verificar o seu comportamento relativamente ao "normal":
O PCP perdeu 1.352 votos (partindo de 27.557)
O BE perdeu 14.709 votos (partindo de 31.613)
A direita (PSD+CDS) perdeu 4.737 votos (partindo de 130.107)
A esquerda (PS+PCP+BE) ganhou 9.804 votos (partindo de 171.246)

Visto deste ângulo conclui-se que houve um partido muito acima do espectável (PS) e um partido muito abaixo do espectável (BE). Os outros não se desviaram significativamente do resultado espectável à luz da muito maior abstenção.
Pode-se evidentemente especular sobre quem teria ganho Lisboa se em 11 de Outubro tivessem votado mais 41.882 lisboetas.
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14 comentários:

José Couto Nogueira disse...

Muito superficialmente, mas com alguma pertinência, pode deduzir-se que os votantes no Bloco são inconstantes, votam no Bloco como protesto, mas no caso das Autárquicas acharam que não tinham nada para protestar e tinham a sua cidade para defender da má administração santanista. Ou então acharam que o Bloco não tinha nenhum programa que se visse para a cidade, enquanto Costa tinha propostas interessantes ("fazer pequenas obras úteis em vez de grandes obras emblemáticas"). É apenas uma teoria, mas tem pernas para andar.

F. Penim Redondo disse...

Caro Couto Nogueira, Concordo com o seu comentário, o BE corre o risco da inconsistência enquanto se resumir a um saco de protestos e causas

Luís disse...

"Pode-se evidentemente especular sobre quem teria ganho Lisboa se em 11 de Outubro tivessem votado mais 41.882 lisboetas."

Obviamente que teria sempre ganho o PS. A campanha de assustamento teve sempre o fito de dar a maioria absoluta ao PS.

F. Penim Redondo disse...

Caro Luís,

não sei se a vitória do PS seria obtida naquelas circunstâncias.
Pode-se argumentar que os abstencionistas são maioritáriamente de direita.

Luis disse...

"Pode-se argumentar que os abstencionistas são maioritáriamente de direita."

E também se pode argumentar que a diferença na votação para a Câmara entre PS e PSD+PP é de 14.915 a favor do PS. Praticamente o número de votos que o BE perdeu (14.709).

Aliás, penso não ser por acaso que apareceram mais dúzia de supostas candidaturas "independentes" em meia dúzia de freguesias estrategicamente seleccionadas (Socorro, Lapa, São João de Brito, Santos-o-Velho, Santa Isabel e Pena). Não só permitiram que o PS tivesse a maioria em duas (Socorro e Pena), como lhe permitiram nestas seis freguesias concentrar mais votos na CM. Principalmente e concomitantemente sangrar a votação das restantes forças concorrentes.

Parece-me pois que o PS não desenvolveu apenas campanhas de assustamento a favor do “voto útil” e que jogou ainda na criação de “alternativas”, ditas “independentes” que o beneficiaram nessas AF e prejudicaram principalmente PSD+CDS e BE, mas que lhes permitiu concentrar votos na CM. Ao contrário da CDU e do PSD+PP que tiveram as suas melhores votações ao nível das AF, o PS teve-a para a CM com mais 21.642 votos.

E só por curiosidade, tivesse a CDU obtido para a CM a votação que teve para a AM e teria eleito o seu 2º vereador. Tivesse também o PSD obtido para a CM a votação que teve para as AF e teria igualmente eleito o seu 8º vereador.

Luis disse...

Fernando: No artigo do António Vitorino no DN de hoje, ele próprio lança alguma luz sobre o papel das "independentes": “Já à esquerda, o resultado autárquico veio recolocar o Bloco de Esquerda no final da escala partidária, sem afectar substancialmente os resultados do PS (designadamente nas grandes cidades de Lisboa, Porto e Setúbal, onde, nas legislativas, havia logrado obter apoios relevantes com base no voto de protesto) e sem beliscar o PCP, que, contudo, registou algumas perdas para o PS e para listas independentes.”

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Há muitas e variadas formas de fanatismo. Há uns que acreditam piamente nas virtudes de um partido e há outros que, por razões opostas, lhe têm um ódio fanático. São dois reversos da mesma medalha.
Um abraço
Jorge

Luis disse...

E o Jorge é dos que metem a cabeça na areia.

Luís Maia disse...

A oposição autárquica é muito difícil te visibilidade em qualquer autarquia mesmo em Lisboa. O BE teve 1 vereador porque tinha Sá Fernandes, pré-domesticado que na altura se disse ser um tipo que só atrapalhava o trânsito.

Alguém acredita que as pessoas votaram PS porque seguiram muito interessadas a leitura do seu programa para a cidade ?

O não votaram BE porque este não tinha propostas interessantes para a cidade. É que se fossem estes os critérios Santana tinha dado um bigode eleitoral ao Costa, equivalente ao que lhe deu no debate televisivo.

As pessoas que votaram BE ou CDU nas legislativas e transferiram o seu voto para apoiar o Costa, fizeram-no porque não gostam do Santana e tem más recordações das suas governações.

Estamos para ver como vai funcionar o programa Costa na cidade o tal das coisinhas pequeninas úteis, porque para grande basta o escândalo do negócio com a Mota-Engil, aquele o tal que se correr mal pagam os contribuintes.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Quem é o anónimo Sr. Luis para vir dizer que o Jorge mete a cabeça na areia. O Sr. que, se eu bem percebo, anda por todos os blogs a fazer uma clara propaganda da CDU e do PCP, tendo também ido ao meu deixar os comentários que Secção de Propaganda da Soeiro lhe deve encomendar. Tenha mais tento nas suas afirmações, que a conversa não lhe era dirigida, mas sim ao dono do blog, que ultimamente tem andado muito preocupado com o fanatismo dos outros.

F. Penim Redondo disse...

Caro Jorge,

não tinha percebido que o teu comentário me era dirigido pois a análise do post é meramente factual e não contém qualquer ataque ao BE.

Mas tens razão numa coisa. Realmente não gosto do Bloco e daquilo que ele representa, ou seja, o radicalismo inconsequente que tanto mal fez à Revolução de Abril.

Luis disse...

"O Sr. que, se eu bem percebo, anda por todos os blogs a fazer uma clara propaganda da CDU e do PCP, tendo também ido ao meu deixar os comentários que Secção de Propaganda da Soeiro lhe deve encomendar."

Ainda não ultrapassou a fase do anti-comunismo primário de considerar paus-mandados qualquer um que não casque na CDU e no PCP.

E igualmente ainda não saiu da fase narcisista ao querer obrigar - mesmo numa caixa públicas de comentários - que todos concordem com o que escreve.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Caro Fernando

Penso que já atacaste o Bloco por ser oportunista. Agora por ter um radicalismo inconsequente, tentando transpor para a actualidade o esquerdismo da revolução. Só por claro fanatismos é que não se compreende que o Bloco de hoje já nada tem a ver com os maoistas de outrora. Quem de facto regrediu e se transformou no MRRP da actualidade é de facto o PCP. Eu já o tentei demonstrar em textos longos, que publiquei no site da Renovação e não sei se também aqui.
Quanto a um Sr. que assina Luís se tivesse ao menos lido alguns dos meus textos saberia que estou muito longe se anti-comunista. Mais, mantenho a minha fidelidade ao comunismo e à herança revolucionária da Revolução de Outubro, ao contrário de muitos outros que já nem sabem o que isso é.
Não admito que o Sr., que não conheço de parte nenhuma, se permita dizer que eu enterro a cabeça na areia. Os seus textos profundamente sectários, que vai deixando, com a complacência dos autores dos blogs, nas caixas dos comentários destes, mais não são de pequenos dislates em defesa do PCP e da CDU. Já quando o Fernando tinha um fórum, onde se discutia política, havia uns peritos em aparecerem sempre a propósito e a despropósito, fazerem descarada propaganda partidária, que é aquela que o Sr. faz, sem assumir a responsabilidade de ter um blog e de assinar com nome que se perceba quem é. Estou farto de comentários anónimos e inconvenientes e já gastei cera a mais com tão ruim defunto. Por mim acabou aqui a conversa.

Luis disse...

O Jorge é dos tais que querem comer o pudim e ficar com ele.